#AFORISMO 785/ CÂNTICOS PROMÍSCUOS DAS ALVISSAREIRAS FORÇAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
SENDEIROS, em sendo de luzes as
sendas sinuosas. que per-vagam solitários, perambulam silenciosos, sonhando
sentimentos e emoções, tecendo de ideais do simples em fontes efêmeras de
travessias de nonadas às esperanças do nada os próximos passos para a verdade.
Ínfimos pensamentos de-cursam
trajetórias para a caminhada ao longo do tempo de carências da verdade, a
liberdade em questão, desejos, vontades, solidão, silêncio, olhar perdido no
horizonte, sentimentos, emoções, o vazio pleno e absoluto entre esperanças e
sonhos, uma pequena frase perdida na memória: "Só pedi um tempo a
você..."
Herege das virtudes idôneas dos
princípios espirituais, re-colhendo e a-colhendo as múltiplas feições,
semblantes, fisionomias do devir dialético da cor-agem de proscrever os idílios
do inferno da metafísica, do medo de prescrever no epitáfio do eterno a
efemeridade da con-tingência, a fugacidade da indigência, a perecidade do
estar-sendo, a niilização do espírito, escrevendo em prosa o redemoinho de
ventos contrários, arabescos em torno do elemento essencial - inatingível,
gerando o catavento das quimeras às avessas nos raios de sol que incidem na
soleira da caverna epistolar dos cânticos promíscuos das alvissareiras forças
que invadem de cinzas os ossos...
SENDEIROS, tecendo de metáforas
a carne perecível do apocalipse genético, apologético de Chronos, versos,
re-versos, in-versos ad-jacentes do Cosmos, nos tabernáculos de efígies do
espírito, a morte do Ser, concepção, geração, luz da intuição do outro
vivencial, vivenciário, con-tingencial, con-tingenciário, de alegrias breves,
felicidades do ser-[de]-nadas desembocando em rios que cataratam além das
pontes partidas da vida e morte.
Cruel ec-sistir em tempo
filaucioso, injusto padecer banimento, expulsão, exílio, cólicas pequenitas
quotidianas, oh, fim parnasiano, início da era difícil, a burguesia apodrece, a
fé fedentina - oferecer-vos alta mercancia
estelar e sofrer vossa irrisão? Bon voyage no caos, na peste, na náusea,
no espasmo. Palavras de muita presença e forma embalsamadas ecs-plodindo na
alva futuras verdades ainda sangrentass. A eternidade alfim expelida, estamos
todos presentes, trombeta de juízo final, felizes, calados, completos.
Quiçá verbos outros sejam
criados para conjugarem novos idílios que se tornarão fantasias, novas
sorrelfas que se tornarão ilusões, novas quimeras que se tornarão sonhos, novos
questionamentos que se tornarão querências de respostas, hoje nada mais, plena
vacuidade, a andança sem fim, só a poeira como certeza da estrada, só a água do
rio passando de por baixo da ponte, só a coruja cantando na madrugada, pousada
no galho de árvore. E na memória da pequena frase perdida outra frase surge:
"Eis o que fiz do tempo que me pedira!"
SENDEIROS, em sendo de sidos as
trevas, mistérios, enigmas, sombras, brumas, deambulam, perambulam, percorrem
as alamedas inóspitas e íngremes, silenciando a altissonância das vozes que
proferem as sílabas e letras, ipsis litteris, adentro a solidão que perpassa a
vida, remendando passadiços nos conformes e devidos elevados do ser em sido, do
tempo em templado, de tábuas evangélicas e crentes de dogmas de papados eternos
de vaticanas esperanças da pobreza, miséria, ingência, del-igência do amor
espiritual do divino sonho da plen-itude...
Talvez esteja em absoluto
equivocado, mas o futuro é o porvir, o vir-a-ser, não acontecido do nada,
continuidade do efêmero tecendo o eterno, o nada crocheteando o tudo, o
desencontro costurando os sonhos do verbo amar, o não-ser versejando a alma do
ser, as nonadas alivanhando as travessias do coração com sede de palavras... A
pequena frase reluz na memória: "Mas só pedi um tempo a você..."
O tempo de amanhã para os olhos
de hoje: a pinguela, o mata-burros, a ponte partida, o beco sem saída, o túmulo
aberto sem o cadáver para nele depositar, a palavra sem quaisquer sentidos.
Nada de poesia evocando a beleza, nada de versos sonhando o absoluto, nada de
prosa literária inspirando a consciência do instante-limite, nada de filosofia
despertando a liberdade para o ser, nada de crítica para esclarecer e
fundamentar as razões de o Ser haver sido perdido nos anais da história.
SENDEIROS, Sendeiros! Paraíso
celestial - ser não é mostrar-se, mostrar-se não é ser. Volúpias, êxtases,
gozos, clímaces, do nada, trans-elevando a nonada, do inaudito, trans-crevendo
a travessia da nonada às con-tingências de sofrimentos, dores...
BLUES OF DISPAIR...
(**RIO DE JANEIRO**, 24 DE MAIO
DE 2018)
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