**VAZIO DO NADA - VI PARTE** - Manoel Ferreira
Tomando consciência do imenso valor de viver plenamente, o Eu re-existe,
conhece, se se reconhece na sua plen-itude. A plen-itude é a solidão. Na
solidão, con-templamos e percebemos que nada humano nos é estranho, o efêmero é
origem do nada, o efêmero se esvaece no nada, o nada são a janela e a veneziana
para o In-finito, o Eu busca conservar o fogo do espírito que habita no verbo
do espírito. Na solidão, diante do estar-sendo no mundo, no ser-aí, nosso
coração de pedra se trans-forma em coração de carne, nossos medos das
con-tingências se trans-formam em cor-agem de prosseguir na jornada sem limite
da busca do Espírito da Vida, um coração rebelde se trans-forma em coração
contrito, e um coração fechado, em coração que se abre a todas as a-nunciações
do vir-a-ser, do futuro. Quando estamos repletos da presença da solidão, o Eu
que se reconhece na sua plen-itude, nada podemos fazer senão eivar o verbo do
espírito com a esperança e o sonho da etern-itude, pois todo o nosso ser dá
testemunho da luz que veio à escuridão, dos caminhos de luz nas trevas. Na
solidão do Eu e por meio dele, não nos afastamos do Espírito da Vida, ao
contrário, aproximamo-nos mais e mais da plen-itude do Verbo Ser.
A solidão faz do homem o Ser-para o Verbo. faz da con-tingência, dores e
sofrimentos, senda e vereda para a Esperança do Ser para o Verbo.
A res-posta que a solidão, o Eu na sua plen-itude, deseja, busca é a
verdade total, realidade, existência e essência comungadas, aderidas, algo que
possa ser abraçado e amado, algo que possa receber a homenagem e o serviço de
nossas atitudes e ações. Não se trata de uma verdade abstrata, que alimenta
apenas o espírito. A vida se nos revela à medida da solidão do Eu. Falar na
solidão é falar no ser e falar no ser é falar no silêncio.
Manoel Ferreira Neto
(*Rio de Janeiro*, 14 de outubro de 2016)
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