PASSO A PASSO NA FLORESTA NEGRA Manoel Ferreira Neto: DESENHO/GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Encontrei o
viver nestas veredas: nelas percorro as vias da essencial intimidade. Vou
auxiliando na elucidação de sensíveis ausências. Seremos uma síntese de
LIBERDADE e amor às investigações de viver. Um êxtase para a velhice e
decadência das dimensões conscientes e corporais é o ter vivido em busca da
terna e simples LIBERDADE.
A lúcida
configuração da astúcia de sentir o recôndito sítio da terna e meiga gentileza
encontra-se em mim ligada à força ministrada ao empenho de aprimorar os linces
do olhar. Amo com lucidez brilhe as resplandecentes delícias da
individualidade.
A lealdade
ao sentir o pleno do espírito, embora efêmero, efemeridade do passar, resistir,
amadurecer, crescer como labaredas de fogo, a presença do longínquo,
configura-se a mais sutil fidelidade aos sentimentos do coração. A ternura de
poder sentir calmo as ondas mais tempestuosas e delirantes do prazer alia-se a
uma forte atração pelo que há de mais humano no ser que, às vezes, perco a
distinção e polidez da percepção, alongo o discernimento e polidez da intuição.
Deliro com ardor e veemência às manifestações de êxtase: torno-me uma excitação
fulgurante, capaz de ir além da visão de ser homem. Devaneio guardar
consciência de meus poderes, e sem mistificação ou ritualismo voo, voo sobre
ondas esverdeando.
O olhar,
esta dimensão eterna e fugaz, faz-me penetrar nas expressões, tornando-me, às
vezes, intolerável aos próprios sentimentos. De tão efusivo e caloroso no
sentimento do mundo, às vezes, saio por completo de mim, indo habitar o cume de
alguma montanha ao longe, esperando assim ser mais que um humano. Lembra-me de
algo e logo sinto estar falseando a sensibilidade do momento presente, todas as
coisas são uma perfeita farsa, todos os sentimentos, a figura eminente da
falsidade, desembocando na pura hipocrisia, gritante a farsa que palpita nos
instintos, interesses obtusos.
Calor
indomável deixa entrever, através de sua fronte lúcida de expressões, esse
íntimo inesgotável. O humor eivado de malícia, espírito brilhante, cinismo muitas
vezes polido e ferino, expressos numa linguagem contorcida e concisa, paradoxal
e flexível, só são compreensíveis à maneira de pensar e de viver a atração
singular que emana da sede insaciável de LIBERDADE original. A verdade encontra
sua forte firmação, com virtudes no mínimo agressivas, quando nasce de por
baixo de um teto de telhas comuns: sente-se o frio exacerbado ou o calor
infernal.
Percorro as
íntimas sensibilidades da hipocrisia, suas divagações pelo pensamento de
soslaio, emoções de viés, sentimentos de lado, sensações às avessas; sou pleno
e absoluto "ser de algures." Alvoreço no cinismo: sou indivíduo em
perpétuo êxtase, uma individualidade em prazer de tudo. Tremo de delíquio em
diante da audição de um som de alegria e júbilo: saio pelas ruas, cantando e
dançando de prazer, assisto ao passo fúnebre dos homens. A alegria, misturada a
um tom de melancolia, ultrapassa os liames da imortalidade, destacando-se
frente ao perecível. Adoro com êxtase o cinismo de íntimas revelações
emocionais. Os liames da evidência de ser perpétua confusão de amor não aceitam
qualquer mágoa, ódio, ressentimento.
Retornando-me
do êxtase - esta capacidade de penetrar na essência singela da emoção - sou um
homem em silêncio perpétuo: o sentimento de eternidade necessita desfacelar-se
em mim. A excentricidade, ao buscar relacionadas as emoções, estabelecê-las e
firmá-las perenemente no outro, é a dificuldade de crer possa superar... De tão
sensível e emotivo sou, há momentos em que a alma, mergulhada no oceano de efusões,
pede um alívio: precisa recompor-se. A alma de sentir as profundidades
eloquentes do viver leva-me a sentir as nuanças do olhar, em cujo brilho busco
a percepção da verdade.
Venero com
dor e sofrimento à LIBERDADE contundente de humilhar os estilos de viver,
arranco as feridas ocultas, acaricio com a língua os lábios de prazer. Sou o
íngreme e hostil dos homens.
Necessitei
conhecer a solidão para saber de perto o que poderia ser o exílio, compreendi a
necessidade de mostrar o que sinto. A presença do exílio é tão dilacerante, só
encontro um modo de manifestação, grito: "Sou um sentimento, também
sinto". Perambulo pelas torrentes de lágrimas fáceis; recomponho o modo
sutil de ir percebendo as trevas dos homens, ir re-construindo em base disto o
estilo de viver, o viver em sua plenitude. Que confusão de coisas ao
crepúsculo: o tempo traz novo sentimento de memórias. Exílio que fixa no tempo
a multiplicidade toda que em mim reside.
Em presença,
sou um homem buscando a total revelação de seus sentimentos e me mostro tão
inteligente e perceptivo. A (...) é que sou egoísta e egocêntrico: sou uma
ferida a ejacular dores. O ser que amo não me deixou a possibilidade de
reverter o itinerário, sendo uma doação? guardou-a em seu íntimo: eu iria
sofrer em demasia. A LIBERDADE simplesmente se insufla.
A dor de
qualquer sentimento ofensivo desfruto-a com ironia frente ao destino, uma
defensiva dos ataques frente ao mundo, um amor danado pelo viver. Viver é tudo:
um homem qualquer não possuiria uma contribuição maior. Sinto ir deambular, com
alegria e profunda tristeza, pelas veredas das origens e gêneses de mim. A
maior tristeza é saber tão inteligente e culto com o mais sério exílio
perscrutando ao lado.
O adquirido
e vivido no quotidiano só a mim revelo, a palavra norteia os caminhos a serem
percorridos para a definição. Olhei nas costas do espelho e defini a
particularidade original? A racionalidade da defesa. Humano e generoso, um
espírito de emoções reais identifica a alegria e amizade.
O desejo do
perecível vem aglutinar-se à vontade de SER LIVRE e receber o gosto suave e
gentil da LIBERDADE.
A floresta
negra, de coqueiros de enorme altitude, percorro-a eu passo a passo com a
presença sempre gentil da percepção, intuição e consciência. A eternidade de um
momento de LIBERDADE e carícia significa um viver eterno. Acaricio com frescor
e delícia o íntimo do prazer de ser homem. O homem, esta absoluta lucidez de
ser emoções em processo de ejaculação, alcança as antípodas serenas da
meditação.
Medito o
itinerário de viver na retaliação da nostalgia, deslindamento da melancolia.
Talvez este
ser caminhe para a sua essência e eu talvez para a intimidade, no fundo, somos
a mesma face da moeda em duas perspectivas. O sublime e dócil estilo de buscar
a superação do perdido é na palavra onde mostro a língua.
Se a palavra
é mesmo a colocação do ser em seu nível de individualidade, mostre eu a face da
busca.
#riodejaneiro#,
11 de junho de 2019#
Comentários
Postar um comentário