COMENTÁRIO-CRÍTICO DA AMIGA MARIA FERNANDES AO TEXTO //**VAZIO DO NADA**//
Só vive no vazio do nada quem não tiver alma definida e suficientemente
forte para procurar na vida algo ou alguém que preencha esse vazio e o ajude a
projectar-se no pleno, na completude e ânsia de infinito.
Um abraço, meu Amigo.
Maria Fernandes
VAZIO DO NADA**
EPÍGRAFE:
A visão do poeta é sonhar!
Seja ao tempo ou ao vento!
Tempo cria raízes de ervas saudáveis ou não!
Vento, flui...
Volátil sempre.
A razão não oprime o que há para se abster, porque tempo é tempo e vento
é vento.
Wal Mor Ma
Vazio do nada. Nada, que, na dança do perpétuo, contra-dança do efêmero,
re-vestido de éritos do absoluto, baila nas sinuosidades dos caminhos
desérticos, ínterins das sombras e claridades, performance das estesias e
êxtases, baile platônico do sensível sonhando o espírito estético do verbo
regente das nad-itudes da imperfeição perfeita, perfeição imperfeita de cujos
úteros nascem a fé con-ting-ente no espírito do verbo.
Vazio que, mergulhando profundo, mergulhando profundo nos absurdos da
mauvaise-foi, manque-d`être, nas estradas frente aos horizontes onde porventura
se encontram cintilantes risos, mas ao longo da jornada vai abrindo abismos
irremediáveis, perde-se a alma, perdem-se os desejos, perdem-se as dimensões
sensíveis. Vazio irremediável. Silêncio pleno da vida. Olhos perdidos, frios
nos universos das con-ting-ências.
Vazio que flora leve e livre à margem dos éritos do tempo, tristezas,
angústias, descontentamentos, desilusões, decepções, peito arfando, mente
tergi-versada para algum canto do horizonte, com os desejos que não são para
serem realizados, que nascem espontâneos no eidos da alma que se projeta
alhures, trans-cendendo os limites da con-ting-ência à busca da luz do verbo
para suprassumir as sorrelfas e quimeras do estar-no-mundo habitado de solidão
e ipseidades solitárias das quimeras do "Ser", alfim entregar-se
plenamente à verdade do efêmero, a bussola para os horizontes distantes, onde
no verso-uno das esperanças e sonhos do vir-a-ser dos in-fin-itivos a vida
re-nasce das iríases do nada, dimensão de síntese da verdade e in-verdde,
pro-jetando-se no in-finito dos volos regenciais da sublim-itude do eterno,
imagística semântica do divino, sombras pálidas flanando nas calçadas de por
baixo das árvores, linguística da travessia do silêncio à solidão do ser,
seren-itude da liberdade para a sabedoria da vida, metáfora da ponte partida
dos mistérios e enigmas do ser-com os inauditos do verbo que se tece de rituais
eidéticos para a continuidade do não-ser desejando o raio numinoso da vida na anti-poiética
poiésis dos versos e estrofes que sin-estesiam as querências, desejâncias da
uni-versalidade do amor, do "sou" nas veredas e sendas do
estar-sendo.
Co-tangentes tangências gerundiadas de sonhos de poetizarem o in-audito,
senos tangenciados de idílios ao tempo ou ao vento, co-senos in-fin-itivados de
dimensões abismáticas criam perspectivas e estratégias de a razão não oprimir o
que há para se abster, criam introspecção cujo objeto é sentir com o sensível o
vento fluindo, volátil sempre, volúveis as sensações que perpassam os eidos de
desejos e vontades... Sonhar... sonhar... sonhar o invisível da verdade, o
visível das coisas inter-ditas. Sentir com a inspiração e linces da intuição.
Verbo-poema da leveza aos sofrimentos e dores que são néctares contingenciais
para as buscas e encontros, sonhos e decepções dos desejos e vontades. Tempo
cria raízes de ervas saudáveis ou não,
tempo cria fontes de águas límpidas ou não jorrando livres. Sonho? O
tempo cria a vida e a vida cria o tempo.
Jornada das volúpias. Se ao lince do olhar do tempo ao vento, o vazio
que nele habita, sendo re-presentado por estrelinhas miúdas, re-colhe e a-colhe
aquis-e-agoras, outroras, levando-lhes na algibeira dos sibilos entre montanhas
e abismos do vale, o vir-a-ser se re-vela nas antípodas do contínuo, é
continuamente que segue a sua jornada. O vento leva o tempo no seu espírito,
cria-se, re-cria-se, inventa-se outro, tempo de "ismos" a esmos,
tempo de desejar outros ritmos e sons dos sibilos, silêncios, tempo do verbo de
sonhar.
Tangentes perspectivas de travessias, co-tangentes estratégias de
passagem nas pontes partidas, poiética poiésis da po-emática poesia do
Verbo-poema da leveza dos sentimentos oníricos da paisagem dos mistérios e
enigmas da alma, dos ideais do jogo da mente, jogo das dialéticas e
contradições, nonsenses e absurdos, em traçar alamedas e terrenos baldios para
a ponte partida não ser mais obstáculo para alcançar o outro lado, seguir a
caminhada, ouço o sibilo agudo do vento na passagem por entre as árvores da
floresta, deixo-me livre, solto, leve,
ao alvorecer límpido, transparente,
Cogitações de significados, sentidos
Travessias - passo a passo conquistas,
Passo a passo glórias, passo a passo júbilos,
Inda que in-verdades às sombras
Do vir-a-ser da morte.
Nada de alma no terreno de vazio, nos becos sem saídas do abismo entre o
tempo e o vento. Nada de baldio entre os éritos e o vir-a-ser, há-de ser,
porvir do nada que posterga os finitos do ser em nome do ente que se prolonga
nos campos líricos e desituídos, desprovidos de sementes, húmus para a eidética
poiética da poiésis do pleno que con-templa a plen-itude do nada.
Manoel Ferreira Neto
(10 de outubro de 2016)
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