GRAÇA FONTIS POETISA ESCRITORA ESCULTORA E CRÍTICA LITERÁRIA DIALOGA COM MANOEL FERREIRA NETO SOBRE O AFORISMO 588 /**PEDAÇO DE MATÉRIA ESCRAVIZADA**/ PROJETO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#
Graça
Fontis: Quer mesmo saber se gostei do texto amor? Maravilhoso e no flanar do
orvalho onde a vida encontrou o seu princípio com olhos já embaçados ou não é
que o sutil de cada corpo ao sutil de outro corpo íntegra - se aninhando os
fragmentos carentes e frágeis de seus esqueletos! PARABÉNS MON AMOUR!
Manoel
Ferreira Neto: Aninhar os fragmentos carentes e frágeis dos esqueletos é glória
dos gênios. Paz na terra aos gênios que encontraram os seus princípios,
integrando o sutil de cada corpo ao sutil de outro corpo. Paz na terra aos que
sentem o homem é noite que palpita no escuro e em noite sem dissolve. É
Aforismo para refletir por todo o sempre. Merecedora de pleno reconhecimento a
sua crítica, Amor. Beijinhos.
Graça
Fontis:Nem percebi que houvesse chegado a tanto, grata amor por conscientizar -
me do feito! Beijinhos...
Manoel
Ferreira Neto: Só conscientizando os discípulos de seus feitos e méritos é que
eles serão capazes de superar o mestre, serem mais importante que o mestre.
Aguardo com muita expectativa quando você for além de mim nas suas Letras, este
dia virá pleno de excelências.
Graça
Fontis/Manoel Ferreira Neto
#AFORISMO
587/**PEDAÇO DE MATÉRIA ESCRAVIZADA#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA(TÍTULO: #PAZ#)//ARTE ILUSTRATIVA
Manoel
Ferreira Neto: AFORISMO
Paz
na
terra
aos
homens
de
boa
vontade!...
Vontade
do sem-vazio enamorado pelo instante-limite que se trans-borda de desérticos
oásis à luz do horizonte versificado de universos ao léu do espaço sideral, sem
estrelas e lua, sem o picadeiro do infinito, para des-embocar lívido e leve no
inaudito da floresta sem flores silvestres, sem veredas que indiciam o orvalho
do tempo a cobrir as folhas do ser; vontade do sem-nonada seduzido pelo
ab-surdo deserto do silêncio sob o sopro dos ventos, sob o flanar do orvalho,
espairecidas as idéias e pensamentos, sem o camarim das constelações atrás da
lua cheia, para imergir sereno e tranquilo no des-conhecido do bosque.
Noubliez
jamais de um lusíada alvorecer da liberdade.
Paz
na terra
aos
homens
de
boa vontade!...
Vontade
do solstício do cão vira-lata que fuça os lixos das esquinas à busca dos gozos
dos ossos que originam a carne que será mastigada a rigor e critério pelos
caninos e os a-núncios dos instintos serão seivas do ofício, ocasos dos causos
do crepúsculo; vontade da declinação boreal dos boêmios que tomam café amargoso
na padaria de esquina, após a noite de farras e algazarras, a expectativa sendo
outras noitadas de orgias melancólicas...; vontade de um padrão além daquele
que me mantem e me faz avançar as práticas cognitivas que constituem minha
forma de vida.
O
dia está para além da montanha: e ela silenciosa, radiante, esplendorosa. Um
silêncio indisciplinado e desordeiro. Um pedaço de matéria escravizada,
submetida a uma ordem óbvia. O {sign}-ificado é des-ordenado, in-vertido,
despido de caracterização, desnudo de individualização. Sinto-me atraído e a
sedução é uma cor-res-pondência de afetividade e sentimento. Uma beleza muda,
silenciosa: a mudez de sentimentos lindos e breves, de emoções belas e
efêmeras, de pensamentos e paradoxos similares e ad-versos. No sonho, a
presença do limite a estabelecer a verdade de emoções muito longinquamente
vividas e, assim mesmo, sou quem as sinto em mim, sou quem as vivencio.
