ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA O POEMA #SUPRASSUMIDO O QUE SERIA DITO SE OLVIDADO# À LUZ DA FILOSOFIA DE HEGEL
Neste
escrito do escritor Manoel Ferreira Neto e artista Plástica e sua esposa Graça
Fontis – intitulado “SUPRASSUMIDO O QUE SERIA DITO SE OLVIDADO” vou analisá-lo
à luz do filósofo Hegel…
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A
convicção sensitiva é vencida e a intelecção alcança o percebimento quando na
sua prática os corpos são capturados como realidade na circunstância de “o
facto de muitas pertenças". Hegel expõe esse procedimento como
suprassumir, e ele assim explica tal procedimento:
O que
apresenta-se o ponto máximo de algo exibe esse duplo sentido verídico que
enxergamos no impeditivo: é ao mesmo tempo um contestar e um preservar. O nada,
como nada disto, preserva a sua celeridade e é, ele próprio, susceptível;
contudo é uma celeridade universal.
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Assim a
intelecção apropria-se a espelhar o ser capturado prontamente pelos sentidos.
No entanto, já é cônscio a convicção de que para que não anule-se no delir das
minúcias, carece assimilá-lo em seu todo. Entende que ao verbalizar cadeira
encontra-se adoptando como ser o que estaciona de todas as cadeiras peculiares,
ou seja, a cadeira rígida, ecuménica.
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Contudo
nesse novo instante, ainda patenteia-se a celeridade da assimilação desse ser.
A indispensabilidade do universal é unicamente em contacto ao que fica na vanguarda
está mediante o que azula dos indivíduos particulares. Dessa forma encontram-se
colocados imparciais para a universalidade, ou seja, frente à paridade enquanto
ser. O que há-de ser se preserva no universal. Entretanto, é imprescindível que
se constituam disparidades fundamentais entre eles, logo se assim não
sucedesse, não existiria esmorecimento dos particulares.
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Quer
dizer, é essencial que no universal sejam arrecadadas tanto a insensibilidade,
que se conserva quando da conduta de desalento dos particulares, quanto a
dissemelhança real entre os seres e pela qual principia o processo incompatível
prévio, onde a convicção sensitiva não facultava conta das divergências entre
os seres, pois a perspicácia da sua erudição era a celeridade da vida.
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Neste
instante, declara-se outro cariz já ai presunçoso, ou seja, a assimilação
instantânea divulga não meramente o ser enquanto imutabilidade, mas igualmente
a sua dissemelhança, aquilo que caracteriza-lhe de todo o excedente.
Forçosamente o ser carece conter em si esse fingimento, mas, essa ligação
antinómica ainda é facultada prontamente. O universal é ao mesmo tempo o
constante e o efémero. Dessa forma ambas acham nele sua paridade e
conjuntamente eliminam-se.
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Mas,
nesse procedimento incompatível, ao conhecimento apercebe-se de que um é
falsidade. O conhecimento tem erudição da cegueira, dessa forma, Hegel
verbaliza-nos seu preceito de realidade é a igualdade-consigo-mesmo, e sua
conduta é assimilar o que é afim a si mesmo. Como ao mesmo tempo o distinto é
para ela, a percepção é um ponto de vista dos distintos instantes de seu
capturar. Mas se nessa verificação emerge uma discrepância, não é assim uma
balela da questão -pois ele é afim a si próprio, mas (falsidade] do
compreender. Logo esse procedimento a intelecção converte-se proprietária de
uma erudição adaptada com esse novo conceitualizar de assunto. O progresso de
sua prática se edificará na sua prova de conservar o objecto análogo a si
próprio, perante um subterfúgio qualquer para privar deste o factor que lhe
permite essa antítese privada.
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No que
concerne Solipsistas da metafísica sem eiras e beiras referido no escrito é a
propensão a asseverar como ser único, o ser do sujeito. Apenas que assim ainda
poderia discernir-se entre o homem como sujeito e um sujeito íntegro ou
transcendental. Embora certas orientações a gnosiológicas imanentistas
compliquem a fundamentação da realidade exterior à noção humana, alvitra que
nenhum filósofo terá sustentado um solipsismo tão completo do próprio Eu.
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Concluo
que é um texto muito rico em orientação filosófica e como sempre complicado em
analisar, ainda acrescentando de ter sido elaborado por dois grandes seres.
Independentemente da minha análise estar bem ou não…Os meus parabéns aos
autores.
Ana
Júlia Machado
Beijinhos
a ambos e um especial da netinha
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Na
Praia da Luz, encontramos minha esposa e companheira das artes e eu o reduto
singular para escrevermos em parceria nossas obras. Nesse sábado, 20 de julho
de 2019, decidimos mais uma vez ir lá escrever. Estive quase por desistir,
preferia estar em casa, mas Graça Fontis insistira, entreguei-me.
