ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA CRITICA LITERÁRIA E POETISA ANALISA E INTERPRETA A #ESTÉTICA NIETZSCHEANA" DO AFORISMO 791 /**E O SILÊNCIO BEBIA INTER-DITOS E MISTÉRIOS DO VENTO**/
Neste
aforismo E O SILÊNCIO BEBIA INTER-DITOS E MISTÉRIOS DO VENTO, de Manoel
Ferreira Neto, poderia ser analisado por mais que uma perspectiva, como por
exemplo a religião teve sempre influência no ser, e no ser e estar.
Mas
inclino-me mais para uma análise na perspectiva de Nietzsche. Onde abrangerá a
arte, filosofia, Dioniso, ansia do poder, físico, êxtase, hodiernidade,
compasso, gozo e género
Dir-se-á
que averiguará a ligação entre arte e filosofia no espírito de Nietzsche, que
não elege uma beleza constante, apesar de a arte desempenhar um papel
fundamental na empreitada que imputa à filosofia. A investigação dos textos
insólitos hodiernos do Aparecimento da Tragédia e a transfiguração de Dioniso
em divindade-filósofa auxiliarão para elucidar a transição do proveito pelo
sector da “ciência estética” para o da filosofia. Defender-se-á que a pressão
entre os componentes antagónicos apolíneos e dionisíaco é o protótipo que se
conserva ao longo de todo a sua mente, e que ela comporta variantes nocionais
expressas nas interpretações de “plástico” e “musical”, “força plástica” e
“intenção de domínio. Através desta fonte, Nietzsche cogita a conexão da
filosofia com o dialecto e com a erudição, e do filósofo com a sua era. A
investigação da ideia de “derrotismo carnavalesco” possibilitará entender que
Nietzsche sugere um saber trágico e conjuntamente afirmador, que propõe-se vencer
o derrotismo e o niilismo hodiernos. O reconhecimento da filosofia com a “arte
da transformação” ou “esperta sabedoria” desvendará que Nietzsche tem em
entendimento uma reforma da filosofia, que a exonera da sua espécie abstracta e
envolve uma reavaliação da extensão sensitiva. A alegação de que a arte, em
particular a melodia, colabora indubitavelmente para uma restituição dos
sentidos, impulsionando uma ampliação do modo de sentir e de meditar,
levar-nos-á a atestar que a intelecção da existência como querer de domínio é
uma proposição de ampliação das elucidações doutas do mundo fundamentado num
requinte dos sentidos.
Leva
a pensar o mundo como sistema de uma pluralidade de ligações amorosas,
Nietzsche demanda deliberar a união entre afecto e inteligência, declinando as
superstições dualísticas da filosofia usual e os conceitos de sujeito e desejo
independente apoiados na fantasia coerente da unidade elementar e atómica.
Óbice a ela sugere uma “fisiopsicologia” para meditar um entrançado entre o
mental e o físico, que provoca uma clareza espontânea e um intercurso de
seriação não oral. Esta última consegue o seu auge de reforço na ostentação
beleza em que o artista concebe obras de arte.
Nietzsche
denomina esta circunstância como “inebriamento”, uma circunstância em que a
existência se fortalece de tal maneira que extravasa e concebe novas aparências
de si mesmo. O inebriamento é anseio de existência, e o artista origina-a no
apreciar através das obras que cria. Averiguara-se ainda a crítica de Nietzsche
à tendencial “intelectualização dos sentidos” na arte hodierna e o modo como
esta beneficia a decadência das inspirações e enfraquece a ligação com o
universo e o desejo de habitar. Wagner converte-se um alvo elevado das suas
análises e apoia que na ideia de compasso se centralizam as inquietações de
Nietzsche com a correspondência entre a arte e a existência. Do mesmo modo,
protege-se que nas ideias de gozo e género se define o que acerca e o que
diferencia um filósofo de um artífice.
E
como afirma o escritor Manoel Ferreira Neto, e a história que não expira mais
ainda insiste imperfeita ecoando nos poros da alma, ressoando nos secretos das
incertezas,
Dubiedades,
trevas, a quimera do esplendor dos verbos de ser.
E
continua o enigma….Esperança? Haverá…? Não creio…continuará todo o mundo a
comer-se uns aos outros como; o rio ingeria o bosque e o bosque ingeria o
rio...
Certa
ou errada é a possível leitura que faço do que leio nas entrelinhas deste
intrincado texto, como o habitual do escritor…há que ler as entrelinhas e não
propriamente o que se lê… a interpretação é bem diferente e árdua.
Ana
Júlia Machado
#AFORISMO
791/
E
O SILÊNCIO BEBIA INTER-DITOS E MISTÉRIOS DO VENTO#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: AFORISMO
Homem,
ouvi o que quer ouvir e desconsiderai o resto!:
E
a floresta bebia o rio.
E
eu-rio por água abaixo,
Por
água abaixo eu-rio, rio-eu.
Águas
abaixo riem deste espetáculo fantasioso de eu-rir.
Sério,
circunspecto, introspectivo.
O
rio Paraúna escorrendo sabedoria.
E
o silêncio bebia inter-ditos e mistérios do vento.
