MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO RESPONDE AO POEMA #TERRA PIRATA#, DE Graça Fontis
Por vezes, torna-se hermético descrever um instante na vida, sem
in-correr no lero-lero das reclamações, mania de vítima, choradeiras ridículas,
sem qualquer objetivo, projecto, apenas lenga-lenga.
Este instante está revelado, em suas origens, com suas verdades,
seguindo a linguagem e estilo que me são peculiares.
Há acontecimentos que trazem em seu bojo imensuráveis horizontes, só
vivê-lo com dignidade e honra.
O poema de sua autoria, amada Esposa e Companheira das Artes, Graça
Fontis em resposta à homenagem a si realizada, traz em sua algibeira a sua
sensibilidade de sentimentos e interpretação. As palavras são, neste instante,
o "refúgio revestido da couraça da obstinação...", o jamais
entregar-se, desistir, fugir, sim criar superações, horizontes, uni-versos.
Perfeitamente verdadeira a interpretação: a obstinação em encontrar saída,
outra realidade, o que chamo de "colocar a liberdade em questão".
Nada é perpétuo, tudo é efêmero.
No instante em que SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS fora escrito era plena
madrugada, encontrava-me encarcerado na solidão, todos os olhos interiores
voltados para mim, olhos da tristeza, olhos da censura, olhos da repressão, das
angústias, enfim o mundo aos olhos de mim, mas a obstinação presente da saída,
da superação, saída daquela TERRA PIRATA em que tudo acontecia, eu próprio: os
sonhos haveriam de concretizar.
E na "plasticidade omnisciente/Do real caminho por muitos outros
trilhado..." a liberdade real, a verdade da liberdade, outros caminhos se
abriram, horizontes presentificaram-se, tornou-se um instante do passado.
Merecedor de méritos é o fato de que não interfiro um só dedo nas suas
análises e interpretações de minha obra, não dou qualquer palpite, e nem
comento sobre o tempo de criação de cada obra, e você retira-lhe o húmus, A
LIBERDADE EM QUESTÃO.
Sinceros cumprimentos por sua linguagem e estilo, que já são peculiares,
autênticos, poetizando SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS.
Beijos no coração sempre, meu Amor!
Manoel Ferreira Neto
#TERRA PIRATA#
GRAÇA FONTIS: POEMA
Dedico ao meu esposo e companheiro das artes, Manoel Ferreira Neto.
Ao silêncio declaro uma nação.
Meu corpo entregue à tensão impressa da voz
Ao silenciar a tirania
Dos ruídos inquisidores
Quando a imaginação imprime meus gestos no ar
Movimentam as minhas emoções em provocação
A repressão camuflada
Na plasmação das nuvens
E dúvidas infinitas
Que roubam qualquer direção
No domínio que arde
Expondo chagas
Incendiando o incompreensível consciente
Na plasticidade omnisciente
Do real caminho por muitos outros trilhado
Que concede prazeres
E dor em profundidade
Aos indecifráveis enigmas
Vezes ignorados, outras eclipsados
Às angústias ancestrais
Na transfiguração humana
E é nesta terra pirata
Nas aventureiras palavras
Que minha linguagem busca refúgio
Revestido de couraça da obstinação
Que resista à taça de fel inerte no tempo
Aquando cristais sonoros ecoam
Ágidos brilhos da constelação oculta
Além partida
Iluminando a nebulosa madrugada
E brancos desejos de um vulto acorrentado
Encarcerado na solidão da noite
Em que olhos macabros
Nesta região abstrata
Sondam e querem devorar
O que? Meus sonhos!
Até quando?
Graça Fontis
(#RIODEJANEIRO#, 11 DE SETEMBRO DE 2018)
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