GRAÇA FONTIS PINTORA, ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA ENSAIA O "OLHAR" E O "MUNDO SUBTERRÂNEO" NA PROSA #A VIDA: FILOSOFIA DO NADA VAZIO DE UTOPIAS#
Levando a vida? Sim, levamo-la, por quanto o hoje e
o agora nos abrigam, cansados sim, mas felizes no pêndulo a oscilar os
vais-e-vens da vida, a abrigar-nos com os nossos mais íntimos sentimentos
fragmentados adentrados ao espírito rebelde e inconformista; eis aqui mais uma
deliciosa leitura de conteúdo puro e inteiramente espiritual ao meu ver a
propor-nos mais que uma visão ótica perfeita na compreensão, há-de se
distinguir com eficácia e esmero onde termina o simples "olhar" e ver
o que realmente deve-se entender no inscrito cravado no mundo subterrâneo do
autor por quando o dele é um, o nosso, outro, sem senti-lo em profundidade,
todo o seu conteúdo e suas premissas seriam como um corpo sem alma e nós
vagaríamos no nada, e aqui nesse processo discursivo deste excursionista munido
do espírito aventureiro pelo espaço sideral à busca da eternidade, a face
reverenciada da eternitude, longe das alamedas, aclives e declives terrenos,
por ora deixando-se levar por esta vida.
Belíssimo texto, amado escritor. Parabéns!
Graça Fontis
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**A VIDA: FILOSOFIA DO NADA VAZIO DE UTOPIAS**
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA
"Levando a vida..." é a resposta à
delicadeza, generosidade à pergunta: "Tudo bem com você?"
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Levar a vida morro a cima, quê penúria! Chega-se ao
topo, a vida tranquila, serena, calma, não fez o menor esforço, e a pessoa
pondo o bofe pela boca de tão cansada, a vida é muito pesada. Mesmo que a
colocando atrás da carroça, a pessoa apenas conduzindo-a, o jegue chega no topo
balançando as orelhas de tão fadigado.
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Mas se há de levar a vida. Leva-se-lhe ou ela leva.
Pelo menos sabe-se para onde está sendo levada. Se nos leva, não sabemos para
onde estamos sendo levado. Levamos a vida para os sete palmos conosco. A vida
nos leva para o além, o além é imenso, amplo, a perder de vista. Despede-se e
ficamos nós a flanar por todo o sempre, assistindo ao nascer do sol, às
cintilâncias das estrelas, aos brilhos da lua, e só sentimos alívio, efêmero,
deixamos de flanar, adormecemos suspensos no ar, quando um poeta recita um
soneto que fala da eternidade sem a presença do eterno, do eterno sem a
presença de etern-itudes.
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E quem responde à delicadeza da pergunta "Tudo
bem com você?" com "Levando a vida..." olha para o infinito,
para o universo, para todos os horizontes com aqueles olhinhos de pulga
amestrada, neles a presença da esperança de a vida um dia levá-la, descansar de
tanto peso, sentir o que é a felicidade, a alegria, o contentamento, a plena
glória das dimensões sensíveis. Pura utopia! Enquanto no mundo, pisando o solo
da terra, sempre levando a vida, e só depois da despedida do mundo e da terra é
que a vida leva para o nada absoluto, no nada não há morro, serra, montanha,
não há planície, não há campo, não há chapadão, não há pampa.
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E se houver, vindo de não sei onde, uma voz perguntando:
"Tudo bem com você?", a resposta não será outra senão "Levando o
nada. Leva-se-lhe ou ele leva..."
#RIODEJANEIRO#, 20 DE FEVEREIRO DE 2019#
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