GRAÇA FONTIS PINTORA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA PROSA #VERBO VAZIO DA PERDA#
Seguramente, sem prejuízos, ignorando a perda da
ideia inicial para não perdurar na incompreensão do ocorrido, o escritor Manoel
Ferreira Neto atravessou em átimos de segundos seu período de transição mental,
quando o antes se perdeu dando lugar ao consequente imprevisível ajustado ao
novo pensar "salvador da pátria" de resultado excelente, fruto
rutilante dessa reformulação pormenorizadamente de outra concepção da mesma
chegada até nós com o sabor novíssimo e sem dúvida não nos passando despercebido
seu acolhimento pela notável presença de espírito criativo para alcançar a
culminância idealizada do objetivo, assim nos mostrando não ser mais um
meramente preso à existência literária, e sem desesperos pré-determinados leva
a sério os seus gestos e movimentos intuitivos até à clarividência da proposta
real que caiu na abstração, mas que deu vez ao paradoxo uma nova idealização,
despiu-se do primeiro pensar para se alimentar do que lhe ventila as sensações
mais íntimas a transitarem por suas incertezas momentâneas e existenciais, o
que o torna, meu querido poeta, como símbolo inquietante em nossos dias no
mundo das letras! Parabéns pela versatilidade no trato de sensações... Adorei!
Beijinhos!
Graça Fontis
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VERBO VAZIO DA PERDA
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA
Se bem que o sentido não seria bem este que surgira
à mente em átimos de segundos, esvaecendo-se, contudo poderia considerá-lo como
sendo não inspiração para investigações e avaliações no concernente às
sensações da existência, mas uma idéia a ser des-envolvida, a náusea que inda
não se apresentara.
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Passaram-se várias horas desde esta anotação,
desenvolvê-la-ia mais tarde, calma e tranquilamente, todavia não me surge
ínfima idéia de que sentido me referia, da coisa que anunciou-lhe, perderam-se
no tempo passado. Deveria sentir-me incomodado, irritado, alfim perder idéias
em nada há de agradável, conformar-me é o mais aconselhável, perdeu, está
perdido.
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Não vou deixar o início ao léu das coisas, mister
criar, inventar sentido para ele, não diria tornar-lhe inestimável, de valor
nunca dantes pensado e imaginado, conferindo-me importância, mérito sem limites
e fronteiras, inscrevendo-me o nome nas tábuas da inteligência, sensibilidade.
Provar-me que fora egrégia a perda, dera margem a outros sentidos não imaginado
um dia seria capaz de patentear. Faltam-me o engenho e a perspicácia para
refletir a respeito de idéias, restam-me apenas sentimentos de perda.
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Escrevo a esmo, ouvindo apenas o som dos digitos
tocados pelos dedos, são apenas oito por não me utilizar dos polegares de ambas
as mãos. No ínterim da digitação, a perquirição contundente sobre a razão de
necessitar deste som. Pode até ser que por intermédio dele a idéia perdida seja
de certo modo resgatada, recuperada, mesmo que transformada, as palavras e seus
sentidos querem transformar-me a vida, o que para mim é impossível para elas é
em demasia possível. Não sinto qualquer presença de resgate, encontro-me
disperso e alheio a tudo o mais. Seria pudesse acreditar a cuja-dita idéia
acha-se nas entrelinhas, não se manifesta por o incólume desejo seja
instigar-me a espremer os miolos, conferindo as minhas capacidades. Dons e
talentos não são, fossem, não teria perdido. Nauseia-me jogar fora as palavras
ou desistir-me delas. São verdadeiramente difíceis de serem encontradas, e
significarem as intenções desejadas, queridas.
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Aqui e agora estou pensando quando a idade for um
peso nas costas, não mais conseguir registrar idéias nos versos ocultos da
página em branco, o outro lado da arte literalista, o que farei de minha vida.
Seria o fim da picada ficar só olhando as coisas acontecerem e des-acontecerem,
à espera do fim inevitável, idéias, sentimentos, sensações, emoções,
pensamentos outros, mas impossibilitado de anotá-los, nem dizê-los sendo
possível. Triste isto.
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Retorno ao início, releio com toda atenção e
cuidado. O que mais chama a atenção sendo poder considerar o sentido a náusea
que não se apresentara. Náusea de quê? Após o sentido advém a náusea? Dele ou
da coisa que lhe dera vida? A única coisa a causar-me isto seria a verdade,
viver com a verdade na alma é indigesto, antes as dúvidas, inseguranças, medos,
alfim são húmus para investigações constantes, não se efemerizam, tornam-se
inda mais presentes.
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Não adianta qualquer esforço para pensar a idéia
que se esvaíra, tenho de contentar-me. Deixo, então, o vazio como testemunho da
perda, se ele é tão eficiente como sempre se revelara, com efeito dará vida a
outros sentidos, o outro lado deles, se não a cara, ao menos a coroa, a tiara
que lhes cobre a cabeça da existência e das labutas por algo a patentear seja
prova de que não a passei em brancas nuvens.
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Contenta-me o verbo vazio da perda. Não houvesse
ido dormir após registrar o início, houvesse continuado, teria com genialidade
descrito o verdadeiro sentido da idéia que surgira. Dormi, esqueceu-me tudo.
Isto é normal: algo que me vem à alma, à consciência, deitado, instantes antes
de dormir, no outro dia de nada recordo-me, mesmo que seja palavra única.
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Vão-se os anéis, ficam os dedos.
#riodejaneiro#, 22 de julho de 2019#
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