#TESTEMUNHO DE UMA VIDA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: TESTEMUNHO
Epígrafe:
Confianças dos "verbos-para" o suceder de
diferentes saberes da querença que somente habita de demandas incorpóreas e
oferta quando a existência é "janela de deleites..." (Ana Júlia
Machado)
Ao longo da História da Filosofia e da Literatura,
filósofos e escritores buscaram definir, conceituar a Liberdade. Diante das
circunstâncias do tempo nas suas tangências sociais, políticas, religiosas,
individuais, conceituaram-lhe com excelência e veemência, são conceitos que nos
levam a outros questionamentos, indagações, perguntas, que nos proporcionam
buscas mais profundas e abismáticas, serão sempre sementes e húmus para a
jornada da Vida e da Existência.
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No meu ponto de vista, a Liberdade do Ser é a raiz
da castanheira da Vida nas suas situações, circunstâncias, no decurso e
percurso da História, na continuidade do Tempo e suas dialéticas. A Liberdade
do Ser é a identidade do indivíduo, a sua consciência dos problemas
contingenciais, dores e sofrimentos, dúvidas e incertezas, inseguranças e
medos, e a busca, esperança de suprassumir-lhes, superar-lhes com a entrega
absoluta aos verbos dos desejos, vontades, sonhos da Vida. Caminho árduo e
contundente, pois exige sobremaneira e sobremodo o mergulho na nossa
inconsciência, assumirmos as nossas condições de limite, de gratuidades,
arbitrariedades, má-fé, fugas, faltas, falhas, forclusions, nossa natureza
humana plena de negatividades. Não um mergulho de passeio e deleite pela
profundidade da alma, seus mistérios e enigmas, mas um mergulho com a verdade
dos ideais de compl-etude, a determinação insolente e meiga de outros
horizontes e uni-versos, nova prosa e nova poesia. Angustia, deprime, desola
quando nos deparamos com as facticidades, dói profundamente as des-cobertas que
fazemos, mas é necessário transcender, sonhar com o que trans-eleva as
contingências, ter esperanças no que há-de vir, ad-vir, sempre re-criando,
criando, inventando outras sendas, outras veredas, outros caminhos do campo.
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Sermos quem somos, embora as poeiras das estradas,
apesar dos limites, fronteiras, obstáculos, assumindo a nossa fragilidade,
nossas fraquezas, viver de quem somos.
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O olhar dos olhos sempre voltados para a
consciência de que não nos tornamos quem somos para o nosso deleite, prazer,
gozo, clímax, não nos tornamos livres para satisfazer o ego, mas para servir ao
mundo, aos homens, à humanidade, despertar-lhes para a existência de outro
mundo diferente do que se está vivendo. A liberdade é o nós: indivíduo e
humanidade.
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Vivo buscando a Liberdade, o Amor, a Consciência de
quem sou, do que represento no mundo. Experiências e vivências adquiri-as ao
longo destas seis décadas de existência, cinco décadas e meia de pena na mão,
buscando traçar outros horizontes, fazer-me, só o Fazer responde pela vida,
Fazer na continuidade do Tempo, das facticidades e das esperanças.
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Sinto que estou iniciando a minha escrita, agora
sei o que fiz de mim, o que faço de mim, o que posso ainda viver e fazer com as
letras, com a vida.
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Se cantei, recitei, declamei a vida, não digo haja
sido fuga, conduta de má-fé, mas inspirado no maior terror, medo que sinto, o
medo da morte. Então, aproximando-se a data de meu aniversário, a paranoia da
morte se faz eminentemente presente, mas para isto tenho explicações reais.
Passado o aniversário, tudo se acalma, tranquiliza. Tal explicação deixo em
suspenso, haverá momento adequado e propício para ela. Nenhuma poesia,
literatura, filosofia preenche/preenchem este medo que habita o mais recôndito
do homem. A eternidade, se alcançada com as obras realizadas, não justificam a
Morte. A existência por sempre seria ridícula, o corpo não suportaria o peso do
eterno, mas poderia ser de outro modo a despedida do mundo. A ascensão aos céus
seria um modo humano.
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Exatamente aos 60 anos, 02 de julho de 2016,
participei a minha mudança para o Rio de Janeiro, para viver junto com Graça
Fontis o amor que nutria por ela, que nutrimos por nós, e a cada dia crescendo
e crescendo e crescendo, e ao longo destes anos, três, conheci o que é isto a
alegria, satisfação, felicidade, prazer, o amor Verso-Uno, tornando-se ela
também a minha Companheira das Artes, Pintura e Literatura/Filosofia. Amor que
perdurará por todos os anos de vida, pela eternidade a fora.
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A Liberdade é o Verbo do Ser que con-duz aos
caminhos do "Nós", amada e amante, escritor e leitores-amigos,
indivíduo e humanidade.
(**RIO DE JANEIRO**, 18 DE JULHO DE 2019)
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