*CONFERENCIANDO COM AS ESTRELAS - A ESSÊNCIA DA ESTÉTICA*
A chave deste texto de Ana Júlia Machado outra não
seria senão "Que prefiro conferenciar com estrelas do que com
pseudointelectuais". Instante de reflexão sobre o que se apercebe dia a
dia na roda-viva da vida, no movimento das coisas da vida, por vezes dores e
sofrimentos, por vezes alegrias e felicidades, momento de meditação sobre as
experiências, vivências com a roda-viva e movimento das coisas da vida. O que
assimilamos em nós, que sabedoria adquirimos. Lendo este texto, em primeira
instância, pensamos que se trata de uma cartinha à humanidade, conferenciando
todas as experiências, vivências, descrevendo a vida, com a intenção exclusiva
de que ela também medite e reflita sobre os seus caminhos, descaminhos, busque
trilhar outros que não o que está lhe levando a cada passo ao mais profundo do
abismo, ao não-ser insofismáveis. Mas esta leitura não procede pois o rosto da
humanidade não se reflete no espelho das linhas e entre-linhas do texto, a
humanidade não está presente nem em espírito, alma, não está ao redor da autora
Ana Júlia Machado como sempre acontece com quem toma a sua pena para escrever,
a humanidade se apresenta de imediato, com as dores, sofrimentos, esperanças,
medos, seus gemidos, sussurros de angústia, desespero, vai se alimentando dos sonhos,
esperanças, desejos, vontades, fé, da busca da beleza, do belo, da estética, da
consciência-estética-ética, e quando o escritor, o poeta termina a sua obra, a
humanidade se retira, sentindo-se alimentada, saciou a sua fome, as suas
carências. Afastando esta primeira idéia da leitura deste texto, pensamos que
se trata de um monólogo, o que procederia, pois a sua metáfora é "Do que
me apercebo a cada dia que passa", um instante de meditação e reflexão, a
investigação de todos os passos ao longo das trilhas da existência, um
inventário para que continuar a jornada, as experiências e vivências, os sonhos
que necessitam ser realizados para o encontro com a vida, "a essência é a
substância mais estética na existência". É justamente essa essência que se
deseja, que se quer, que se tem vontade de encontrar para alimentar a vida,
para saciar todas as fomes e sedes, a estética é o pão de cada dia, na religião
reza-se para tê-lo, na literatura e na poesia, nas artes, escreve-se, na vida
medita-se e reflete-se. Mas ainda esta leitura não procede, não é a essência do
texto. A autora brinca de coelhos atrás do mato, de matos atrás do coelho,
instigando o leitor a aguçar a sua percepção para mergulhar profundo na sua
essência, não para compreender e entender, pois nas letras não existe isto de
compreender e entender um texto, mas de sensibilizar a alma e todas as suas
dimensões para a busca da espiritualidade, o estético da espiritualidade e a
espiritualidade da estética, que é a si mesma. Mas surge a chave do texto "Que
prefiro conferenciar com as estrelas do que com pseudointelectuais". Eis a
essência do texto. A autora está conferenciando com as estrelas, o que é uma
metáfora, significando que está trans-elevando suas apercepções do dia ao
infinito, à eternidade, buscando espiritualizar-se, evangelizar-se. O infinito,
a eternidade ouvem, escutam, sem apontarem a proficiência ou a falta dela, sem
identificar a moral e a ética, os valores e as virtudes, a consciência ou a
inconsciência, quem o faz é a humanidade. Assim, com o ouvir e escutar do
infinito, da eternidade, no silêncio da meditação e reflexão, a essência da
estética se revela. Só nas "estrelas" se encontra pura e virgem a
essência da vida, a essência da estética que torna a caminhada nas sendas e veredas
do mundo a arte da vida e a vida da arte. Se a autora se recusa a conferir com
os pseudointelectuais é que eles acumularam dogmas, princípios, morais e
éticas, valores e virtudes, teorias, e delas se servem para a crítica da razão
pura, da razão prática, para os juízos, e nestas acumulações simplesmente
envelaram, esconderam a estética, a essência da estética, a vida, as artes.
Todos os intelectuais são pseudointelectuais a priori. O tema da conferência
com as estrelas é o Tempo - alfim, o tempo safa tudo. Não. O tempo nada safa. O
que safa todas as coisas da vida e do mundo é a essência da estética, pois que
ela "baliza comparência em nosso ido".
Manoel Ferreira.
Do que me apercebo a cada dia que passa……
Cada vez mais me apercebo que se adquire erudição
cincando, e essencialmente, com os erros dos distintos, alertam para que não
desperdicemos tempo com eles.
Desenvolver não denota forçosamente ter mais idade.
O que compõe ascender é o berço que se obteve e pelo aquilo que houvemos e
hemos que brigar. O labutar não simboliza apenas auferir dinheiro. A iniquidade
se absconde retro de uma pulcra fisionomia. Que não se aguarda a felícia advir,
mas se pesquisa por encontra-la e mesmo assim, não é fácil. Que quando medito
sabedoria de tudo ainda não conheci patavina, que cada dia é uma surpresa. Que
a essência é a substância mais estética na existência. Querer expressa conceder
a quem me granjeia ou aparenta granjear por completo. Um mero momento apara ser
mais marcante que muitos. Que prefiro conferenciar com estrelas do que com
pseudointelectuais. Estas escutem-me sem me apontar a proficiência ou a falta
dela. Quando ambicionar arrisco divagar além do infindo. Escutar uma palavra de
carinho e igualmente presentear o próximo é benéfico ao espírito. Idealizar é necessário,
mas sem nos convencermos que a vida é somente sonhos, há que ter os pés bem
assentes no chão, para que o desencanto não seja maior do que esperávamos. A
sentença alheia não é relevante. Que o que deveras interessa é aquilo que somos
e não o que os outros querem que sejamos. Determinados dissabores vivem
pespegados em nossos imos, contestando o adágio de que o tempo é terapêutico a
qualquer chaga. A minha verdade, e com certeza que não a dos outros, é que o
tempo não safa tudo, continuamente existirá aquela dor balizando comparência em
nosso ido.
Ana Júlia Machado!
#24 de julho de 2014#
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