**O NADA E A ARTE LITERÁRIA - VIII PARTE - LUZES QUE RIBALTAM OS MISTÉRIOS E ENIGMAS** - Manoel Ferreira
Na música, o fenômeno intitula-se "ups-and-downs", quando a
carreira se apresenta e constitui de sucessos e não-sucessos, como fora a
carreira de Joe Cocker, John Fogerty, e tantos outros. Nas letras, o fenômeno
intitula-se "aclipses, declives, contornos da curvas" dos desejos,
vontades, esperanças de encontro com o In-finito, a luz para todas as dimensões
das utopias da Verdade e do Absoluto. Músicos desejam a etern-itude dos sons,
escritores e poetas desejam as perpetuidades dos ritmos, melodias, acordes,
enredos do que trans-cende as tragédias do nada, do que trans-eleva as dores e
sofrimentos aos auspícios, cumes da vida inteira voltada e entregue às
con-templações do espirito, buscas da espiritualidade, travessias da
espiritualidade ao absoluto das vivências vivenciárias e vivenciais da poesia,
poiésis poiética do po-ema dos versos e estrofes.
A palavra num poema quase nada diz, se diz alguma coisa, num poema o que
diz mesmo é o silêncio de entre as palavras que concebem a sensibilidade,
sensualidade. Sons do silêncio que são concebidos no eidos da vida, na essência
da quotidianidade, são a eidética do tempo.
A música é a origem da poesia, é o genesis da poiésis do ser, e a poesia
são o ritmo, a melodia, acorde do In-finito na sua a-pres-ent-ação, re-pres-ent-ação
das dimensões sensíveis rumo, em direção às luzes que ribaltam os mistérios e
enigmas, trans-elevando-os à simplicidade do "Ser" que se revela para
a Vida se iluminar, alumiar de perspectivas do belo e da beleza, incidindo na
terra que revela o mundo, no mundo que a-nuncia outros uni-versos, confins,
arribas do além.
Em princípio, se analisarmos no dito tais palavras, estamos imersos por
inteiro na Dialética do Silêncio e das Palavras, mas se mergulharmos mais
profundamente vamos encontrar a Fenomenologia das semânticas e linguísticas que
re-versam e in-versam as tragédias do nada em poiésis do nada, dizendo, na
ontologia do ser e tempo, querer o ritmo do efêmero e sublime, pervagando as
ad-jacências do inconsciente perene de mistérios, de jogos lúdicos dos medos e
fugas, tripúdios e tramóias do verbo e da carne, Jingle-jangle do silêncio e
dos gemidos Na linguística do pleno, o eterno efemeriza as frestas do tempo na
poiésis do espírito, o absoluto
dissolve os auspícios do sublime - deva guru om, miríades do divino. E
sonhar a música da serenitude, ritmando o poema-soneto dos sonhos, é verbalizar
os sons do silêncio, melodiando a sinfonia da alma, ópera do vazio, deva guru
om.
O eterno passeia no nada, o absoluto footing no vazio.
É que o homem só se real-iza na pre-sença. Pre-sença é uma abertura que
se fecha e, ao se fechar, abre-se para a identidade e diferença na medida e
toda vez que o homem se conquista e assume o ofício de ser, quer num encontro,
quer num desencontro, quer numa realização, quer num fracacasso, com tudo que
ele é e não é, que tem e não tem. É esta pre-sença que joga originariamente
nosso ser no mundo. Mas ser-no-mundo não quer dizer que o homem se acha no meio
da natureza, ao lado de árvores, animais, coisas e outros homens. Ser-no-mundo
não é nem um fato nem uma necessidade no vísivel dos fatos. Ser-no-mundo é uma
estrutura de real-ização. Por sua dinâmica, o homem está sempre superando os
limites entre o dentro e o fora. Por sua força, tudo se compreende numa
conjuntura de referências. Por sua integração, instala-se a identidade e a
diferença no ser quando, teórica ou praticamente, se diz que o homem não é uma
coisa simplesmente dada nem uma engrenagem numa máquina e nem uma ilha no
oceano.
Dissemos que no nível do dito estamos na Dialética da Palavra e do
Silêncio. No in-terdito, temos de mergulhar mais profundo, atingirmos a
fenomenologia do silêncio. Esta fenomenologia do silêncio, que trans-cende o
interim das palavras e silêncio, constituindo o eidos do in-finito, é a pre-sença
que se rea-liza na presença. A poiésis da poesia, a poiética da poiésis da
poesia que, na sua in-finitude, à busca do espírito da vida, se comunga com a
poiéis da prosa, que é a con-tingência dos sofrimentos e dores da alma. abrem
as pers de todas as pectivas-para a con-templaçao no tempo aberto e plenamente
incidido nos limiares do eterno, as inspirações, concepções, percepções,
intuições, enfim o absoluto habitando o não-ser sonhando, idealizando, na
idealização iluminística da dialética do efêmero a liberdade em questão, da
efemeridade da liberdade, a vida em contingências.
A poiética da poiésis da poesia é a busca da realização do fim e o fim é
a plen-ititude da prosa poética da poiésis para a continuidade da busca do ser
no Tempo das contingências e transcendências. Estamos na ribalta da síntese da
poesia e da literatura.
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 15 de outubro de 2016)
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