ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O TEXTO /**DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO**/ - PROJETO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#
DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO
Manoel Ferreira Neto.
Um texto muito longo para comentar de imediato. No entanto, constata-se
um sofrimento do poeta. O medo de não conseguir atingir o seu auge em uma
relação...assume uma dupla sensação:de culpa e exuberância cometida. O excesso
quiçá praticado em tempos....
Pretende ser um individuo e, grau de fingimento de polpa/apetite da
imprecisão físico/apetite do absurdo apetite/desastre, do paradoxo receio/
bravura, da lógica perpétua/ nentes. Sensibilidades manifestas de uma
constrição, conquistando rumos da clareza. Considera-se um número indeterminado
de sensações a extravasá-lo, e excedê-lo, e deambula ciente pelos atalhos do
desejo de relação
Claro abismo desliza-lhe o âmago, atravessando os secretos locais da
inquietação, acarretando-lhe a percepção de uma imortal carência de intelecção
e comunicação das sensações sentidas em comparação com as declaradas no
semblante e contemplar. Atrevimentos frágeis e murchos de uma perscrutação
impalpável e verídica do vivido humano nas denúncias de ledice e deleite de
arrostar o mundo. Funduras de si, despontadas nas manifestações de aparências e
presenciais enunciam-lhe o contraditório indagador das sensibilidades.
Usa uma linguagem, sem pejo, de dar nome aos bois....em que muitos
criticam mas todos usam e praticam.....Um texto complexo pela sua
extensão,,,com um misto enorme de sentimentos......
Ana Júlia Machado.
(JANEIRO 2017)
#DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO#
Encontro-me a um passo de exceder os absurdos acumulados da carne - uma
sensação mista de culpa e profusão - e nada é capaz de dominar os ímpetos de
entrega. Quero-me em nível da duplicidade carne/desejo, da ambigüidade
corpo/vontade, do paradoxo desejo/fracasso, da contradição medo/coragem, da
dialética eterno/nada, e nada mais obstacularizando os ímpetos de um clímax
eterno e efêmero. Sensações unívocas e equívocas de uma angústia, tomando as
rédeas da claridade, evidência, emergem lúcidas do fosso dos desejos constantes
de prazer e astúcia. Sou uma miríade de sentimentos a transbordar-me,
exceder-me, ultrapassar-me, e caminho consciente pelas veredas da vontade de
interação.
Desejo-me cúmplice de uma consciência embasada nos desejos da carne - a
razão cumpriu sua elaboração na fantasia, o logos cumpriu sua organização na
imaginação... O edifício imaginário reviu suas bases, desmoronando desejos
seculares de uma vida sem raízes. Qualquer coisa distendeu-se nas sensações
carnais, e agora sinto uma dispersão enorme de sentimentos e emoções a
tomarem-me por inteiro, e sou sentido em medos e euforias.
Inclino-me ao rés-do-chão, iniciando os passos por alamedas íngremes e
viçosas das percepções de um seio viril. Os pênis duplos do desejo e da razão,
desfacelados e insatisfeitos de realização, aglutinam-se e dispersam-se num
diapasão sensível, e o corpo afigurar-se a dissolver-se, deixando as sensações
abrirem-se.
Emoções espelhadas numa congruência fácil e espontânea de carícias e
ternuras colocam-me livre e escravo de vontades nunca dantes nem mesmo
imaginadas. O medo excêntrico dos absurdos da carne, vividos na cabeça do
tempo, faz sobreviver um refúgio, faz viver uma fuga, e o homem mergulha na
insatisfação. Surgida da insaciabilidade, a impetuosidade de uma lembrança de
sangue a jorrar nas veias da razão, um confronto da esperança e a angústia do
inominável. Mergulho-me fresco e volútil nas ondas do ímpeto de uma metamorfose
viva, a engolfar-me, retirando-me fundo das obscuridades dos sentimentos
ambíguos. Sou impetuoso, de modo a rasgar-me as vísceras dos sentimentos de
ternura e carinho pelo viver o mundo.
Sou uma dispersidade nos sentimentos de viver um ímpeto da carne e dos
desejos, uma univocidade nos interstícios dos sentimentos volúteis de uma vida
de sangue profusivo e disparatado da consciência. Até o instante presente,
perambulando pelas alamedas do sensível, buscando a elucidação e entendimento,
estive a envelar uma profusão enorme de tesão e desejo pelo clímax.
