**CINZAS DE NADA PURO - II PARTE** - Manoel Ferreira
Imagem de árvores re-torcidas,
Tortas, secas
Imagem de sendas e veredas
Tapeadas de folhas, flores silvestres
Imagens retangulares
Imagens verticais, horizontais
Olhos de linces suaves e serenos,
Re-colhendo e a-colhendo perspectivas,
Sem nuvens, sem adornos inda que abstratos,
Embevecendo-se do esplendor do panorama
Embriagando-se das luzes brilhantes das paisagens
O que desejo, o que aspiro, o que intenciono,
Verbos eivados do movimento do emocional, sentimental,
E mesmo da fissura de alcançar o pleno no instante do eterno...
Por me, com toques, carícias, ternuras, sensibilizar as iríasis dos
sonhos de compl-etude, verso-uno, conjugando as emoções e sentimentos que se
vão nascendo, originando-se na origem de "ser originado", sou-lhe
eterno sensível e cordial, sou-lhe desejos e vontades que se revelam,
intencionando o encontro e o abraço eternal, sou-lhe a esperança da felicidade
plena, aberta a outras jornadas e viagens à busca do que transcende o Ser, as
con-tingências do estar-no-mundo e trans-cend-ências do vir-a-ser verbo da
ansiedade da perfeição, rodeado de perfect-itudes, vós estais a ensinar-me os
estados de alma e de espírito com que posso sentir-lhes o núcleo, a choupana de
idílios, onde traçar os traços do porvir crepusculado e alvorecido de metas,
projectos a serem sentidos reais no íntimo da liberdade.
Por me fazer feliz, sentir a felicidade em cada momento, instante do
ser-com o sentimento de amor...
Pers de retros re-versos e in-versos de situações vivenciadas, se é-me
permitido dizer "existencializadas", que deram aquela traulitada de
trezentos e sessenta graus no que diz respeito às con-tingências, passando à
inquietude dos questionamentos e indagações, criei utopias outras que não as
tradicionais mineiras, alimentei desejos de outros horizontes, a vida tomou
muitos rumos, con-senti com o "devagar é que chego lá", "levar
tudo na flauta, mais agradável ainda com um cervejinha gelada", perder as
preocupações, alfim e ao cabo ainda há respostas para as coisas, apreendendo
outros voos e sobrevoos por abismos, entre serras...
Aquela coisa que sempre lhe estou a dizer:
Quando era menininho
Gostava de meninar
Sentado numa tora de árvore
À soleira do portão,
Jogava pedras na assombração.
Agora que des-meninei
Não aprecio nem um pouco des-meninar,
Gosto mesmo é de amadurecer
Os ideais, esperar o tempo do vinho suave,
Numa rede,
Começando à meia-noite.
Sério, em verdade, em verdade, isto de amadurecer os ideais no vai-e-vem
da rede, taça de vinho, o velho e surrado cigarro, tragando e expelindo fumaça,
o vento suave, a maresia do mar, de nada sei dizer alguma coisa, e graça e à
larga por que vou gastar palavras e lábias para me convencer vez por todas de
que o vazio é efêmero. o nada, eterno?, não tem e jamais terá qualquer sentido
contradizer a verdade incólume e insofismável, então é balançar-me no vai-e-vem
da rede.
Percebeu agora o que estou desejando lhe dizer, apesar de
"des-assuntado" de uns tempos para cá, sendo-lhe inda mais sincero,
desde que tomou a minha "cabecinha" no peito, afagando-me os cabelos?
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 30 de outubro de 2016)
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