#SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS# - GRAÇA FONTIS: FOTOGRAÇA FONTIS/Manoel Ferreira Neto: POEMA PROSAICO
Post-Scriptum:
Dedico de coração e espírito à Esposa e Companheira das Artes, Graça
Fontis, esse poema que nasceu da última estrofe de "ABSTRATO CEGO
SENTIDO", de sua autoria.
Da alma nos instantes de desolação e tristezas,
Ao escapar-me de olhares vários ou do pavor
Contido de mistérios, quiçá apenas apetrechos simbólicos
Ou aleijões desenhados pela visão distorcida dos fatos,
Análises adulteradas das situações e circunstâncias,
Interpretações ideológicas dos sonhos e utopias,
Quando muito registro mal feito da realidade,
Espesso véu a encobrir o rosto pasmo de medo,
Medo in-inteligível de ilusões fáceis de alumbrar
Medo in-explicável de certezas que anestesiam as dúvidas,
Que angustiam, desesperam, entristecem,
Medo in-audito do jamais à soleira da eternidade.
Augustas metáforas de semânticas alucinações
do re-verso do avesso,
do ad-verso ao re-verso,
do in-verso ao contra-senso,
sensibilizando de almas do finito uni-verso
salpicado e sarapalhado de nonadas liquefeitas,
de absolut-itudes os terstícios do perene abc,
de eter-itudes as concupiscências do mortal xyz,
dos confins re-vestidos das pers pectivas
que pré cedem quaisquer alusões do divino,
in-sinuações do quase afrodisíaco paraíso celestial,
re-festalam-se suaves nos abissais "in" do que jamais,
no never,
no more
irá esplender brilhos ao longo
sem ad-jacências das arribas.
Bailado manso de fogo místico, consumindo velas.
Paro alguns instantes para respirar, apalpar-me, convocar as idéias
dispersas, in-vocar as sensações dissipadas ao léu das a-nunciações de outras
expectativas da liberdade abrindo os abraços às utopias, reaver-me alfim no
meio de tantas sensações profundas e contra-dictórias. As profundidades com que
con-sinto são as do mar e do abismo, quaisquer outras abomino de pés juntos,
então idéias, pensamentos, sonhos, utopias profundos deixam-me com os nervos à
flor da pele, nada dizem, nada expressam - o que a imaginação fértil não é
capaz!
Sons estrídulos,
Acordes, ritmos, melodias,
Sintonia, harmonia, sincronia,
Perpassando as perquirições do tempo,
Sons de ondas marítimas
Molhando as pedras que circulam o porto
Impossível dos pórticos,
Sensações, o espírito esvoaça nas nuvens brancas e azuis
Em ziguezague, aí sim sentimentos e emoções entrelaçam-se
Nos sonhos de ideais que id-entifiquem a luz da verdade,
Nos pesadelos de idéias e pensamentos que mostrem
Absurdos, nonsenses do eterno intrínseco às nonadas,
Onde a travessia se re-veste de fantasias e esperanças,
A alma sente-se em chamas, ascendendo dúvidas e incertezas que lhe tocam
suave e sereno...
Agora, no que tange às contra-dicções sinto-me por elas com eminência
seduzido, vocifero impropérios ao mundo e à vida, amaria ser a contra-dicção
plena, absoluta, e só vivo miríades dela, o nonsense em sua dimensão superior,
e só crio-lhes para brincar ao não-ser que bolina as facticidades de existir
para aguçar as dimensões do ego, ai carente e solitário, justifica a
brincadeira, jogo de xadrez, que piada o rei ser vencido por um peão.
Gasto duas mortais horas em vaguear
pelas ruas mais excêntricas e desertas,
onde seja difícil dar comigo,
onde seja hermético sentir-me,
pensar-me, elucubrar-me, perquirir-me;
Vou mastigando o meu desespero
por ser só meio contra-dictório,
com uma espécie de gula mórbida,
evoco os dias, as horas,
os instantes de devaneio, delírio,
e ora me comprazo em crer que sejam
divinamente eternos,
a própria eternidade se surpreende,
que tudo isto é um pesadelo,
ora tripudiando comigo próprio,
procuro,
tento rejeitá-los de mim como um fardo inútil;
que é a luz que se incide na memória e repousa
para luzir noutro tempo, tempo de re-pensar,
pensar o havido, conscientizar-me das responsabilidades,
erros, enganos, teimosias,
preparar a existência para se identificar noutro tempo,
sentir e pensar as mudanças, transformações,
ver a alegria de ser outro em mim,
a memória é a cintilância da luz que se re-vela,
com ela a possibilidade de outros ideais...
