ETERNOS CAMINHOS DO CAMPO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: CRÍTICA JORNALISTICA
Post-Scriptum:
Estando em
Curvelo para a comercialização de meu Razão-In-Versa - Suplemento-Caderno
Literário-Filosófico, recebi das mãos da jovem Sarah Amaíse Rodrigues Valgas, a
Antologia Poética "Nossos Poemas", poemas escritos pelos alunos da
Escola Estadual Bolivar de Freitas, projeto Ler e Interagir, 2º Ano 1, pedindo
que lesse. Li-o e escrevi esta crítica jornalística, tendo sido publicada na
Edição seguinte.
Procurei o
diretor, Rodolfo, por três dias para entregar-lhe a Edição. Estava sempre
ocupado. Tenho certeza de que alguém mostrou ao Rodolfo a crítica. Outro
diretor teria, com efeito, chamado à Escola Estadual para agradecer, não o fez.
Encontrei-me com ele diversas vezes pelas ruas em meses sequentes, nem me
cumprimentava. Fosse algum dos membros da Academia Curvelana de Letras, teria sido
chamado para um encontro com os alunos, mas tendo sido eu nada fora dito, isto
porque num texto intitulado COVIL DE Gênios, assim denominei a Academia, a
grande maioria dos membros são políticos, não escrevendo nem bilhete, e são
imortais. Rodolfo teve medo de queimar o filme com os políticos da Academia.
Manoel
Ferreira Neto
Picasso
dissera que é preciso muito tempo para ser jovem. A vida exige e impõe ao longo
dos anos amadurecimento para enfrentar as situações difíceis, superar os
problemas, tornar-se outro, viver o outro que nos habita o espírito. O ser
jovem, sonhador, inocente, ingênuo, puro vai sendo esquecido, vai sendo perdido
ao longo das situações e circunstâncias da vida.
Perdem-se o
sonho, a inocência, a ingenuidade, pureza, tornando-se homens problemáticos e
conflituosos, dores e sofrimentos perpassam-lhes a vida inteira. Numa curva do
tempo, a necessidade de res-gatar o que fora perdido, viver o que não foi
vivido, sentir o que não foi sentido, a busca inocente do amor, amizade, compaixão,
solidariedade.
O que é isto
– ser jovem? Sonhar com as real-izações, desejos e vontades concretizados?
Desejar o encontro da amizade sincera e real, do amor verdadeiro? Viver a
felicidade, alegria da entrega ao outro, comunhão que trans-cende as contingências,
dores, sofrimentos, real-izando a espiritualidade?
Nossos
poemas, título da antologia de poemas, escritos pelos jovens alunos da Escola
Estadual Bolivar de Freitas, projeto Ler e Interagir, 2º Ano 1, mostra e
re-vela de modo eficaz a sensibilidade, intuição da vida, o que ela nos pode
pro-porcionar a partir da entrega real às buscas e desejos tantos que nos
habitam. Mostram e id-(ent)-ificam as características, estilo e linguagem dos
“novos” escritores, verdadeira imagem através de que se pro-jetam os caminhos
do campo, caminhos de sensibilidade, intuição, percepção, caminhos de sonhos e
buscas, de encontros e desencontros, de aprendizado e compreensão das letras, o
que elas significam na vida, o que elas são capazes de fazer para o nosso crescimento
espiritual e humano, humanitário e evangelizador.
Certa vez,
um jovem perguntara a Dostoiévski, escritor russo do século XIX, o que era
preciso para ser escritor. Respondera-lhe Dostoiévski, inspirado em sua própria
vida: “È preciso sofrer, sofrer, sofrer...”. Nesta antologia, id-ent-ifica-se
com espontaneidade alguns jovens que realmente a-nunciam e a-presentam dons
artísticos que, ao longo do tempo, a partir da entrega às letras e à vida,
pro-porcionarão trans-formações e mudanças reais nos homens. São jovens, sim...
Jovens sonhadores e sensíveis, jovens que sonham com outra realidade que não
esta que vivemos em nossa modernidade. Se estes jovens me fizessem a mesma
pergunta que fora feita ao imortal e eterno escritor russo, não titubearia um instante
sequer para lhes res-ponder: “Para ser escritor, é preciso amar os homens e a
humanidade, desejar contribuir para as mudanças sensíveis e espirituais”.
Faz-se
mister sim cumprimentar a Escola Estadual Bolivar de Freitas por este PROJETO
“LER E INTERAGIR” que visa essencialmente a des-coberta dos novos valores
artísticos em nossa comunidade curvelana. Ressalto aqui uma dimensão que
perpassa toda a antologia, dimensão esta que acredito haver sido orientada
pelos educadores e professores: o mergulho na própria intimidade, a busca do
eu, a busca do conhecimento de nós mesmos. Sem este mergulho em busca de nossa
vida, nossa realidade, impossível mesmo qualquer letra, poema, conto crônica,
romance, impossíveis a beleza, o belo, a estética, ética e moral, e o mais
importante ainda, impossível a literatura. Com esta orientação, os jovens
poetas manifestam os mais profundos desejos e sonhos, utopias e vontades, dores
e sofrimentos, alegrias e felicidades.