Afigura-se-me este sentimento, úmido em seu interior, suave em suas bordas, ser
uma ambigüidade amena e triste de um desejo não realizado e o viver girando
assiduamente sem qualquer ponto de segurança.
Se, interiorizado e hermético nas associações á busca do entendimento
dos enigmas da carne, segredos do sangue, mistérios do corpo, sinto estar
esgarçando e ampliando as emoções, há um engano incorruptível e irreversível
presente na sombra de uma manifestação. Se, imerso em ondas de calor e volúpia,
sou trazido em nível deste desejo da carne e do corpo, as associações livres
empreendem sentimentos espontâneos e suaves.
Um vento ameno e suave surge nas antípodas de minhalma, percorrendo os
labirintos das vísceras e veias. Se faz aparecer uma sensação de prazer e
júbilo pelo inusitado desejo?...
Se vivido de modo lúcido na intimidade um amor dilacerante, logo sou
envolvido por um êxtase latente de dores e prazer, e sinto logo um amofinamento
do corpo. Suave e contínua são a linguagem desta alegria ora surgida nos
interstícios de desejos por desfrutar e estar desfrutando de mim. Há dúvidas
de, se me encontro em nível de uma compreensão do minuto presente de
sentimentos ou do entendimento carnal de emoções.
Veredas lúcidas de uma consciência a habitarem-me o íntimo - surjo-me à
luz do sol e o rosto inicia a ejacular um suor quente. A língua do tempo, a
ofuscar-me a visão, traz-me este obnubilamento dos desejos e sou inteiro
recolhido no medo. Tempestuosas carícias e ternuras vêm residir-me o peito em
busca de encobrirem uma angústia de entender o medo do amor, uma agonia de
compreender a resistência de amar.
A solidão habita-me os recônditos do espírito e só encontro a sua
superação no desejo de liberdade de entregar-me inteiro. Fecho-me sensível às
posturas da abstração de ser indivíduo, conservando um profundo amor pela
constituição das ternuras. Abro-me consciente às colocações da contingência de
ser sujeito/verbo, elaborando os sentimentos ávidos de afetividade/carinho no
seio de conteúdo humano.
Impetuosa paixão pelo sentimento de viver os resultados contingentes do
prazer vem surgindo saltitante pelos interstícios de olhar, buscando as
sensações alegres do peito. Impulsivo amor pelas emoções de agir a alma feliz
do desejo inicia-se aproximando alegre nas veredas da consciência, procurando
os desejos reais do espírito. Profusivo carinho pelas ternuras de sentir o
espírito alegre da árdua tarefa de instituir os caminhos do amor e da liberdade
começa aflorando-se contente nos labirintos da capacidade, manifestando a calma
real da linguagem.
Ávidas carícias desta postura de ir pensando e organizando as ações em
conformidade e harmonia com a esperança. O corpo, ambíguo em suas sensações de
desejo, postula-me a percepção do olhar as situações antes da intuição de
decidir as ações. Tempestuosos sentimentos de doação dalma e intercâmbio de
carícias habitam-me fundo o seio, e sou quase uma alegria absoluta.
Invade-me enorme volúpia e desejo de ir residir inocente e puro nas
alamedas de um amor efusivo e real. Surge-me angústia a perambular e deslizar
no sangue vivo: serei apto a realizar este amor? Quisera-me lúcido e louco a
tergiversar pelos labirintos nítidos e nulos de desejos. Sou felicidade
translúcida a transbordar a garganta da linguagem, Intencionando inda mais a
completude do corpo e sentimentos. Sou uma iminência de clímax no pênis real de
prazeres, intencionando o gozo na vagina de desejos evidentes. Sou um gozo no
pênis simbólico da consciência, reivindicando a formação do ser homem.
Quisera-me uma alegria da linguagem de desejos, ejaculando a completude
dos prazeres, e tudo o que é elaborado são repetições de adjetivos e advérbios.
Sinto a nitidez de instituições, aspirando encontrar-me com a lucidez de viver.
Pudera-me o retorno lúcido às perdas, re-elaborando o sujeito, fazendo a
completude clara do verbo de viver a singularidade.
Efemeriza-se a sombra tênue dos sentimentos efusivos da imensidão de
viver, deixando-me perplexo e contente com as forças resolutas da completude.
