#AFORISMO 774/ INDÍCIOS DE HORIZONTES PERSPECTIVADOS DE LIBERDADE# GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Trans-literal-izadas
utopias do além póstumo,
Além
póstero consumado na superfície e bordas do há-de ser,
Aglutinados
aos in-fin-itivos de gerúndios de sorrelfas compactas,
Con-solidados
aos subjuntivos dos instantes indescritíveis e limites,
Re-finadas
nos ventos uivantes das colinas longínquas
Dos
morros invisíveis, dos sons desérticos entre os montes,
In-terditas
nos prazeres #ludo-luso# do panorama do vale edênico,
Paradisíaco
do outro lado das coisas, dos lugares...
Venham
os verbos {{entre}}-#vados# no sujeito defectivo!
Guardarei
sigilo perpétuo de nossos inter-câmbios e comércios,
Na
voz, travo algum de zanga ou moléstias psíquicas,
Sem
me decifrarem os pretéritos, sem me ouvirem,
Deslizam,
Perpassam
as coisas levíssimas e tornam-me o rosto
face ao leste,
Possuem-me nestes silvos, sem itinerário, sem porto,
Não
há sevícia que os levem des-entravados,
Na
marca dos idílios,
Neste
tacto suave e frágil, deixam-se sentir, saborear,
Lutas
com as suas regências e concordâncias, sonoridades e ações
Sugere
sem fruto, não tem carne e sangue,
Contudo,
a luta é término que não termina, segue-se deslumbrado,
Deixam-se
enlaçar, tontos às carícias do tacto, do toque,
E
súbito escafedem-se, nada há que os retorne,
Criá-los,
re-criá-los, in-ventá-los, tudo o que lhes segue,
Independentes
das sinuosos becos coloniais
Onde
passeiam ratos noturnos.
Uma
brisa sopra nesta noite, empurrando bolas de nevoeiro pelo chão. Caminho em
campo aberto por um momento, logo sou engolido pela névoa espessa, volto a
emergir num trecho limpo. À luz das estrelas, posso ver as bolas prateadas de
nevoeiro rolando pelos campos ao redor. Sorrio de mim mesmo, prosseguindo em
meu caminho, pensando como tenho a capacidade de alterar a natureza – enfim
nestas terras não cai neve, apenas o orvalho na madrugada molhando as folhas
das árvores e a grama dos quintais, terrenos, canteiros de flores, regatos,
pelos de cães viralatas ao léu noctívago -, para ajustá-la aos meus próprios
pensamentos, para ajustá-la aos halos de vaga melancolia, já que é um dom do
espírito desvencilhar-se daquilo que a consciência se recusa a assimilar.
Nas
adjacências do uni-verso, que re-flete sombras líquidas,
Ah,
éritos do pretérito consignados aos sonhos de futurais particípios,
Havendo
finos indícios de horizontes perspectivados de liberdade
Espiritual
nas imagens que se esplendem nos imperativos do tempo,
Luzes
emitem aos confins do in-finito, compondo a face
Egrégia
de semblante angelical,
Onde
se lê a sutileza do espírito puro,
A
claridade que se ilumina, ilumina as ruas, os sítios,
Os
cômodos da casa, onde o ser bebe o si-mesmo
No
sonho de travessia a outras contingências e ausências,
A
luta continua...
Verbos
esplendem, na curva da noite, que todos os princípios
Carecem
deles, todos movimentos da dança de performances e gestos
São
deles dependentes, unha que não separa da carne,
Paixões
conjugam-lhes, regenciam-lhes, concordam-lhes ad infinitum
No
pecúlio, cerradas as pontas, nada há que os faça ausentes por átimo
De
milésimos de segundo, movem-se, rodam, voam, flanam.