Nos últimos
tempos de minha carreira de crítico literário, analisando as obras de nossos
escritores já conhecidos e alguns desconhecidos, venho me perguntando pelos
jovens, pelas escritas dos jovens. Conheci e comentei neste tablóide Centro de
Minas um poema da jovem Carolina Diniz Guimarães, filha do nosso prefeito
Maurílio Guimarães, um encontro lindíssimo com a sua sensibilidade. Pensara
comigo haver sido o único comentário a respeito de uma jovem. Desejava muitos
mais. Seria verdade não haver mais jovens que desejam trilhar os caminhos das
letras? Não podia acreditar nisso, e tudo me indicava ser preciso acreditar, os
valores materiais em nossa modernidade são os mais imprescindíveis. Ninguém
mais quer saber das letras, quer enveredar-se nos caminhos delas.
Recebendo
esta obra da aluna Sarah Amaíse Rodrigues Valgas, pedindo apenas para ler,
conhecer os poemas que os alunos e amigos publicaram nesta antologia, fiquei
mais do que alegre e saltitante, fui tomado de uma felicidade sem precedentes.
Não apenas por me questionar a respeito das letras dos jovens, mas por me deparar com
verdadeiros dons artísticos, sensibilidades e espiritualidades profundas,
desejos e vontades de vida real, de sentimentos e emoções íntimas. Conhecer
estes jovens, suas letras e seus sonhos, tornou-se para mim res-gate de minha
própria juventude, mergulhar nos sentimentos e emoções que me perpassavam,
sonhos e utopias, desejos e vontades. Aos cinqüenta e um anos de idade, lendo
esta obra senti-me novamente jovem, adolescente, quase que a inocência e
ingenuidade tomaram-me por inteiro, mas com certeza a pureza dos sentimentos
fizera-se presente em minha vida.
Sendo
jovens, desejosos de vida e realidades, os temas e temáticas a-presentados não
seriam outros senão os sonhos, o amor, a amizade, o ser amigo, a vida, etc.,
etc. Assim, id-“ent”-ifico algumas passagens de alguns jovens-poetas pela
linguagem e estilo poéticos-poiéticos, verdadeiros novos valores de nossa
Literatura Curvelana – encontra-se nalguns poetas curvelanos a linguagem poética,
mas linguagem/estilo poiéticos não se encontram neles. Diria mesmo que alguns
escritores nossos estão precisando aprender a escrever com estes jovens, a
literatura precisa de re-novações, e são estes jovens que podem mostrar a estes
alguns escritores o que é isto escrever com sensibilidade e espiritualidade.
O que é isto
– ser amigo? Responde-nos Luiz Felipe Siste: “Ser amigo de verdade, é
compartilhar segredos/, ter alguém com quem possa se abrir...”. O que é isto –
a verdadeira amizade? Responde-nos Tâmara Mendes Lucena: “A verdadeira amizade/
faz nos enobrecer/de sentimentos, enriquecer/, pulsar o coração”. Sobre a vida,
diz-nos Felipe Moura Costa: “Devemos abrir nossos olhos às conquistas/;
conquista da confiança, de um amigo,/ da sinceridade do colega, do amor à
namorada”. E Talita Líbano de Souza em Desilusão fala-nos de que é feita a
vida: “A vida é feita de sonhos e ilusões/,para disfarçar a tristeza/deixamos
nos levar pela beleza/, de doces palavras vãs”. E sobre a Inspiração do Amor, o
que nos diz Sarah Amaíse Rodrigues Valgas: “Não há vitória sem luta/não há
caminho sem dor/mas o que tudo suporta/é o Amor”.
A exigüidade
de espaço no tablóide impede-me de mergulhar fundo nesta antologia dos jovens
poetas, mas assevero com honra e dignidade que são outros valores artísticos,
são de-monstrações de sensibilidade, de amor, de solidariedade com os homens e
a humanidade, são revelações íntimas da alma humana, e o mais importante é
a-“núncio” da espiritualidade. Todos estes jovens são portadores de dimensões
profundas da vida.
Desejo aqui
cumprimentar a todos estes jovens, com efeito são portadores de dons
artísticos, todos os poemas são eivados de sensibilidade, apresentam valores os
mais divinos e reais. Desejo também deixar-lhes uma mensagem: “Escrever, meus
queridos novos poetas, é a aventura da sensibilidade e do amor, aventura que
nos leva aos eternos caminhos do campo”. Desejo mais uma vez cumprimentar os
professores e educadores da Escola Estadual Bolivar de Freitas por este
Projeto, dizendo-lhes que continuem a incentivar e a reconhecer os nossos novos
valores. Desejo muitas conquistas e realizações àqueles que enveredarem
realmente neste caminho tão lindo e maravilhoso que são as letras.
Felicidades,
meus queridos jovens poetas!...
#RIODEJANEIRO#,
15 DE ABRIL DE 20119#
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