Grande futuro! - digo-o a meia voz, sorrindo de escárnio. A língua é que
tergi-versou o que a mente dizia, e ela dizia "Grande eternidade". A
razão por haver agido de má fé não me é dada; minha mente é hilária, adora
fazer os seus jogos comigo, creio sua intenção sine qua non seja mostrar-me o
zero de minhas percepções das coisas, com isto superestima-se, vangloria-se,
sua utopia ipsis aeternum, uma tentativa de garatujar o inominável, seja
dizer-me, inda que por imagens flanando ao vento. Grande futuro?
O dia é entardecido, olho o horizonte misterioso e vago. Quiçá
arqueólogo, literato, engenheiro civil, político, filósofo, empresário(modo
fácil de ficar bilionário sem quaisquer esforços), papa - papa que fosse -, uma
vez que fosse uma ocupação de grande estilo, uma posição superior. Lá me iria
às fadigas e às glórias, às exaustões e aos sucessos; deixaria as donzelas com
as calcinhas da primeira idade, e os donzelos com as ceroulas da juventude.
Na universidade, era acadêmico vulgar, medíocre, petulante, dado às
aventuras surrealistas, romantismo prático, liberalismo teórico, dialético da
existência dialética. Prolongaria a universidade pela vida adiante...
A miséria me calejara a alma,
tirou-me aquela sensação de sarjeta.
Nada peço senão a cesta básica,
os dois quilos de bisteca de porco,
leite para tomar o coquetel de remédios,
biscoitos, miojo,
ainda tenho de esperar dois, três dias
para recebê-lo.
Era domingo, esperava desde sexta-feira, estava com muita fome. Visitei
um amigo, convidou-me a almoçar com a esposa. Comi tanto que passei mal, fiquei
deitado no sofá da sala de visitas até melhorar. Sendo verdadeiro: disse-lhe
assim que entrei na sala de visitas, fechando ele a porta de entrada, estava
com fome, esperava receber o pedido fizera a alguém, fizera-o na quinta-feira,
e não cumprira sua palavra. Sabia ele das dificuldades e sofrimentos estava
vivendo, mas não me entregasse, outra vida nasceria deste momento. O importante
era a sinceridade com a vida, isto havia observado e confirmado através de
situações, era sincero com tudo. No outro dia, pela manhã, encheu-me a dispensa
por duas semanas. Os pedidos só chegaram na quarta-feira. Até quando aquela
miséria? Não me cuidasse, entraria em depressão profunda...
É noite... Acho-me recostado ao parapeito da ponte do córrego Santo
Antônio a poucos metros de meu casebre... Pergunto-me a razão de não deixar
tudo para trás e seguir uma estrada qualquer, continuar andando sem jamais
interromper os passos, só parando à porta de casas para pedir restos de comida.
Por sempre enchi os pulmões e gritei a coragem que me habitava. E sou um
medroso. Eis a suprema contra-dicção que vivo a todo momento.
Almas penadas jurisdiciam
Os pretéritos imperfeitos
In totum inspiradas nas cláusulas permissivas
Para vagarem no mundo contingente
Conquistando outros adeptos a compartilharem
A essência demoníaca da eternidade.
Absolutos absurdos artificiados de nonadas
Compulsivas do não-ser que,
Anestesiado das profundezas do abismo,
Voluteiam baldias esperanças do perpétuo efêmero, Vilipediando os
contrastes, contradições, dialéticas do Nonsense e virtude das ipseidades,
Iluminando as trevas do arco-íris com os raios
Medievos do nada que perpassa séculos e milênios Esplendendo avessos
re-versos da insolência
Meiga do além,
Orgulhos da raça e laia das peren-itudes.
Aquém de pontes partidas ao léu das longitudes.
Aquém de travessias aquém da rede no vai-e-vem de Contingências e
trans-cendências,
No amanhecer a neblina cobre a superfície do buraco eterno De ilimites,
as sorrelfas bailam alegres e saltitantes
Ao ritmo e melodia da prévia modéstia doo medo do sem-fim, Do sem-peren-itudes.
Na verdade, na verdade falácias inter-ditas do tempo conspurcam de
idoneidades do ser verbo dos sonhos a entre-linha semântica e linguística do
entardecer de crepúsculos iluminados.
(#RIODEJANEIRO#, 10 DE SETEMBRO DE 2018)
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