ADVALDO DA ASSUNÇÃO CARDOSO FILHO MÚSICO GRADUADO EM LETRAS E ADVOGADO COMENTA A 16(DÉCIMA SEXTA) EDIÇÃO DO RAZÃO IN-VERSA - SUPLEMENTO-CADERNO LITERÁRIO-FILOSÓFICO GRAÇA FONTIS: PINTURA
#SUPLEMENTANDO#
POST-SCRIPTUM:
O RAZÃO
IN-VERSA - SUPLEMENTO-CADERNO LITERÁRIO-FILOSÓFICO fora lançado no tablóide E
AGORA?, de Geraldo Magela Abreu, aos 06 de junho de 2008. Por três edições,
continuou sendo publicado na folha deste tablóide, patrocinado por amigos. A
partir de agosto de 2008, tornou-se ele autônomo, sendo confeccionado em
Copiadoras e comercializado mensalmente na cidade de Curvelo e Diamantina por
04(quatro) anos, somando 46(quarenta e seis) edições.
O músico,
graduado em Letras e Direito Advaldo da Assunção Cardoso Filho, diamantinense,
adquiriu a 16 edição, escrevendo esta crítica, inspirado numa crítica que
fizera eu sobre o poeta Raimundo Braga Martins, membro e presidente da Academia
Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa.
Manoel
Ferreira Neto
Na vida, há
coisas diante das quais é necessário se calar. Outras, porém, impingem uma
manifestação qualquer que seja, pois, por sua relevância, incitam alguma
modificação de espírito. Nesta concepção, não há como não falar do
Suplemento-Caderno Literário-Filosófico RAZÃO IN-VERSA, cuja 16º edição pousou
em minhas mãos dia desses, inebriando-me desde ao Editorial.
Tratar do
Suplemento e seu conteúdo, vale reportar-se à natureza de tais publicações e
sua importância na formação cultural das respectivas sociedades a que servem.
Quem ainda não tem guardado algum exemplar, unzinho que seja, do Suplemento
Literário do Minas Gerais, coordenado anos a fio pela brilhante e inigualável
mente de Murilo Rubião?
Suplementar
implica em acrescentar coisa nova a algo. Assim, os suplementos literários
sempre se portaram como base crítico-analítica da literatura produzida em seu
tempo, bem como de resgate de obras outras já consagradas. Isso quer dizer que,
a despeito de uma publicação de literatura crítica, não é publicação de literatura
propriamente dita. O trabalho do Suplemento é acrescentar e dar suporte crítico
ao leitor interessado no aprofundamento da obra literária.
Até que nos
aparece a RAZÃO IN-VERSA, invertendo a lógica e subvertendo a ordem (ou,
invertendo a ordem e subvertendo a lógica)! Este Suplemento é, no seu conjunto,
uma metalinguagem. O suplemento suplementa a si próprio. Faz a crítica
literária na própria Literatura. Faz de si próprio a Literatura. Sem contar
ainda seu viés filosófico incluso e amalgamado nas peças literárias.
Veja lá, por
exemplo, os versos:
“E hoje,
curvado ao
peso dos oitenta anos
três
centímetros a menos,
caso o
pensamento com a razão
e assisto ao
nascimento
do meu
último rebento”.
(O Começo do
Fim, Raimundo Braga Martins, p. 13)
Tal postura
do poeta de plena compreensão da vida e da morte não pode ser rotulada como
conformismo diante do fim próximo, mas reflete a grandiosidade de sua
compreensão da realidade. Tais versos são, a um só tempo, Literatura por
natureza, Filosofia por concepção de vida e Crítica por comprometimento com as
duas anteriores – Literatura e Filosofia.
Não
bastasse, os versos de Raimundo Braga Martins encontram ressonância em outras
páginas do Suplemento. Em “Verdades de Primórdios Tempos” (p.27), o escritor/filósofo
Manoel Ferreira conceitua: “O prolongamento da vida, curto ou longo, é um
pequeno retalho da Glória. A imortalidade é que é de poucos”.
Os dois
autores, como membros de uma mesma academia filosófica, como se tivessem vivido
juntos as mesmas experiências, demonstram, cada um a seu modo, uma compreensão
de vida e da morte como fenômenos naturais e a grandeza humana de ser agente
criador. Essa grandeza da criação humana é que lhe concede a superação da
morte, do desaparecimento total. Essa grandeza da criação humana e seu poder de
superação está no “nascimento do meu rebento” de Raimundo Braga e no “pequeno
retalho da Glória” de Manoel Ferreira.
O
Suplemento, enfim, está repleto desta universalidade de compreensão do mundo,
da vida e da morte. Mas uma pequena resenha crítica como esta não comporta a
menção de todas as qualidades da obra, para a qual seria necessária a
elaboração de um Tratado de vários volumes.
Não se
deixar de registrar, no entanto, a doçura dos poemas de Ludmila Paixão e Marize
Lemos Silva. A instigante poesia de Maria Ernestina Moreira Barbosa, Sara June
da Silva Ferreira e Clélia Correia Leão. A prosa despojada e reflexiva do
cronista Marcos Antônio Alvarenga. O texto hermético e ferino do
escritor/filósofo Manoel Ferreira Neto, contrastando com o didatismo dos
ensinamentos de Paulo César Lopes. Há ainda a publicação da XVI parte do
Romance “Corcovado de Esperança”, do Manoel Ferreira, a que me eximo de
comentar, para não incorrer na injustiça de julgar o todo pela parte apenas.
Retomo a
idéia inicial de que o RAZÃO IN-VERSA se supera como Suplemento Literário. Faz
Literatura por si próprio, sem abandonar a vocação crítica das publicações
deste gênero. Não é por outro motivo que este Suplemento já encontra caminhando
para a 17º edição, sendo-lhe ainda reservadas muitas edições futuras como
sedimentação de seu sucesso, merecendo, urgentemente, ser material de manuseio
constante no meio acadêmico, e não somente das faculdades e universidades de
nossa região sertaneja.
Como é próprio
deste Suplemento inverter a lógica e a ordem, subverto os versos da poetisa
Sara June da Silva Ferreira para afirmar que, se “As coisas de sonhar não são
palavras” (p.16) é porque estas, as palavras, demandam concretização, assim
como os sentimentos. E se o mundo não admite como lógica a concretização das
coisas abstratas, vamos à desobediência. Vamos à subversão da ordem. Busquemos
uma RAZÃO IN-VERSA.
Advaldo da
Assunção Cardoso Filho
Junho/2009
Diamantina,
05 de junho de 2009
#RIODEJANEIRO#,
13 DE ABRIL DE 2019#
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