#AFORISMO 765/ VOZES ROMPEM LUZES# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
De ermos longínquos re-tornam esperanças (de querências múltiplas, de
desejâncias inúmeras), de versos e estrofes cujos raios de sabedorias, brilhos
de conhecimentos incidem nos gestos de composição dos caracteres; perdizes
deambulando pelos campos, ovelhas descansam à sombra de árvores distantes, de
serenidade à beira dos rios de águas límpidas, profundidade trans-parente.
De longínquos campos as frangas se nutrem de alimento no que lhes é dado
fazer, ciscar no chão, que lhes fortalece o corpo, que lhes adorna as penas,
que lhes purifica as gemas e claras de ovos que ad-virão frescos e puros.
"Vou ascendendo, as sémitas contundindo, vou içando suso no cerúleo
do firmamento, no ocaso da tarde que cessa, as diocesanas apascentam e
descaiam, a mirar se acho melodiosas acervo entre agarrar perda na rua Machado
de Assis e as tristezas de fedelhas que cuidam às manias transcendentes do
contacto simples e carinhoso a afoitar as aurículas a oscilarem os devaneios e
sonidos de metrificação, cadência, qualidade musical nas movimentações
incessantes."
Rima de Amor, ou rima de ventura, rima de verbos ou rima de quimeras.
Perdiz que rima Assis. Penas que rimam as odes de Atenas, as fortunas gregas. É
mais nobre o sono apenas da labuta constante. É mais cerviz curvar aos golpes
da ultrajosa fortuna, que a perdiz conceder a entrega com as carícias plenas da
mão. Sono apenas. Morrer, dormir? Dormir? Sonhar, quem sabe o desejo de rimar
perdiz com as penas do ócio no coçar de orelhas, buscando-lhes movimentos
métricos e rítmicos em que porei termo as longas penas, as orelhas pequenas,
olhos acesos levantam ao alto, rogam estrofes e versos.
Os lábios meus tocam a carne fresca da perdiz na tenra idade. Hei visto
de minha pena apenas o desejo desusado, travo de desgosto. Que mel não deixa um
travo de desesperança? Que fel não deixa um a-núncio de fé?
Morte, vós podeis esperar. Olho-vos como um cão por cima das costas de
formigantes rebanhos de carneiros, como uma garça lançando a cabeça para trás,
olho-vos com desdém por cima das lagoas de água rasa, olho-vos por cima do
pulular de pardacentas e poucochitas ondas e voluptuosidades e alma.
Afastai-vos de mim, distanciai-vos de mim ou fazei-me olvidar os primeiros
olmos que o desespero pálido devora. Pales inda me guarda um verde abrigo,
sinto que habita minh´alma um vácuo, imenso e fundo. Me não lega o casto, o
brando, o delicado andar nas asas da brisa, o findar o crepúsculo a iniciar a
noite nua e crua de “quimeras” e “fantasias”, a ornamentarem os arrebiques e
molduras sobre o gracioso colo dos idílios vãos.
Da mocidade experienciada nas vivenciárias delícias do Sonho e do Verbo
imortais e eternos. Ao vendaval, rompe a luz do silêncio, rompem as vozes.
Começam as líricas de infortúnio e tédio. Revelam a composição de versos
e universos. O engenho portentoso sabe iludir as penas que despertam
movimentos, utensílios de que os homens de letras se servem para registrar nas
páginas brancas os caracteres e sons, as perdizes que acordam os versos
verdadeiros das re-versas ilusões, in-versas querências, ad-versos sonhos de
verbos eternos e imortais. Silabas de doce mistério. Chaves conciliadas às
emoções.
À soleira de ventos e silêncios, ermas planícies de esperanças. Vozes e
filosofias da con-tingência serem linguagem e estilo do verbo in-completo.
(**RIO DE JANEIRO**, 17 DE MAIO DE 2018)
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