#PROFUNDA ETERNIDADE#💫 GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Se a minha
ira sem limites e fronteiras, algum momento inusitado e inédito, destruiu
sepulturas sagradas e proscritas, removeu marcas de porteiras de estradas do
sertão e fez deslizar aos abismos pontes suspensas...
Se o meu
escárnio aos dogmas e preceitos, às hipocrisias e farsas, algum dia,
disseminou, com um bafo palavras fétidas e apodrecidas pelo uso descomunal e
viperino, se cheguei como rajada de ar fresco em manhã de inverno para antigas
e funguentas câmaras tumulares...
Se a minha
indiferença aos pensares e agires das lídimas posturas e condutas, às finesses
e diplomacias da moral e ética que conservam as relações de amizade e
reconhecimento entre os homens, entre os doutos ou simplesmente atoleimados...
Se a minha
náusea aos valores que atravessam as eras, gerações, tempos, e asseguram o
bem-estar, a tranquilidade, a morte serena e suave, sastreiam a liberdade
ilimitada e consciência inconteste...
Se a minha
desconfiança à pureza dos sentimentos que tecem a profundidade abismática do
ser, que alinhavam os mistérios e enigmas das contingências da dor e do
sofrimento, dialéticas da verdade e in-verdade...
Se a minha
irreverência com os ideais do caos e do absurdo que encobrem as futilidades e
incapacidades humanas, utopias cristãs e pagãs que elevam a alma aos auspícios
do nonsense....
Se o meu
silêncio incólume ao que nada pode trazer de benefício ou bem-aventurança aos
desejos e vontades do eterno e imortal, ao que não contribui mínimo que seja
para a superação das carências e ausências do sublime...
Se, alegre e
saltitante, me refestelo onde jazem enterrados, quiçá não restando mais único
grânulo de cinza, deuses dos tempos de Zagaia, e batizo o mundo com a água das
sarjetas subterrâneas e venero o mundo ao lado dos monumentos e bustos e
mármore de gênios inconsequentes e decadentes...
Oh, como não
deveria eu aspirar à eternidade, almejar todas as virtudes do desconhecido,
sonhar todos os méritos além do bem e do mal!...
#RIODEJANEIRO#,
30 DE ABRIL DE 2019#
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