#MEU CARO AMIGO, ESCRITOR MANOEL FERREIRA - MISSIVA DE D. ERNESTINA BARBOSA# Manoel Ferreira Neto: FOTO(Tirada num barzinho do centro da cidade de Cordisburgo na minha visita à Academia e Museu de Guimarães Rosa)
Cordisburgo,
04 de março de 2009
Meu caro
amigo,
Escritor
Manoel Ferreira
Saudações
Roseanas!
Agradeço-lhe
o Caderno Literário nº 09, bem como o adendo, que me enviou.
Podemos
dizer que estamos diante de mais um estudioso e pesquisador da obra do escritor
João Guimarães Rosa. Aplausos!
Dizia-me o
caro amigo conhecer pouco sobre o autor, mas pude perceber que o pesquisador
vai muito bem e estudou com real desvelo a obra de João Guimarães Rosa. Não me
surpreendi, pois creio no talento e na capacidade do amigo Manoel Ferreira.
Certamente novos estudos serão feitos, pois creio eu na busca incessante do
estudioso.
Para mim
Guimarães Rosa é o maior escritor de todos os tempos. A constante Deus/Diabo,
as indagações do ser humano, as travessias, o próprio pacto com o Diabo
traduzem para mim as inquietações do ser humano.
O ser humano
ainda precisa crescer muito para entender o “Viver é muito perigoso”. Viver é
um perigo constante, ameaçador, desafio que arranca e se alastra no íntimo de
cada um. Não há um sentido exato para cada termo em Guimarães Rosa. “Pão e
pães...”? poderia ser “coração ou coraçães”?
Ao
iniciar-se a leitura da obra de Guimarães Rosa, estamos iniciando uma
caminhada; solene caminhada. E quantas descobertas, meu amigo!
Pergunto:
serão os loucos, loucos mesmos? Ou serão eles manifestações de um “eu” não
satisfeito com o mundo real? A história de Guimarães Rosa é real, é o retrato
do cotidiano sertanejo. Existem “mil e muitos” Miguilins por aí, sem enxergarem
a nossa realidade.
Estamos
diante de vários problemas. É a questão da saúde, e o desemprego, é a
prostituição, é a corrupção, é a incompetência, os desajustes familiares, etc.,
etc. Mas e daí?
Diríamos que
Guimarães Rosa aqui, hoje, no contexto social, político e religioso escreveria
o mesmo Grande Sertão: Veredas, inserindo muitos amigos nossos como
protagonistas de cenas incríveis. Não sei se Miguilim usaria óculos ou lupa.
Não sei também se contrairia AIDS!
Sem dúvida,
carecemos de acordar de algum encanto ou de vários encantos.
Certamente
novos termos seriam inseridos ao vocabulário e o sertanejo usaria capacete e
tênis. A paisagem constante de eucalipto e o cavalo substituído pela moto. Os
fornos de carvão continuariam a aquecer o mercado Gusa, pois que este é o
retrato do atual sertão. Homens economicamente fortes apareceriam com carros
luxuosos por que o lucro é muito importante. A questão dos impostos seria
discutida seriamente e o romance ficaria na mente dos mais sensíveis. Isso tudo
é a minha opinião.
Diadorim
usaria lentes e seus olhos variariam de cor como acontece com as meninas hoje.
Acha o
senhor que estou certa?
A obra de
Guimarães Rosa faz-nos transcender todos os espaços.
Quantas
meninas de lá encontramos por aqui, vislumbrando um amanhã mais florido e uma
chuva de realizações!!!
Paro por
aqui, pois se continuar outras reflexões virão. Até a próxima.
Maria
Ernestina
#RIODEJANEIRO#,
15 DE ABRIL DE 2019#
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