O ONTEM DE AMANHÃ NÃO PODE SER OS PRETÉRITOS DO PORVIR# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
À minha Esposa e Companheira das Artes,
Graça Fontis, com muito amor e carinho.
Três anos de nossas vidas.
(Manoel Ferreira Neto)
Reversos in-versos re-vestidos de imagens dúbias
plen-ificadas de pers-pectivas a trans-cenderem o efêmero e o eterno, vazio
incidindo-se no espelho retros-pectivo do pretérito, intros-pectivo do amanhã,
o vir-a-ser.
Ad-versos re-versos re-performados de performances
ambíguas, cristalidades de oportunidades a contingenciarem os projetos e o
passageiro, com a náusea nas retinas faiscando as imagens do porvir, refletindo
o futuro e suas dialéticas e nonsenses, suas contradições e travessias.
Sei lá não sei. Quiçá de imagens re-versas aos
in-versos dúbios, re-vestindo pers-pectivas nad-ificadas do efêmero e do
eterno, o vazio trans-elevasse o pretérito incidindo no espelho a intro-specção
do vir-a-ser, o verbo nada-do-ser a-nunciasse o ab-soluto da esperança, o
divino da fé.
Conjuntura da vacuidade perpassando a alma, o seu
eidos, sarapalhando sentimentos e emoções, sapateando os ritmos e melodias das
utopias e sonhos, todas as dimensões sensíveis ao léu dos ventos, à mercê
dispersa do genesis e apocalipse, às sara-palhas do longínquo que se torna
próximo, presente, o próximo, presente tornando-se longínquo, esta dialéctica é
eterna, o leitmotiv da vida, dos sonhos e utopias.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração,
sem versos, sem estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas
esperanças todas na felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
Nada simplesmente. Sinuosas trilhas oferecem outras
experiências, vivências, outros encontros, outras realizações, inter-ditos que
des-velam segredos e mistérios, o olhar se estende livre pelo in-finito, a
falta do ser se mostra nítida e o sonho da compl-etude se mostra aberto às
dialécticas do tempo e do ser, contra-dicções do verbo e do tempo, nonsenses do
nada e o vento.
O melhor de todas as coisas é ter uma sensibilidade
à flor da pele. Mais difícil atingir a intenção-verdade que habita o ab-soluto
na sua iríada eidética do sublime e estético, o que é nadifica o ser, o que não
é efemeriza o tempo. Ventos assobiam no abismo, na in-audita avalanche de neve
percorrem os declives dos morros uivantes. Presença incólume, insofismável de
recursos e estratégias outras para o mergulho nos interstícios do absurdo que
reside na alma.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração,
sem versos, sem estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas
esperanças todas na felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós. De
nós, o Verso-Uno.
Os prazeres do questionamento são ilimitados, o
olhar de tudo o que trans-cende incidido na contingência do instante retina o
há-de-vir na borda das luzes que iluminam os passos nas trevas enigmáticas até
as travessias dos in-auditos às verdades do silêncio que identifica o
ser-solidão, o ser-só, o resto é andar no meio, por entre os homens. O nós do
ser: verdade e busca do amor...
Ah, coração! Recomece a sentir os raios numinosos
dos desejos no alvorecer das manhãs de inverno, o frio sempre aquece
sentimentos e emoções, a força do amor liberta o verão de suas seguranças, tem
poder de mover as montanhas - quê friozinho gostoso, a vida aquecida sem a
presença da lareira. Solidão, silêncio são inspirações, são motivos para
escrever os versos e estrofes do sublime. Pulse o orvalho do inverno no seu
íntimo, sinta o calor de entregar-se ao frio das contingências, passeando nas
alamedas de buscas, vontades.
Letras in-versas, palavras re-versas são pedras de
toque para mergulhos profundos nos interstícios das verdades inauditas, mesmo
que dores inomináveis se presentifiquem, mas o arco-íris da vida se mostrará
pleno, suas cores brilharão cintilantes.
Trilhei, coração, sendas e veredas, estradas, nada
me é agora das vivências, e este frio habitando-me os recônditos da alma aquece
o que há-de vir, as esperanças que trouxe desde a eternidade em mim só agora
sinto que é tempo de realizá-las com perfeição, apesar das imperfeições.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração,
sem versos, sem estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas
esperanças todas na felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
Se me questiona enfim estou amando, sou-me amor no
verbo de mim, agora vejo com transparência o horizonte além dos uni-versos, só
posso res-ponder-lhe que sim, o meu coração feito de sublimes inspirações está
aberto àquela eternidade das páginas brancas: "Vivi o para quê fui
vocacionado".
Mas amar apenas não significa coisa alguma, nada
diz, se não contemplar o in-fin-itivo in-finito da entrega plena à busca da
verdade do espírito, o eterno de ser.
Ser e amor, almas gêmeas, um feito para o outro.
Trilhei caminhos, fui revoltado, fui rebelde, fui carente, levantei a bandeira
dos orgulhos, vaidades, poder, um calor sem precedentes, o ontem de amanhã não
pode ser os pretéritos do porvir, hoje o frio, o friozinho delicioso de um amor
que aquece o ser de meus verbos.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração,
sem versos, sem estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas
esperanças todas na felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
O ontem de amanhã não pode ser os pretéritos do
porvir.
#riodejaneiro#, 28 de junho de 2019#
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