Evola-se o ensimesmamento frágil do sentimento de inferioridade frente às
conquistas do mundo, revelando-me um sujeito perspicaz e atento às intenções
prioritárias. Esvanece-se o clima denso de angústias instituídas no seio de um medo
contundente de a vida haver sido perdida nos instantes absolutos da ociosidade.
Esvaiu-se de mim a similitude das formas de abstração, buscando o
instante pleno do espírito, o momento perene da alma. Habita-me a solidão
implícita da esperança de uma universal formação da consciência, tornando-me os
caminhos um simples modo de ir construindo os desejos de empreendimentos e
lutas. A ternura excêntrica de desejos sensíveis e frágeis reside-me o peito
efusivo de uma linguagem voltada para a realização de carências e a instituição
da intersubjetividade.
A meiguice diferente de conteúdos inocentes e ingênuos da alegria de ser
sujeito, estilos simples e resistentes do contentamento de revelar o
"sou" de mim, vem morar no íntimo, indicando-me as veredas da forma
de constituição de viver. Institui-se o som nítido dos ventos suaves e frescos
da felicidade de o homem inscrever a si no epitáfio dos desejos realizados.
A frescura da manhã solene de meu corpo tranqüilo nas arestas de suas
sensações de gozo, mas uma inquietude solene no seio da carne. As ondas tênues
de carinho e solitude por todos os estilos de amar e inteirar-me das formas de
mergulhar-me no sangue efusivo da contingência humana. Simples ardências
carnais nos desejos viris mergulham as satisfações plenas num mar de fluídas
emoções de amar.
Primeiros ardores da paz submergem-me num oceano frio e úmido de
emanações paradoxas da felicidade. Os amores da fisionomia a resplandecerem
suaves os contornos de características sempre susceptíveis de uma excêntrica
metamorfose em busca do real.
Substituo as dúvidas latentes da emancipação, trilha emotiva das
carícias de vontades eternas, pelos efusivos processos emancipados da latência
do amor. Recupero as evidências do espírito em transbordar-me frágil e consciente
no finito das emoções sentidas. Mostro a nitidez do olhar, perspicácia
indubitável da formação sensível do real, identificando a profusão de eternas
ternuras.
Fósseis susceptibilidades conceituais do corpo a ejacularem sentidos e
significados dalma - sou uma postulação das sensações. Veias de amores sentidos
no real das reformas, abrindo o sangue quente e imanente dos "sonhos de
Verbo Inteirar". Contingências testamentárias dos sentimentos insólitos
surgem efêmeras da consciência, e sou manifestação ardorosa de insolências
fundas. Tristes horizontes resplandecem imortais nas linhas sensíveis das
posturas conscientes da elaboração emocional. Arregalam-me os olhos o universo
nítido do substantivo amor nas tábuas translúcidas da percepção e intuição. Flácidos
olhares perscrutam os insolentes infernos da angústia, perpassando os liames
loucos das inquietudes, adelgaçando as vertentes insanas das perquirições, em
perene busca do íntimo ingênuo da felicidade. Infernais concepções do belo e
nítido estilo da esperança indagam-me as definições percucientes das
postulações de consciência e ação nos interstícios de viver o "Amar".
Nítido inferno resvala-me o íntimo, perpassando os recônditos sítios da
intranqüilidade, trazendo-me a consciência de uma eterna necessidade de
compreensão e diálogo das emoções vividas em confronto com as reveladas na
fisionomia e olhar. Insolências frágeis e flácidas de uma indagação abstrata e
real do sentido humano nas revelações de júbilo e prazer de enfrentar o mundo.
Profundezas de mim, emergidas nas revelações fisionômicas e oculares, dizem-me
a paradoxalidade perqüiridora dos sentimentos.
Superfícies imersas nas elaborações do espírito, imergindo nos
subterrâneos da ternura e insolência, dialogam lúcidas com as inscrições conscientes
de um viver eterno. Sonos fáceis nas bordas do nada refastelam-se confortáveis,
mergulhando nos interstícios absolutos da vigília. Loucuras indolentes escondem
as lágrimas puras, os sorrisos inocentes, e instituem a seriedade no rosto do
tempo inócuo e iníquo.
Manoel Ferreira Neto.
(Escrito em 1987)
(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE MAIO DE 2018)
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