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Realizei
então que estava sem inspiração para escrever, ela também de algum modo disse
também estar. Assim iniciei, inclusive sendo o primeiro verso "Sem
inspiração", escrevendo as duas primeiras estrofes. Num instante, li a
primeira estrofe, dizendo que não estava satisfeito, coisas sem qualquer nexo,
sem qualquer sentido. Disse-me ela: "Olha que não é tão sem sentido e nexo
assim. Está excelente." Respondi-lhe: "Acho que estou querendo provar
a mim próprio que não preciso de inspiração para escrever." Terminei as
estrofes, esperei que ela terminasse o seu escrito. Leu. Encaixavam com
justeza. Escolhera ela o título. Perfeito. Descobrira estar fundamentado na
filosofia de Hegel sobre a questão da SUPRASSUNÇÃO. Nem me lembrava da
existência de Hegel, de sua filosofia.
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Hegel
absolutizou a sua filosofia com o dizer: "Todo real é racional e todo
racional é real". Sua filosofia hoje é de suma importância no que concerne
à crítica, através dela a busca de suprassumir o Absoluto. O "Ser do
Sujeito como único" é a crítica nossa, não se deve fazê-lo, como você
mesma disse-o: "Nenhum filósofo sustentou um solipsismo tão completo do
próprio Eu." Mister suprassumir este Ser do Sujeito para alcançar outras
dimensões do Espírito, patenteá-las. Sem dúvida, é um poema de exclusiva
orientação filosófica. E veja bem: Graça Fontis inda não mergulhou no estudo de
Hegel, sendo um de seus projectos num futuro próximo.
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Sua
análise e interpretação está de excelência: abordou com primor o
"eidos" de nosso poema. Quê coisa!... num instante de falta de
inspiração surge poema neste nível!
Beijos
nossos a você e à nossa amada netinha Aninha Ricardo.
Manoel
Ferreira Neto
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SUPRASSUMIDO
O QUE SERIA DITO SE OLVIDADO
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: POEMA
Sem
inspiração
Vertigens
de ideias esparsas
Vertentes
de verbos esvaecidos nas sombras
Distante
o silêncio da ausência de sons
Nada,
travessia vazia
Absurdos
os sentimentos aquecidos na fogueira
Chamas
in-versadas de brilhos amiúdes
Presença
de instantes efêmeros
A alma
suspensa nos tempos remotos da solidão
Falha,
falta, sentido perdido no vai-e-vem
De um
desejo incólume de olvidar
O
esquecimento nos recônditos inconscientes
Onde
palpita o desconhecido da verdade
Onde
ferve o não-ser que começa
No
re-verso das quimeras para alcançar
A
liberdade deslizando solene na paixão
Despe-se,
deste minuto, a veste do porvir
Des-nuda-se
a língua de palavras inter-ditas
No
crepúsculo sombrio e sorumbático
O nada
esvazia-se de dimensões metafísicas
Abisma-se
nas cavernas destituídas de enigmas
Chafurda-se
nas grutas desprovidas de mistérios
Deseja
escafeder-se, ressumir-se no etéreo
A
claridade do mundo incomoda-lhe as vistas
Solipsistas
da metafísica sem eiras e beiras
O
inferno é mais além do cócito dos equívocos
Destros
das gauches inspirações que nada
Inscrevem
nas tábuas do efêmero
Inequívocos
os ventos que sopram a poeira
Dos becos
solitários...
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Sem
inspiração
Esvoaçar
perdido nos jogos da mente
Deixar
a alma ruminar desolada
O que
perdeu nas folhas da memória
Nas
páginas da lembrança esquecida do tempo
Demônios
pervagando desatinados
O
presente que não lhes é cabido
Sem
cabimento os medos
Por que
haveria de tecer com engenhosidade
E
perspicácia o que existe apenas
No que
é incognoscível, ininteligível?
Sumido
ergo as cogitâncias da in-verdade
Dos
tristes trópicos, náuseas utópicas
Balelas,
falácias contraditadas de nonsenses.
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Pelo
prisma inteligível elevo o volume
Atinge
veras cognoscíveis no respiro do espírito
No ar
os respingos contestáveis emotivam, abrasam
Ao
caírem da boca as emoções que o vento traz
E o
eidos do coração expele
No
passo à frente do tempo que o pendulum marca
Nas
fraquezas que movem os instintos
E
importa sofrência, lutas e traves
No
complexo das tintas, formatadas expressam
Dote
primevo dos sons romanesco
República
ansiosa credita lucidez, reluz, é confiante
Na compatibilidade
dos sonhos marginais
A
nortearem fustigâncias as sementes vivas e equilibradas
Na
silenciosidade dos interditos não olvidados...
#riodejaneiro#,
20 de julho de 2019#
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