**O QUE TROPEÇA NO CÉU É UMA LUA ATÔNITA** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
A coisa não
é tão fácil como se possa imaginar, a dificuldade trans-cende todos os
esforços, capacidades sensíveis e racionais, porém não é de minha índole
abaixar a cabeça, entregar-me, ir catar favas no asfalto que é bem mais fácil e
tranquilo, mesmo que tudo tenha sido vão, os resultados adquiridos re-velem
nitidamente ingenuidades e fantasias, até mesmo tolice desvairada, quem não
admite o óbvio é que algumas cartas extras e escusas pretenda jogar sobre a
mesa.
As leis
naturais do imutável regem toda a história humana, regem as linguagens do dito
e do inter-dito. No memorial registro do ser há descobertas em cada era e
tempo, em cada passo e traço das marcas de frustração e impotência, das
cicatrizes da saudade e melancolia, das feridas abertas das querências e das
ilusões do ser no não-ser das quimeras e fantasias. Na tela iluminada de
arco-íris, o magnífico retrato das diferenças, novidades e inéditos, ostenta no
brilho toda a imagem, desde as perspectivas aos ângulos, no belo encarnado de
poesia, no feio des-encarnado de senso e contra-senso.
Seria que ou
não seria que fora da terra, longe dos olhos, perto do coração, o que zanza no
céu é uma lua tonta com tantas lembranças dobrando esquinas, “no fundo azul na
noite da floresta/a lua iluminou a dança, a roda, a festa...”, recordações
contornando curvas, entornando soluços nas encruzilhadas. Fora da terra,
ausente de mim, o que tropeça no céu é uma lua atônita com íntimos passos em
volta da pracinha de fonte luminosa e moças-memórias na poça dos olhos. Fora da
terra, explodindo em mim, o que desmorona no céu é uma lua em pane cavando meu
peito com seus clarões.
#RIODEJANEIRO#,
15 DE ABRIL DE 2019
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