Há
um momento melancólico, hora hermética e difícil,
A
cor-agem impulsiona os atos e atitudes,
Os
gestos, em que "a dúvida, prosseguindo nas ruas do sono,
Penetra
a alma ou nenhum fragor denuncia?,
Instante-limite
entre o tudo e o nada palmilhando as terras do mundo,
Passa
solitária, a rua do olhar me tateia, toca-me, a fitar-me
Quem
in-voca, evoca exausto "fitar o contínuo nas suas sinuosidades",
Imagino
olhos, calmos, solitários...
Numa
refração de ouro claro, surge o momento em que palpitam as asas de uma águia,
re-colhendo a sin-fonia de águas revestidas de silêncio, a ópera de ventos
sibilando os pretéritos e presentes de utopias dos entusiasmos poéticos.
Surpreendo a sombra e o deserto sob a ambigüidade. A face dos ventos arrasta e
dispersa as nuvens, agora tudo se amassa em encantamento ou em indiferença ou
em absurdo, e faz sair um brilho nos olhos, que experimenta a vereda, que evoca
com as asas ensopadas, o horizonte em que me encontro é a distância verdadeira,
sigo-o como cumpre fazê-lo. O sol deita-se e as nuvens azuis colorem os
terraços brancos. Afigura-se-me haver distendido uma mola no interior.
Parece-me, em princípio, haver sentido uma eclosão, por haver dito com o mais
singular, manifestando-me para além do inteligível. Não me é dado saber este singular
qual é, o que é, quiçá por me haver surpreendido, quiçá seja a minha
interpretação dele, seja outra coisa, visível do invisível, há vestígios dele
nas gavetas frasais das nonadas, pontes partidas, devaneios e desvarios de
outras vozes - não esperava isto, não haviam quaisquer expectativas deste
acontecer sui generis, ademais, ipsis verbis, nada imaginei, inspiração e
intuição presentes, contudo, invisíveis. Na límpida transparência das águas, a
luz segue o itinerário sem limites, sem pressa, sou eu quem aspira e ins-pira a
vida, à procura da fonte originária que a busca do mar alcança, que os desejos
de marujar consolidam. Ás vezes, penso que o desejo de amor só vive de entrega,
com esperanças de saudades, em cujas lembranças e re-cordações habitam a
liberdade e livre-arbítrio das utopias de outras lberdades, que a actualidade
hoje não oferece. são estas o rosto da eternidade re-flectido no rio do tempo,
com ternura, e sou eu quem desperto o infinito e o profundo, desejando a Vida.
Velas
velando veladas dimensões da etern-idade
Eterna
eternizam com as achas do fogo milenar,
Com
os raios das chamas seculares,
Solstícios
do crepúsculo de flores que exalam perfumes
No
amor
Eivado
de volos espirituais, ex-tases do sublime;
O
corpo ranger, re-fluir, enlaçar, errar em coisas retrógradas,
Sob
eles soterrado sem recalcadas dores ignóbeis,
Lesões
que nada justifica, exemplifica, esclarece, explica,
Nem
piedade,
Confiar
ao que bem me importa do sono.
As
águas, aquando tornam a cair sobre si mesmas, rompem o silêncio com um som
similar àquele do vento entre serras, um som sibilante. Quanto a mim, sei que
as águas me precedem e me seguem, elas sabem que o outro da
"livre-arbítrio" reside na liberdade in-édita de criar e re-inventar
os valores à face estética e ética das etern-itudes pós a consumação das
etern-idades e eterno.
Se
antes houvera dito que uma coisa estranha sobreviera ao meu espírito e não
sabia como explicar, é que perpassara no espírito que a noite não cai sobre as
águas de um rio, não será levada ao longo dos sítios e terras sinuosas,
esvaecer-se-á no prelúdio do alvorecer, suntuosa e magnânima, re-nascendo dos
termos sem termos, do pós sem ad infinitum dos vernáculos, ela cai sobre as
montanhas, sobre as colinas.
A
noite emerge do fundo das águas.
(**RIO
DE JANEIRO**, 19 DE MAIO DE 2018)
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