ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA A PROSA #ARTE NÃO É APENAS PARA LOUCOS#
No texto do
escritor Manoel Ferreira Neto intitulado ARTE NÃO É APENAS PARA LOUCOS - Tenho
a dizer que estes temas eu amo de verdade. Pois eu acho que loucos são
exatamente aqueles que levam inúmeros livros para as bancas, porque lidam com a
falsidade, não com criatividade. Mas, infelizmente, na era em que vivemos é o
que vende. Falar dos outros sem os encarar é que é de saúde mental…Eu mesma, já
fui apelidada de louca por amigos muito chegados, estava a ler um texto meu…e
disse para a esposa” A júlia não está bem…escreve cada coisa e nem dá para
perceber…" pois é…é que quem não for minimamente “louco” pouco entende…
Muitos que no pretérito foram apelidados de doidos, comprovou-se após seu
fenecimento que a arte, seja ela qual for, lhes servia para exorcizar o que
sentiam… só hoje, é que são reconhecidos, como já é o trivial…depois de morto
faz-se a homenagem.
Em relação a
Van Gogh chegou-se à conclusão que a existência do criador, localizando-o no
seu período e área e ainda reconhecendo a sua intelecção do âmbito sentido e as
sensibilidades originadas na produção primorosa, elaborou-se a suposição de que
a arte trabalhava na vida do artista como um comportamento curativo e
mantenedor da sua estabilidade.
Em contenda
com os debates vitais, a ansiedade pela tirania do meio e o violento
isolamento, tudo era contrabalançado pelo método de invenção. Vincent revelava
o sublime, apesar de intimamente vivenciar provas radicalmente divergentes do
seu assentamento primoroso. Ele destinava a volatilização como um molde
vantajoso para escapulir-se do debate da recusa.
A sua
preocupação do planeta era formidável, apesar de não alcançar a anuência do seu
génio. Encarava que, em algum instante, o seu serviço seria compreendido e
preferivelmente estimado, continuando no período e sendo perpetuado.
E assim
sucedeu, não obstativo a parca durabilidade da existência do criador e a
diminuta duração para a sua realização. Ele licenciou um amplo feito depois
reconhecido e de valia monetária inestimável. Inclusivamente os seus rascunhos
são muito pretendidos e batalhados no comércio artístico.
As
colorações eram acossadas por ele de uma feição imaginada nas suas
representações intelectuais. Elas atestavam com animação o fundamento que
encontrava-se sendo colorido, metamorfoseando a sua existência nebulosa. Na
tela, este fundamento ganhava um novo ar com a tonalidade exaltada do artista.
Este é o facto das estirpes e cepos de árvores, sua derradeira tela executada,
numa circunstância de extremo padecimento, porque ele sabia que não seria mais
exequível fantasiar.
Vincent
originou, em seu serviço, a vida, a qual foi transparecida durante toda a sua
produção, até quando serviu-se da arte como forma de delação da aperreação
sociável, enaltecendo o trabalho que sublimava o homem e revelando, ao mesmo
tempo, a sua especulação.
Em seus
instantes mais tormentosos, ele regenerava-se desta condição emotiva quando
agenciava averbar exteriormente, assinalando a pintura com os teores
originários do seu privado, transformando-os por um embate exaltado de
formosura, que pode ser reconhecido pelos analistas do seu serviço.
Quem expôs
uma narração de existência atestada de reprovações, sentenciado a viver no mais
completo isolamento, conquistou, meramente pela elevação, subsistir a essa
presença. Venceu-a com ousadia, num percurso consumado, autonomamente do seu
universo ameaçador, inconsciente das reimpressões de existências, a do irmão
Vincent extinto, a do tio Cent e a do avô campino, todos os Vincent da sua
biografia.
E deste
grande pintor muito haveria a dizer…mas já basta para entender o porquê de
apelidado de louco.
Os eremitas
do despovoado asseveravam que era imprescindível licenciar a mão dos anjinhos
operar.
Para isto,
de vez em quando compunham factos paradoxais, como conversar com flores ou
gargalhar sem fundamento. Os lunáticos cursam os “indícios de Divo”; vestígios
que muitas ocasiões não completam significado, mas que finalizam transportando
a algum local.
O douto
profere que não haja receio de ser apelidado de demente, componha agora algum
facto que não ajusta-se com a coerência que você assimilou. Desagrade um parco,
o procedimento empenhado que lhe designaram a possuir. Esta minúscula
realidade, por mínima que seja, pode desobstruir as entradas para uma enorme
proeza, sensível e intelectual.
E, por aqui
fico…não é que não haja muitos mais exemplos a dar e falar o porquê deles terem
sido considerados loucos e mais tarde chegar-se à conclusão que com certeza é
louco aquele que não consegue ser criativo, que não faz coisas fora da
norma…que aceita tudo e todos…esse é doido…vive na hipocrisia e no mundo do
faz-de-conta.
Que seja eu
louca muitas vezes. Pois só confirma que não são ovelha de um rebanho.
Parabéns
pelo texto, Manoel Ferreira Neto…com certeza apelidado de mais um louco…mas
daqui a uns anos tem o mérito…se calhar não vai é saber dele…
Ana Júlia
Machado
E não apenas
um #LOUCO MANSO#, Aninha Júlia... LOUCO QUE INCOMODA O MUNDO DAS HIPOCRISIAS E
DAS ARTES RIDÍCULAS.
Beijos
nossos, querida!
Manoel
Ferreira Neto
ARTE NÃO É
APENAS PARA LOUCOS**
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA
Não é a
loucura que vejo e observo num quadro de Van Gogh, a sua esquizofrenia, ou a
epilepsia num romance do mestre Dostoiévski - o único que me administrou as
lições das máximas mínimas da contingência, ipseidade, facticidade, em termos e
perspectivas o símbolo, o signo da alma humana, mas a expressão livre de um
homem, o dizer espontâneo de um indivíduo, a expressão livre de seu ser – só
assim numa obra de arte me re-conheço, pro-jecto-me a outras visões e
consciências do que sou, de quem sou, só assim numa obra de arte sou capaz de
trans-cender e ver além de minha contingência, dores e sofrimentos, alegrias e
felicidades, de meu estar-no-mundo, de sonhos e esperanças da eternidade, do
eterno da morte e de cinzas, só assim numa obra de arte posso sentir que a
criatividade me eleva e me real-iza, transforma-me, torna-me outro na outridade
de meu íntimo e de todas as suas dimensões de êxtases e prazeres, na alteridade
dos recônditos e regaços dos instintos ávidos de poder e liberdade, desejos e
vontades, querências outras. Além de que nem todo o louco ou epiléptico,
esquizofrênico é artista, a arte não é apenas para loucos, epilépticos,
esquizofrênicos, esquizóides, hipócritas e imbecis, bufões; na arte, porque na
escrita qualquer um deles pode fazê-lo.
Os
hipócritas e os imbecis são os que mais tem livros nas estantes das livrarias,
os esquizofrênicos mais se ajuízam os imortais, os que mais se aproximam da
verdade, embora se lembrem de que o real só exista na imaginação fértil.
Toda a
real-ização, por superior, implica o estar-no-mundo, ou seja a presença de um
corpo nele. Pobre bocado de carne tão perecível, tão degradado na miséria que a
cada instante o corrói ou ameaça.
(**RIO DE
JANEIRO**, 29 DE ABRIL DE 2019)🕵️
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