MISSIVA À CRÍTICA LITERÁRIA Graça Fontis - PROJECTO #RE-TROSPECTIVA CRÍTICA LITERÁRIA#
Dirigir-me a você, amada esposa e companheira das
artes, neste Projecto #RE-TROSPECTIVA CRÍTICA LITERÁRIO, no que tange à crítica
literária que desempenha a respeito da obra de minha autoria, creio que o mais
aconselhável seria tomar em mãos um excerto de seu ensaio sobre a prosa "A
VIDA: FILOSOFIA DO NADA VAZIO DE UTOPIAS", isto é, "... no pêndulo a
oscilar os vais-e-vens da vida, a abrigar-nos com os nossos mais íntimos
sentimentos fragmentados adentrados ao espírito rebelde e inconformista."
Nele, encontro janelas abertas para a amplidão do mar, mar de águas do desejo,
vontade, utopia do que preenche os vazios da vida, águas da liberdade e da
consciência, o que preenche os silêncios de mistérios, enigmas,
questionamentos, dúvidas, incertezas, medos.
-----
Há os vais-e-vens de cônjuges no quotidiano das
coisas, e neles os pensamentos não cessam de se movimentar, mover-se, idéias,
ideais vão se acumulando. Os íntimos sentimentos fragmentados, desfacelados.
Nestes vais-e-vens, você pensa a respeito deste espírito rebelde, que rebeldia
é esta de afrontar as dialéticas e contradições existenciais, a rebeldia de
questioná-las, ou até melhor inda, perquiri-las, perscrutá-las, e mesmo na
corda bamba deste trapézio ter cor-agem de equilibrar-me e realizar a travessia
para o conhecimento e saber da existência, o homem por inteiro. Significa que
você observa, contempla, olha-me em todos os instantes, buscando res-postas
para os desejos de saber o homem e a sua arte. Eis que o dom das palavras, a
sensibilidade artística plástica que reside-lhe, você expressa estes
questionamentos.
-----
Aliás, isto pode ser mui bien especificado, quando
escrevemos um texto juntos, percebo, intuo o tom de uma crítica literária, você
a analisar-me, pensar-me, respondendo ser uma de suas intenções, re-velar a
crítica de uma companheira das letras, com quem vive o dia a dia, em todos os
níveis. Ao realizar a sua crítica, a intenção fundamental é inda mais mostrar o
homem por inteiro, com quem vive uma relação de esposa, companheira, e os seus
talentos que a cada instante se desenvolve mais e mais levam-lhe a tecer considerações
e pontos de vista percucientes.
-----
Ambos iniciamos um texto, sem quaisquer discussões,
cada um escreve o que melhor aprouver, é a sua liberdade. Após longo tempo,
você lê o que escreveu, leio o meu. Nosso queixo simplesmente cai: como que os
escritos se encaixam tão bem, se não sabíamos o que o outro escrevia? Um
questionamento que está suspenso, embora saibamos de nossas relações íntimas,
noutras palavras, o entrelaçamento do "eu" e "tu", o
"nós".
-----
Na sua crítica à prosa "VERBO DE INTENÇÕES E
GESTOS", assim diz: ".... o que quer dizer de várias formas e forças
nas confrontações peculiares, por vezes contraditórias, tidas como experiência
única na forma e conteúdos particulares essenciais à nossa existência e na
fundamentação da realidade." A partir deste excerto de sua crítica estive
a perquirir a respeito da fundamentação da realidade, o que me relembrara Karls
Jaspers ter descrito tão bem: o nosso ser patentear-se na realidade humana em
relação a duas potências, a manifestação existencial, a norma do dia e a paixão
pela noite. A norma do dia põe em ordem a nossa realidade humana; exibe
claridade, consequência, fidelidade; sujeita à razão e à idéia, ao Uno e a nós
mesmos.
-----
Fundamenta-se a grande importância nestes prismas
aqui descritos de sua crítica, a questão de sermos cônjuges e companheiros das
artes, por ela mostrar a procura do homem por inteiro, de um lado, você
expressa a vivência desta procura de ambas as partes, sou quem procura o Ser,
você quem procura des-vendar, desvelar-me, o homem e o escritor. Daí a sua
contemplação de minha realidade humana, o homem e as letras, numa vida infinda,
e ela se tornando agitada no mundo das coisas, dos objetos, dos homens a
procurar a claridade.
-----
As suas críticas mostram luzes e cores,
contra-luzes e sombras, que abrem o leque para in-vestigar nos interstícios da
alma isto de não estar vazio, não estar sozinho, por andar comigo mesmo, para
andarmos nós de mãos dadas na vida e nas artes.
-----
Assim é que dirijo-lhe a palavra, amada e tão
inestimável esposa e companheira das artes, a importância de sua crítica nesta
jornada das letras, poesia, filosofia, estética, literatura, nesta querência do
sublime.
-----
A minha eterna gratidão por seu amor, carinho,
entrega, dedicação, por seu companheirismo e amizade.
#riodejaneiro#, 16 de julho de 2019#
Comentários
Postar um comentário