SÓ A MIM MESMO POSSO GERAR# -GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: PO-EMA SOCRÁTICO DO VAZIO E NADA.
Não sou as coisas. Habitam em mim palavras desejando sentidos,
significados, semânticas, linguísticas, desejando a fala, a voz é de taquara
rachada, mas é evidente no que diz, irritada, impaciente, mas foram comprimidas
há alguns anos, perderam-se, querem ruminar, seja-lhes permitido ao menos isto.
À guisa de tapinhas no rosto, atitude de inestimável amizade, a zombaria
que vivem estes doutos em restaurantes, bistrôs, que visam estes homens, são a
estupidez e imbeciloidia que projectam ao além, ajoelham-se diante da Bandeira
Nacional, diante da Cruz do Redentor, Cristo Redentor, ruminam a todos os
hemisférios os caminhos para a realização dos desejos, vontades, etiquetas de
"salauds", procuram tudo entender à luz do nonsense, despautério, a
pretexto de mangofarem a erudição, o fanatismo, a irrepreensibilidade, a
pernosticidade, consagram todas as forças para os nonsenses,
"lassez-faire", abalam, dissolvem tudo o que poderia ser pedra
angular, o cajado do peregrino de uma existência à busca da consciência.
Disse-o à guisa de tapinhas no rosto, mas e se a perspectiva de olhar,
observar, contemplar noutra dimensão fosse a antítese da inestimável amizade, e
fosse uma dose de ácido crítico a ser degustado de orelhas em pé, amando de
paixão tanto os floreios, ornamentações, arrebiques, no terraço do Rei Leproso,
nos templos de Java, com suas grandes escadarias quebradas, apaixonando-se
de/por "amor-refletem-se um instante em meus olhos", caio-me na
gargalhada, sem sequer ter noção do motivo, quiçá com estes símbolos afastasse
a condescendência, à sirga das ironias e sarcasmos, às mangofas os ácidos
críticos irrepreensíveis, e com isto esclarecer que o verbo da
consciência-estética se conjuga com os projectos realizados, o verbo dos sonhos
e utopias se conjuga com as ideias e ideais em sincronia, sintonia, harmonia
com as atitudes, Palavra e Atitude. As nuanças de brilhos e cintilâncias do
há-de verbar mazelas e pitis nas bordas dos tapetes, cujos símbolos e signos
são o entre-laçamento de outros fios de subjuntiv-itudes do eterno que riscam o
étereo do espelho com o diamante ilustrativo das brumas que habitam as
prefundas dos mistérios e enigmas, são eles o húmus da pétala seca da rosa
negra, que exala o perfume das eter-itudes.
Não sei se sou in-inteligível ou se assim fiz a mim para sentir a
visão-{desta}-imagem da in-inteligência se me a-nuncia distante longínqua,
ver-me e sentindo-me sendo, sentindo-de-imagem a mim sendo, quiçá uma peça de
pintura ilustrasse este sentimento-e-emoção do eterno da etern-idade.
Senão neste estilo e moldura, o que confere ênfase de valor inestimável
para a de-monstração do engenho e arte contemporâneos, a boca mordendo, os
voluptuosos lábios apenas entreabertos, a língua matracando, não existem mais
letras repetidas nalgumas palavras, a servir de exemplo, "accepção",
escreve-se "acepção", não há quaisquer razões viáveis para repetir as
coisas, nas primeiras não foram dados os floreios, nas segundas engenham-se
todos, e quando a repetição tem por objetivo a mudança de paradigma, antigamente
não existia metralhadora hoje existe, antes significava uma coisa, agora
significa outra, assim podendo reparar a trajetória, itinerário do nonsense,
nonsense admirare, causando-lhes exultação com o espetáculo de vazios, aquela
questão primorosa: "Devagar é que se chega lá", assim dizem e tem a
atitude de viver os mineiros, por conseguinte, para que a repetição para
engenhar e engendrar, tudo falou da primeira dita, deixara o que não pensar, o
que não dar crédito, o que menosprezar e negligenciar, a libertinagem em
movimento, para que se apressar para chegar ao nonsense admirare, devagar lega
o prazer do sabor, cumpre curtir com todas as dimensões, volúpia, êxtase,
exultação, saber-lhes o gosto, uma cena de dementes.
O homem que surge é o in-verso do que a zombaria, se se quiser, mangofa
ou escárnio, o re-vela, não é um homem destroçado, vagabundeando na praia, na
serrania mineira, o antigo marca seus traços funerários; ouvindo o trinar de um
pássaro que me inspira a solicitar do que trans-cende o além o forclusivo ritmo
da etern-itude e no de-curso e per-curso do dia alumbro os nadas e vazios à luz
interstícia e inter-dita do sublime, crio e re-crio imagens e faces do
vir-a-ser, só a mim mesmo posso gerar, enxergando através da escuridão, conseguindo
ver, observar, con-templar o que os outros não o fazem. Mistério. Inteligência.
Sabedoria.
Quiçá, ao que se diz respeito à repetição, floreando ainda mais para a
de-monstração irrepreensível da autovaloração, aquela estorieta de monsenhores
e o burgo, as melancias no pescoço, "só eu posso", tornando uma breve
leitura da "cena de dementes" que o mundo, desde as eternidades, é
demente, é preciso engenho para conjugar os verbos, só a mim mesmo posso
gerar(este deve ser um verbo defectivo, pois, se conjugado na primeira pessoa,
soa muito mal nos ouvidos?, às vezes o que soa mal aos ouvidos é o que está
correcto, o que soa bem, havendo até musicalidade, está terminamente errado:
"eu gero", venhamos e convenhamos ao ouvir "eu me gero",
que belíssimo cacófato, "me gero", não lembra megero, kkkkkk, não
existe a primeira pessoa(?), é a partir da segunda "... tu geres", e
assim não se pode estabelecer a alteridade da autocrítica, re-crio-a,
re-invento-a).
#RIODEJANEIRO#, 26 DE SETEMBRO DE 2018)
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