#DA POIÉSIS AO “SER FELIZ# Manoel Ferreira Neto: CRÍTICA LITERÁRIA
Post-Scriptum:
Após alguns
dias de ter visitado a Academia Cordisburguensa de Letras Guimarães Rosa, como
Embaixador da Cultura Curvelana, D. Ernestina publicara um poema no tablóide
curvelano E Agora?, intitulado SER FELIZ. Escrevera esta crítica e enviei-lha
via correio.
Manoel
Ferreira Neto
O que, com
efeito, pode sensibilizar os leitores é escrever sobre isto de “ser feliz” –
esse desejo profundo que nos habita de experienciar e vivenciar em nossas
relações com o próximo, com o mundo, o nosso ser feliz, revelar a felicidade de
nosso ser, a nossa vida ser de prazeres e alegrias suntuosos e esplêndidos -,
inspirado no poema SER FELIZ# da poetisa e escritora Maria Ernestina Moreira
Barbosa, fundadora e membro da egrégia Academia Cordisburguense de Letras
Guimarães Rosa.
A vida de
Nosso Senhor Jesus Cristo fora por inteiro entregue às Palavras de Deus,
palavras que, se vividas realmente em sua profundidade, orientam-nos a vida,
revelam-nos o Amor, a Solidariedade, a Compaixão, pedras angulares que nos
trazem à superfície da vida e de suas circunstâncias e situações a felicidade
de nosso ser, o ser feliz por que tanto desejamos, ansiamos. A felicidade que
conquistamos fundada no Amor, Solidariedade, Compaixão culminará em nossa
Redenção, Ressurreição, no Paraíso Celestial, a “casa ampla” que Deus reserva a
todas as suas criaturas.
Amiga íntima
e artista-plástica, Martha Moura, diamantinense, numa de nossas conversas,
disse-me que, em verdade, em verdade, o que os homens desejamos mesmo é
encontrar o modo de sermos felizes, os caminhos que devemos trilhar em busca da
felicidade, de nosso paraíso. Disse-lhe: para encontrarmos o modo de sermos
felizes, em primeira instância devemos ter, mesmo que ínfima, noção do que é
isso a felicidade, o que é ser feliz. E sabemos? Temos alguma noção? A nossa
modernidade com os bens materiais, os prazeres e alegrias efêmeros, os desejos
arraigados na carne e nos ossos do poder, da superioridade sobre os outros,
distanciou-nos ipsis litteris dos questionamentos e buscas espirituais. Esquecemo-nos
de nos perguntar: o que é isto – ser feliz? Que caminho devo seguir para
alcançá-la verdadeiramente?
Dizia isto à
inestimável amiga Martha Moura, sentindo profundamente, no mais íntimo, feliz
com a nossa conversa – não era apenas uma felicidade momentânea, um instante
efêmero do ser feliz, pois aquele encontro, os questionamentos que nos faziam e
nos mostravam nítidos e transparentes o nosso desejo de sermos felizes,
seguir-nos-íamos todos os passos, habitar-nos-íam nossos espíritos, e sempre nalgum
momento a lembrança, a recordação, a memória de nosso encontro e nossos
questionamentos, a presença forte e real de reflexões, meditações. A título de
exemplo, dizia-lhe eu, encontramos os dois o modo de sermos felizes, o modo de
buscarmos a nossa felicidade plena e absoluta, que não está no mundo, habita a
trans-cendência, na nossa morada na “Casa do Senhor”: encontramos as artes, e a
partir de nossos dons, eivados de origens, princípios espirituais, humanos e
humanitários, seguimos a nossa longa jornada. Somos felizes, resta-nos
conquistar a “felicidade plena e absoluta”, e isto só será possível de
real-ização, se, em verdade, em verdade, nossas vidas estiverem entregues ao
nosso próximo, ao outro, desejando o encontro dos homens, da humanidade, mostrando-lhes
caminhos, possibilidades, probabilidades de outra vida que não esta que vivemos
no mundo, especialmente em nossa modernidade. A sagrada face do artista é o
outro, o próximo.
Faz-se
mister o mergulho sincero, real e verdadeiro, em nós mesmos, conhecermo-nos por
dentro, desejarmos o encontro de nosso eu, quais são as nossas verdadeiras
utopias, sonhos, desejos, vontades, para que possamos pré-s-{enciar} a
felicidade que habita nosso ser, o desejo de nosso ser da felicidade.
Caríssima
amiga, Ernestina Moreira, você, imbuída de sensibilidade e espiritualidade,
sedenta de pré-(s)-enc-iar a felicidade dos homens, da humanidade, sentirem a
alma e o espírito, conhecerem a espiritualidade, viverem a felicidade, desejos
estes que se re-velam e manifestam profundamente em você, e que, às vezes,
entristece-lhe por os homens estarem seguindo na contramão dos valores e
virtudes eternos e espirituais, e no mundo imperar e preponderar as dimensões
negativas de toda ordem, não apenas escreve um poema, eivado da poiésis
re-colhida e a-colhida nos desejos, sonhos, utopias, quimeras, fantasias,
re-presenta a vontade da re-velação da VIDA.
