FONTE LUMINOSA DO TEMPLO DE FESM-[**I**]-ONE - PARTE I, II, III
I
Sete agulhas teceram o sudário que cobre o corpo do tempo à luz do
efêmero e eterno, bailando nas bordas do vento longínquo a caminho do além.
Sete chaves de ouro ilustram o soneto das dialécticas do "eu
poético" e as con-ting-ências, templando as rimas de ritmos e melodias das
forclusions e da felicidade plena.
Sete notas dedilhadas no violão deram origem ao cântico dos cânticos,
esplendendo de ritmos as versatilidades da verdade re-vestida de verbos a
con-jugarem os temas do belo, projetando de enredos e melodias do absoluto
re-nascido nos interstícios do abismo habitado de vazios e solidões.
Sete ad-versos coriscos pintam no espaço celeste imagens brilhantes e
cintilantes do obtuso que velam o in-audito do uni-verso.
Sete faíscas riscaram o crepúsculo de nuvens escuras, iluminando a
genesis do ad-vir de estrelas e lua suspensa nos sonos de prata.
Sete cortes de pensamentos, idéias, utopias, quimeras, ideais, estilo,
linguagem balançando na rede do templo de misióticas cristalinas.
Sete vidas que são lapsos, que são riscos, que são risos, que são cortes
trazem o vento, trazem folhas caídas, roladas, tormento, silêncios presos nos
lábios desertos.
II
Sete sombras na calçada da rua solitária e deserta delineiam a imagem
líquida e etérea do ocaso refletido no entardecer numinoso do Dia de Finados.
Sete razões re-versas de origens e genesis in-versam a estética do
horizonte no seu encontro com as águas do mar, com a brisa da floresta.
Sete vultos pairam, veementes, e por mais que se clame é noite, com seus
inúmeros silêncios.
Sete línguas recitam em palavras a verdade dos vazios e nadas,
entre-laçados nos abismos do logos e do cosmos, concebendo no tempo de sonhos e
verbos o subjuntivo do amor-templo-do-paráclito.
Sete preguiças de re-criar os compassos do coração em sin-tonia,
sin-cronia, harmonia com os jogos da mente, ins-crevem, pers-crevem,
pres-crevem nos outdoors dos mausoléus a crass-itude dos estilos de vida.
Sete agulhas perdidas no palheiro aos linces do olhar que perscruta as
frestas entre as palhas secas, que vislumbre o último brilho da luz que o raio
de sol deixou às largas.
Sete corações à larga das buscas impreteríveis dos sentimentos e emoções
que a alma desconhece degustam serenos o sabor dos tempos e ventos.
III
Sete maruís e beija-flores flanando próximos da janela de guilhotina,
aberta, tomando o néctar da flor estendida na parede, a criança dorme serena e
leve no berço, a mãe toma banho, cantando "Admirável Gado Novo".
Sete mãos re-colheram no espaço celeste nuvens brancas e com elas
esculturaram a fonte luminosa do Templo de Fesmione, e com as cores vivas do
arco-íris imaginaram as águas jorrando luzes ao longo dos horizontes e
universos.
Sete lâminas de machados entre-cortaram em sete árvores da floresta
silvestre as sete imagens da plen-itude, as sete luzes que nestas imagens
incidiam re-velaram os sonhos do ser pers-pectivados de miríades numinosas do
in-finito.
Sete estrofes musicalizadas de desejos ritmados de esperanças, utopias
melodiadas do ser-para-o-pleno, compuseram a memória do silêncio onde toda,
inteira, plena de "si-mesma" é vida, di-vers-ifica a natureza.
Sete ovelhas de pelos suaves, ternos, delicados, charmosos pastam
livremente nas margens do lago dos sete cisnes silenciosos de crepúsculos.
Sete imagens lavradas no espelho da face, sete poemas lavrados na imagem
da pedra, sete pedras lavradas no sofrer da face, sete tempos na questão da
morte, sete sons de guitarras, cavaquinhos, violões, violoncelos, harpas,
cítaras, violino na questão dos direitos à vida.
Sete degraus antes da soleira do infinito, sete passos neles antes de
vis-à-vis-lumbrar no longínquo do espaço as cintilâncias da alegria e
felicidade que velarão as alamedas e ruas desertas por onde os boêmios passarão
recitando poemas da solidão.
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 16 de outubro de 2016)
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