*O NADA E A ARTE LITERÁRIA - XI PARTE - **EU POÉTICO* E POETA** - Manoel Ferreira
Traçar um paralelo entre o EU POÉTICO, metafísico, transcendente, e o
poeta, o “escrevinhador” de poesias:
O EU POÉTICO insurge de dentro do poeta, interstícios os mais
abismáticos da alma, nem imaginariamente não sente, o in-audito, o
desconhecido, a intuição, percepção, inspiração como seres espirituais,
divinizados, em cujo Universo passeia entre as figuras de linguagem, traçando o
seu caminho no Espaço-tempo.
Neste sentido, para demonstração, escolhemos um excerto: “Seria que
pudesse o "nada", após o efêmero das quimeras, ilusões, fantasias,
sorrelfas da estética, da beleza esvaecerem-se nele, o "eu poético"
nadificado, encontrando no vir-a-ser alguma pers de esperança do verbo
poiético, entregando-se e superando-se da ausência da eidética sine qua non da
sensibilidade?”
A partir do questionamento acima, inicializa-se o discorrer, ao longo do
texto, sobre a Não Existência do Nada, traçando a inquestionável trajetória
porque passeia o EU POÉTICO no cosmos do universo. nesta viagem re-colhendo e
a-colhendo das paisagens, rumo ao in-finito, o espírito delas, sente a Não
Existência do Nada, o poeta-escrevinhador transpira conhecimento , entregando
sua alma ao “EU POÉTICO”, fazendo, assim, cintilarem os poemas como estrelas no
Uni-verso, cintilando no universo em uníssomo.
Descolando e descolando o poeta do “EU POÉTICO”, mister trabalhar a
imagística dessa dança de versos entre os elementos poéticos.: ”... o efêmero
no nada, resta o In-finito, em princípio mero idílio no horizonte distante,
longínquo, luz ínfima de pectivas para outros sonhos e esperanças, nele
habitando o verbo da éresis do "eu poético",
Instantes do estar no NADA, caminhar ao INFINITO, transcender à própria
alma, buscar um ponto para plainar...
Mas, o vôo é continuo. O NADA é um estado da alma que transita no ir e
vir, feito de part-ículas de instantes que se juntam na construção da
Eternidade, tornando-a Sagrada, divinizando-a no SER!
O NADA é um instante do SER; O TUDO é o fascínio que a Eternidade exerce
sobre ELE.
Cito o grande poeta, escritor, ensaísta, GUIMARÃES ROSA: "Vida é
coisa que o tempo remenda, depois rasga.”
É na força criativa do poeta que se afirma a identidade do “EU POÉTICO”:
“O poeta é um fingidor:
Finge tão completamente
Que chega a sentir que é dor,
A dor que deveras sente” (Fernando Pessoa) .
Para encerrar esta resenha literária e poética, o paralelo entre o EU
POÉTICO, cito outro grande escritor: “Cada um tem duas margens: uma em cada
lado do tempo” ( Mia Couto)
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 15 de outubro de 2016)
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