O poeta
pergunta – nesse poema de sua autoria – o que é ser feliz? A poetisa deseja
ouvir com toda a atenção de seu ser as suas palavras, memorizá-las
verdadeiramente, e no de-curso e per-curso torná-las reais em sua própria vida,
que é o principio de poder transmiti-las aos homens e à humanidade, ver-lhes e
sentir-lhes a VIDA e a FELICIDADE correrem-lhes nas veias.
Muitas vezes,
minha querida e inestimável amiga, pensamos que a verdadeira felicidade são as
coisas complexas, a superação de nossos problemas e dificuldades, e nos
esquecemos de que a verdadeira felicidade se manifesta nas coisas simples, na
contemplação da espiritualidade, do amor, da compaixão.
O poeta,
então res-ponde à pergunta que lhe fora feita um dia, expressando-se de modo
simples, con-templo-®ando a vida em sua própria essência, vendo as coisas
simples, a beleza que nos é dada através da natureza, da divinidade dos
sentimentos e emoções.
Ser feliz,
responde o poeta, é “ver as estrelas”, a sua beleza e luz que iluminam a noite,
e é promessa real de outra manhã, de outra aurora; é “ver o céu, a noite” – que
esplendor, céu, estrelas e noite, a beleza que nos penetra nos mais íntimos
interstícios da alma e do espírito. Ser feliz “é estar perto de Deus”, e o que
é isto estar perto de Deus? como é estar perto de Deus? Estaremos perto de
Deus, seremos felizes, se aprendemos a contemplar a VIDA, a beleza do universo,
a natureza, amarmos uns aos outros como Ele, em verdade, em verdade, nos amou.
“E ficarmos sempre alerta”, continua o poeta res-pondendo à pergunta, e este
alerta é estar sempre re-fletindo, meditando acerca de nossas atitudes, ações,
posturas e condutas éticas e morais. É estarmos abertos para outras vivências e
experiências, é desejarmos a re-novação, o re-nascer.
Ao
acordarmos, abrirmos a janela de nossa alcova, “ver a rosa” linda, frágil,
cujas pétalas mostram-nos a adesão, a comunhão, a harmonia na constituição de
seu “ser rosa”, é também ser feliz, é pré-(s)-enc-iarmos a vida em todo o seu
esplendor e beleza, é sabermos que podemos também ser a Vida. Observar o vento
é também ser feliz – ele que nos leva a outros horizontes e universos, através
dos campos, florestas, prados, campinas e mares, e nessa longa viagem no
“ser-dos-ventos” assistimos à beleza de todas as coisas, de todos os seres. O
vento nos leva ao deserto, e nele encontramos a seiva de nossas vidas,
encontramos a “água” que nos sacia a vida, por intermédio da reflexão e da
meditação.
Andar de
bicicleta é também ser feliz – entrarmos e sairmos de becos, alamedas, ruas,
avenidas, observando e con-templando as coisas que vemos e vamos deixando para
trás, os pés trabalhando nos movimentos de levarmos não a um destino
específico, mas ao prazer de estarmos seguindo trilhas, caminhos. Viver esta
experiência, viver os momentos todos que por eles passamos, sejam de alegrias,
prazeres, contentamentos, dores, sofrimentos, angústias e tristezas, culpas e
pecados, a totalidade de nossos momentos, é também sermos felizes, pois que são
a-“nunciações” da VIDA, dos desejos de sermos homens, de superarmos nossas
dificuldades e problemas.
E o poeta,
nesta con-templação, neste momento de profunda espiritualidade, em cujas veias
o vivenciário e o vivencial se mostram nítidos e transparentes, lembra-nos que
ser feliz é “ter a alma poeta”, e sendo realmente a sua alma poeta ele não
apenas se sente feliz, não apenas pré-(s)-enc-ia a felicidade, o seu ser é
feliz. Amar e viver, saudar a matina, cumprimentar os animais, as plantas, como
fazia São Francisco de Assis, com um “bom dia”, andar pela campina, ver os
animais, a beleza da natureza, isto também é ser feliz.
Mas a
inesquecível amiga Ernestina Barbosa, após ouvir todas as palavras do poeta,
senti-las profundamente, lembra-nos que a felicidade plena e absoluta, a que
ela vivencia e experiência em sua vida, é conversar com o amigo, ser-lhe
cordial e misericordioso, distribuir sorrisos, sorrisos que preenchem a vida de
esplendor e beleza, falar de alegrias, alegrias que nos sensibiliza e
trans-cendem o nosso mero quotidiano. E na noite limpa e fria, a poetisa
Ernestina Barbosa re-flete e medita nesta felicidade que sente, esperando que
na aurora do outro dia, de todos os dias, os homens sejam iluminados pela felicidade,
e suas vidas sigam os horizontes do Amor e da Solidariedade.
O desejo de
amor do poeta só vive de entregas, o desejo da felicidade da poetisa Ernestina
Barbosa só vive da espiritualidade que re-colheu e a-colheu nas Palavras de
Deus.
Obrigado,
minha inestimável amiga Ernestina Moreira por este poema lindíssimo que me
despertou ainda mais para a busca de ser feliz, e contribuir para a felicidade
dos homens e da humanidade.
Manoel
Ferreira
#RIODEJANEIRO#,
09 DE ABRIL DE 2019#
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