JACTÂNCIA DA ETERNIDADE UTÓPICA - GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Graça Fontis: PROSA
Meta-física...
Onde os
princípios a iniciarem visões que seduzem pensamentos e ideias a performarem,
com jeitos e modos de ser, utopias, a con-duzirem sonhos, a artificiarem
quimeras no mundo da lua?
Onde as
origens a germinarem desejos inusitados sem quaisquer semelhanças, nada
similares ao já estabelecido, cristalizado, estereotipado, até mesmo longe
daquilo de na arte há-de ver a verossimilança com o real, a realidade, tão
diferentes a alma cisme sejam ópticas do engano, do equívoco?
Onde a
inteligência a re-colher as fantasias, no trans-curso do tempo e das
dialécticas, são indícios ou meras a-nunciações da verdade?
Perquirições
que nem mesmo em nível de passatempo, diversão numa tarde de domingo outonal,
clima ameno, nublada, as águas do mar quietas, ondas serenas, terão res-postas
que amenizem, macunaimem as inquietações da existência, do coração sedento de
simples alegria. Impossível silenciá-las e tocar a flauta da indiferença cujas
notas e ritmos flanem no espaço, levando-as a esmo.
Por que
perquirições e não apenas o vazio? Não havendo res-postas, tudo é perda de
tempo, atitude de néscio, quiçá um modo de protelar a morte, morrer é uma coisa
indecente, algo obtuso. Inconcebível!
Sarcasmo
puro!... O mundo carecia da vida para testemunhar a sua presença, dizer de si,
con-templar a si, e para eternizar-se necessitava da morte, vida e morte
fundamentando a sua continuidade. Não é contraditório: o mundo existe porque a
vida existe, a vida existe porque o mundo existe? A morte extermina ambos. Como
entender e com-preender? Não há pensamento que pensa seja capaz de esclarecer
este mistério. Não há inteligência ávida e perspicaz para artificiar modos de
resolver as angústias da ausência de verdade dos enigmas. O nada da vida é a
vida para o nada que nas suas sendas vai des-cobrindo, à soleira das nonadas,
os genitivos e declinações dos pretéritos do tempo os bosques que levam ao ser.
Tudo nada.
Vazio o
olhar a distância, seguindo as ondas marítimas até onde seja capaz de
visualizar, e para além delas apenas sorrelfas. Vazia a alma que perscruta os
interstícios da inconsciência onde há as trevas, e onde alguma fresta ou
frincha para o além senão nas ilusões do tempo?
Jogos da
mente solitária onde o pensamento habita, pensar que cria horizontes e
universos e enuncia perspectivas de algum lince de visão do incognoscível.
Palavras, palavras, palavras... Se nada isto significa, ao menos faz nascer a
linguagem, o que seria o homem sem ela senão menos que o nada, o vazio, e
através dela as esperanças e sonhos do Ser.
A verdade é
que o nada advém do nada, mesmo o absurdo desta afirmação, objeto de chacota de
doutos, mestres, cientistas, religiosos, e com ele a passagem pelo mundo e
indigências do saber, iluminações repletas de raios, as travessias façam-se
presentes, fazem-se de instantes inolvidáveis.
Apenas
sentir sensações vigorosas, quiçá vivê-las sob tendências eufóricas inda
crentes num mundo em que as relações deterioram-se nas muitas vertentes
adocicadas, outras de objetividades amargas na expressividade vulcânica, quase
um almejar a inevitabilidade da morte numa tentativa frustrante ao farnar
consciente a passagem do tempo montando-se da intencionalidade conotativa como
referencial às elucubrações quanto às presenças das incertezas absolutas que
prefiguram os retidos espasmos à soleira dos insignes cânticos na jactância da
eternidade utópica como sopros de oxigenação as esperanças do porvir isento do
que garroteie a liberdade, assim que desponte a aurora nos sonhos da
sobrevivência, decerto nada muda nesta cogitação nos/dos vais-e-vens por onde
caminhos e na assiduidade incomum de pensantes no dia a dia das condições
concebíveis e vestígios contundentes a irromperem louvores aos espíritos
solícitos e desejos na refração dos últimos instantes do aqui-e-agora, no sinal
de até breve.
#RIODEJANEIRO#,
14 DE ABRIL DE 2019#
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