CRIATIVIDADE LITERÁRIA-FILOSÓFICA-POÉTICA DA INDAGAÇÃO DO SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: POÉTICA PROSAICA ESTÉTICA
Epígrafe:
"E as letras voltaram após um dia de exílio..."(Manoel
Ferreira Neto)
Distância... Longitude... Longev-itudes
Itudes... itudes... itudes...
Comungadas.
Entrelaçadas.
Sintetizadas.
A luz do sol por entre os vazios das árvores... e não ser mais que a luz
do sol por entre as árvores do vazio, dos lotes vagos, dos terrenos baldios.
Oh, Palavras! Oh, Palavras
Por que intimamente suspiram
As fibras de minh´alma,
Interstícios do ser
Inda mais aquando
Assiduamente e de muitos modos,
Estilos pronunciava apenas com os lábios
E lia em muitos compêndios e livros
As iguarias, quitandas que se me
Apresentavam a mim,
Faminto de graça, sedento de saber,
Obras vossas,
Nunca vós mesmas.
A manhã esfria no longínquo da planície, a neblina cobre todas as
montanhas, a neve ensimesma as indagações do verbo, os questionamentos do
sujeito, do Eu, os pensamentos vagueiam no etéreo. E sinto o não-sentido
entrado, o não-ouvido auscultado, a índole inclinada à virtude, o
não-con-templado intuído. Uma borboleta que se assenta na folha de trepadeira.
E as letras voltaram após um dia de exílio... E as vinte e cinco
sentadas à orla do mar contemplaram o crepúsculo, as ondas, foram para meditar
e refletir, pensaram que a “coisa que pensa” é aquilo que duvida, que concebe,
que afirma, que nega, que quer, que não quer, que imagina também e que sente.
Nadas nonadas ensimesmadas de surpresas e tristezas por não haverem
saídas, aquando de ausência de inspiração, a superficialidade se
pres-ent-ificando, as tolices se apresentando pomposas e luxuosas... Homens
admitem qualquer coisa menos a morte... Tão grande é a tolice dos homens que
até da tolice se vangloriam... mas as letras preferem os fundilhos do abismo,
se nada expressam ou dizem, se sensibilizam apenas os atoleimados, con-sentem
limar a linguagem, segundo o "eu" de mim e nunca segundo quem sou,
alvo de minhas afeições, o "quem sou", saborear os prazeres do
conhecimento imortal. O “eu” difere o pensar de outros fenômenos que ocorrem
nele.
Ainda pela madrugada, após terem escrito sobre aquilo de pensar a coisa
que pensa na orla, contemplando a corrente que entra mar adentro, as coisas que
percebem, as letras de que se serviram para se comporem e se significarem,
revelarem-se e esconderem-se, acordaram com um vozerio alto sem limites e
precedentes, pensando até que isto de ouvir vozes no interior de si transcendeu
a tudo neste mundo, e só tem de registrar-se, ouvem-lhes a todas as vozes,
pensando consigo próprias que estão sendo neste instante uma prévia do
alvorecer, um indício da primeva luz do dia, e ouve-as para previar no sonho
que vir-a-ser as sombras-luzes que se pres-ent-ificarão ao longo das
circunstâncias e situações, das quimeras e dos verbos.
#RIODEJANEIRO#, 17 DE SETEMBRO DE 2018)
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