Marcha
Fúnebre, de Chopin, o melhor Vinho de França... Não se sabe se se ri ou se fica
triste, verta lágrimas, conte uma piada de salão, tal a visão que se tem:
sentado numa mesa de Café francês, ouvindo esta música, tomando vinho, à beira
do Sena, tamanha a estapafúrdia disto.
Noubliez
jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz
na terra aos homens
de
boa vontade!...
Vontade...
Vontade... Vontade... No volo da Tarde, crepúsculo da sombra, alvorecer da
penumbra, ocaso do sol, as miríades do verbo, as efígies dos gerúndios e
particípios, a verdade da Luz do Amor, sem distâncias, sem longitudes, sem o
toque corpóreo, sem o aliciamento da carne, mas a verdade do espírito da alma,
alma do espírito.
Desejo
imediatamente uma aresta de liberdade que possa, de vez, desvencilhar-me de
atuações, destituir-me de farsas e, assim, coloque-me no mundo imediatamente.
Já não pode estar havendo qualquer laço de união com o que estou sendo e o que
está havendo, qualquer laço de união com o que estou sendo e o que já fui. O
que se denomina “pensar” é-me um limitado constrangimento, uma justificativa de
estilo, quiçá de linguagem, uma explicação bem ornamentada. O limitado
constrangimento afigura-se, às vezes, ser um bom-senso frente à sensibilidade.
É, sim, uma afronta ao bem-estar, à felicidade, à alegria.
A
afetividade de mim mesmo: busco com a sinceridade radical e exigente de um
olhar a quem se ama. Antes de haver conscientizado a mim desta grande verdade,
afigura-se-me ser suficiente a afetividade (não se é preciso buscá-la num
indivíduo: é uma de suas dimensões). Ora, concebo a verdade da sinceridade
funda e que realiza a afetividade. Experimentei-a com olhar atento e percepção
aguda. Lembra-me de como no silêncio de um monólogo interior - nestes monólogos
em que se penetra ao mais fundo dos sentimentos -, fui conscientizando a mim de
que a vida se sucedia na minha consciência, a partir de uma sinfonia a que
assistia orgulhoso e irrequieto, um cuidado enorme exigente. O silêncio
sentia-o eu num estilo de vertigem – no estilo era-me eminente fácil perceber a
presença do carinho a suceder no coração; a vertigem era uma espécie de
mergulho nos recônditos dos desejos dissonantes dos atos, simplesmente
atuações.
A
longa e aguçada vertigem aguçava-me os sentidos inteiros, mostrando-me a sua utilidade
e, melhor ainda, a urgência de metamorfoses em nível de comportamentos.
Fazia-se mister o fluir do afetivo.
O
sonho é o estilo sensível e, por excelência, de as emoções mostrarem-se,
coordenarem-se, processarem-se no mundo da vigília e a serem realizadas em
sintonia com a identidade, o fundo d’alma. Se surge um limite, neste sonho, é
que as emoções não conseguem sobreviver de modo disparatado, num estilo
atabalhoado, além de irem morrendo no suceder dos instantes e nada pode ser
realizado. A identidade mergulha-se e se efemeriza.
Paz
na terra
aos
homens de boa vontade!...
Vontade
dos uivos do lobo no topo da montanha, focinho à mercê das longitudes, olhar
disperso nas distâncias do horizonte, e o nada seduzindo o orvalho da madrugada
por mera pulcridade, por ab-surda "xucridade" de o destino lhe serem
as cinzas, as cinzas lhe serem os pós a cobrirem o abismo da posteridade,
abismo do inferno, os ventos a soprarem as poeiras da postumidade. Oh, cinzas a
revelarem os pecados, os demônios à solta ansiosos por uma alma perdida no
descampado da solidão;
Noubliez
jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz
na terra
aos
homens
de
boa
vontade!...
Vontade
da matraca das tristezas e desgraças sonorizando no ouvido o inaudito do vazio
da posteridade que pulsa solene à soleira da morte, quando a vida pica a mula
de todos os indícios do ser, não-ser, e no abismo sem interstícios as
estultícias revelam a face nítida e nula da alma sem muletas, sem bengalas,
cajados.
O
interior dos olhos, embaciado!
(**RIO
DE JANEIRO**, 18 DE FEVEREIRO DE 2018)
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