COMENTÁRIO DA ESCRITORA POETISA MARIA FERNANDES AO TEXTO //**VAZIO DO NADA - III PARTE**//
Tudo é
efémero nesta vida e mesmo o efêmero se esvai no nada! Esta constatação derrota
por completo toda a ânsia do ser. Meu amigo, deixe-me continuar a pensar no
infinIto, é muito mais confortável e aliciador para o ser. Um grande abraço.
Maria
Fernandes
A
constatação de que na vida tudo é efêmero, o efêmero se esvai no nada é a
"angústia", o "desespero" em seus níveis supremos e
absolutos. O que resta mesmo é "pensar no infinito", escolha
insofismável. Mas a consciência de tudo na vida ser efêmero, o efêmero se
esvair no nada carece estar presente sempre, pois nos acontecimentos do dia a
dia, situações e circunstâncias, o efêmero e o nada renascem. A superação e
suprassunção disto está na entrega solene e radical à construção do "eu"
e da Vida, construção que se fundamenta nas obras.
A
minha leitura de "pensar no infinito" ser mais confortável e
aliciador para o ser é o "sublimar", e a "sublimação" não
cria sendas e veredas para a criação do "eu", do "ser", o
que acontece de fato é exacerbar inda mais a "angústia" e o
"desespero". "Pensar no infinito" é uma vereda, mas a
consciência de que o nada e o efêmero renascem, são a pedra de toque para a
busca do Ser.
Como
de excelência diz a crítica literária, poetisa e escritora Ana Júlia Machado no
ensaio deste mesmo texto escrito por ela: "... é essencial um rumo na
existência". O rumo é a consciência do "nada" e
"efêmero", a busca do Ser, sem sublimações, sem evasões, sem
mauvaises-foi, existir as facticidades e ipseidades.
Um
grande abraço!!!
Manoel
Ferreira Neto.
**VAZIO
DO NADA - III PARTE**
Vazio
de nada. Nada supremo, nada absoluto, nada omnipresente, nada omnisciente, nada
perpétuo, nada sublime, nada de psicanálise do inferno, nada do inferno de
psicanálise, nada de insolências meigas da metafísica, meiga metafísica das
insolências.
Nada
de vazio
Nada
vazio
Nonsenses,
náuseas
Duas
paralelas
Só se
encontram no in-finito.
Seno,
co-seno,
Tangente,
co-tangente.
O
vazio re-colhe, a-colhe o múltiplo, momento inesquecível, inaudível de
re-nascimento, sentir presente o outro que era o mistério atrás do
"eu", enigma atrás dos solipsismos e alteridade do não-ser, até mesmo
lenda atrás das ipseidades das in-verdades, o outro na estrada de novas
contradições, dialécticas, nonsenses, saltitando de ansiedades, desesperos com
a presença do efêmero, sempre na expectativa de que irá esvaecer-se, irá ser
esvaecido a qualquer instante, o vazio é gozador, adora brincadeira, pois
re-vela o outro para esvaecer logo, ficando a sensação de mentira no intimo, a
hipocrisia tem leito de flores no recôndito, regaço da alma, tudo não passou de
falsidade, farsa, aparência, e o efêmero continua tranquilo na sua trajetória
para o nada.
Nada
prepotente. Nada orgulhoso. Nada pomposo. O vazio esvaece-se, o outro que nele
re-nasce esvaece na continuidade do efêmero, morre no encontro imprevisto com
os desejos e vontades da perfeição. De outro em outro, outro dentro do outro,
dentro do outro, dentro do outro, na continuidade do tempo, experiências e
vivências, a perfeição se a-nuncia, re-vela-se, caminha nos campos silvestres,
o verbo do perfeito regencia o eidos da plen-itude. Vácuo das esperanças,
sonhos, utopias, ilusões, fantasias, quimeras, sorrelfas. Só o nada é a
esperança do ser, mas depende do efêmero efemerizar o não-ser da
con-ting-ência, manque-d´êtres e mauvaises-foi, carências, forclusions, mostrar
a solidão plena, nada nasce, nada morre por mim, nada do mundo tem qualquer
sentido, não me preenche os lapsos, a ruminância do silêncio, instante e
momento de pro-jetar o nada, pro-jetar-me na estrada de pós e poeiras das
buscas, o inferno da metafísica presente nas curvas, aclives, declives,
mata-burros e pontes partidas. A psicanálise da metafísica nas dobras dos
momentos de insegurança, indecisão, quando não se sabe se o nada está
nadificando o efêmero, se o efêmero está efemerizando o nada, o vir-a-ser se
tornou o ser-do não-vir, suspenso na ipsiedade do tempo, o vento passando bem
distante - quiça tocasse e levasse para bem longe. Ou se se entrega ao nada, tenha
fé e esperança na sua trajetória e itinerário para as sarapalhas do tempo ou se
se entrega à morte do verbo, nada de nada, nada do nada.
Buraco
negro. Espaço a-poético da verdade. Só nadificando o nada do Ser, o Ser se
revela nada do Verbo, no nada do verbo "nada" a origem, o princípio
das etern-itudes, as efemeridades iluminando e numinando a poiética elísia da
vida, os efêmeros cintilando e brilhando a poiésis paradisíaca do Ser-para os
caminhos do além.
Manoel
Ferreira Neto
(Rio
de Janeiro, 11 de outubro de 2016)
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