Rir
é estar aí, é viver e viver é ec-sistir no eu, ec-sistir no eu é pro-jectar os
sonhos e utopias do ser, compor na alma o prelúdio da ópera do silêncio a
embriagar-se de êxtase e volúpias, preâmbulo do verbo a embeber-se de erosias e
heresias que febundam as ad-jacências
dos instintos que atravessam o mundo
todo sem jamais receber abrigo de quem quer que seja, quem sabe por algum
castigo dos deuses por negligenciarem a razão, por animalizarem a raça humana.
Raízes
de ritmos e melodias da música do tempo.
Águas
de março fechando o verão.
Águas
de maio abrindo o inverno.
Águas
de agosto pre-nunciando a primavera.
E
o silêncio bebia inter-ditos e mistérios do vento.
Quando
no alvorecer os raios de luz mergulham nas frinchas das folhas das galhas,
numinando a floresta, a floresta por todo o sempre bebendo o rio, a solidão e o
silêncio bebendo do in-finito as in-fin-itudes da sabedoria do ser e do
verbo...
Quem
sabe houvesse possibilidade de algo, em princípio ininteligível, tomado de
inspiração e intuição, e deste modo, neste estilo sem sujeito, abordar alguma
utopia que foge à capacidade da razão e do intelecto interpretarem?!... Fosse
necessária leitura atenta e minuciosa, deixando o espírito livre. Não saberia a
isto responder. Só seria possível estabelecer, se contemplasse a linguagem sem
pressa.
Homem,
ouvi o que quer e desconsiderai o resto!...
Indicação
com os ideais do tempo e esses ideais, existe sempre, mesmo sob as mais
sórdidas aparências de decomposição. Curiosidade, desejo de mergulhar na alma
humana, sabê-la. Vontade de conhecer o homem por inteiro. Apetite sempre
re-novado em face das coisas do mundo. Nunca é demais ter medo da própria
sombra. O ser se faz continuamente. Essências que re-velam a perquirição
metafísica interessada em desvendar os
mistérios de um possível real, enigmas do inter-dito, in-audito da consciência,
aparências da sabedoria.
E
o silêncio bebia inter-ditos e mistérios do vento.
Respingos
da chuva deslizando na vidraça da janela, silêncio da solidão, e a solidão
bebia éritos volos da boêmia nostálgica, melancolias boêmias, as velhas canções
dizem muito, emoções e sentimentos longínquos aquecem o desejo do há-de vir,
há-de ser, a vontade da claridade do ser a que se aspira tanto, aquecem e
ascendem as imagens do panorama do
in-finito, o silêncio bebia inter-ditos e mistérios do vento, pois que o
silêncio se aquece com o vento a perpassar suas linguísticas e semiologias,
suas semânticas do proscênio da eternidade de onde o panorama é o da beleza que
já nasce póstuma, póstera, concebida com a presença do som das águas do mar
batendo nas docas, as ondas
espraiando-se, gerada com a claridade dos sonhos; ONDE O INVERNO NÃO SANGRA a
solidão, bebia éritos volos da boêmia nostálgica e o silêncio se aquecia com o vento a
perpassar-lhe as linguísticas e metafísicas do picadeiro do além de onde a
paisagem do belo é o re-nascer a todo instante de suas vaidades, e o rio bebia
a floresta e a floresta bebia o rio...
E
o silêncio bebia inter-ditos e mistérios do vento.
Esqueceu-me
declarar, proferir? Esqueci-me de declarar, proferir? Qual das duas
perquirições seria melhor para proferir que, enquanto o silêncio bebia
inter-ditos e mistérios do vento, pensava com o pensamento de pensar que o
esquecimento não é só uma vis inertiae, como creem os superficiais, antes é um
poder ativo, uma faculdade moderadora, seria que devêssemos atribuir-lhe tudo
quanto acontece na vida, tudo quanto absorvemos, se apresenta à consciência
durante o estado de "digestão".
As
estrelas que cintilavam no espaço ainda cintilam,
o
espetáculo que seduzia as vaidades ainda
seduz
e
a película do vento levou que bolinava a sensibilidade,
a
inteligência a re-fletir as coisas que o vento leva,
ainda
bolina,
e
a história que não acaba mais ainda
continua inacabada
ressoando
nos interstícios da alma, ecoando nos
recônditos
das dúvidas,
incertezas,
sombras, o sonho da claridade dos verbos de ser.
E
são portas, chave, se o lugar adorna
o
ser que nele se encontra,
este
por sua vez atribui ao lugar em que se encontra
alguma
coisa
de sua própria sensibilidade, individualidade.
Trazendo
o mundo para dentro de casa,
tantos
sonhos, tantos ideais, tantas
intempéries,
tantas desgraças,
ouvir-lhe
a voz palavreando sentimentos,
dores,
e a lembrança dos diá-logos, monólogos,
questionamentos
passa a ser lembrança do mundo,
de
um mundo específico num certo tempo e espaço,
nuns
sibilos de ventos ad-vindos do abismo.
O
que está oculto é mistério, enigma.
Haverá
quaisquer dúvidas de, nesta imagem, vozes estarem sedentas de ouvidos, de
inteligências a traduzirem intuições e esperanças?
(**RIO
DE JANEIRO**, 28 DE MAIO DE 2018)
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