@TEMPO DE VINHO SUAVE@ GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
À Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis, o
meu eterno amor.
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Imagem de árvores re-torcidas,
Tortas, secas
Imagem de sendas e veredas
Tapeadas de folhas, flores silvestres
Imagens retangulares
Imagens verticais, horizontais
Olhos de linces suaves e serenos,
Re-colhendo e a-colhendo perspectivas,
Colhendo prospectivas, inda que
A-nunciações longínquas, distantes,
De verbos que saciem pouco mais a sede
De todas as flores brilhem as faces de buscas,
Desejos, vontades, utopias, à mercê
Mesmo do efêmero, passageiro,
Sem nuvens, sem adornos inda que abstratos,
Inda que ornamentais vós com perfeição e arte
Da vida contemplada à luz das palavras,
Metafísicas subjetivadas de imagens,
Com que expressais no dia a dia das coisas
Da vida,
Um gênio,
Embevecendo-se do esplendor do panorama
Embriagando-se das luzes brilhantes das paisagens,
Drogando-se das perspectivas das imagens,
O que desejo, o que aspiro, o que intenciono,
Verbos eivados do movimento do emocional,
sentimental,
E mesmo da fissura de alcançar o pleno no instante
do eterno...
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Por me, com toques, carícias, ternuras,
sensibilizar as iríasis dos sonhos de compl-etude, verso-uno, conjugando as
emoções e sentimentos que se vão nascendo, originando-se na origem de "ser
originado", sou-vos eterno sensível e cordial, sou-vos desejos e vontades
que se revelam, intencionando o encontro e o abraço eternal, sou-vos a esperança
da felicidade plena, aberta a outras jornadas e viagens à busca do que
transcende o Ser, as con-tingências do estar-no-mundo e trans-cend-ências do
vir-a-ser verbo da ansiedade da perfeição, rodeado de perfect-itudes,
gafectiv-itudes, vós estais a ensinar-me os estados de alma e de espírito com
que posso sentir-lhes o núcleo, a choupana de idílios, onde traçar os traços do
porvir crepusculado e alvorecido de metas, projectos a serem sentidos reais no
íntimo da liberdade, a caverna das quimeras, onde arrabiscar nadas e vazios da
alma de perdidas utopias.
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Por me fazer feliz, sentir a felicidade em cada
momento, instante do ser-com o sentimento de amor...
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Pers de retros re-versos e in-versos de situações
vivenciadas, se é-me permitido dizer "existencializadas", que deram
aquela traulitada de trezentos e sessenta graus no que diz respeito às
con-tingências, passando à inquietude dos questionamentos e indagações, criei
utopias outras que não as tradicionais mineiras, alimentei desejos de outros
horizontes, aperfeiçoo-lhes, a vida tomou muitos rumos, con-senti com o
"devagar é que chego lá", "levar tudo na flauta", mais
agradável ainda com uma "cervejinha gelada", porção de sardinha e
batatinha frita, sentindo o perfume da maresia marítima, perder as preocupações,
alfim e ao cabo ainda há respostas para as coisas, apreendendo outros voos e
sobrevoos por mar, por ondas espalhando-se nas praias...
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Aquela coisa que sempre vos estou a dizer:
Quando era menininho
Gostava de meninar
Sentado numa tora de árvore
À soleira do portão,
Jogava pedras na assombração.,
Soltava palavras a esmo
À passagem da Maria-Fumaça.
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Agora que des-meninei
Não aprecio nem um pouco des-meninar,
Gosto mesmo é de amadurecer
Os ideais, as utopias, esperar o tempo do vinho suave,
Numa rede,
Começando à meia-noite.
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Sério, em verdade, em verdade, isto de amadurecer
os ideais no vai-e-vem da rede, taça de vinho, o velho e surrado cigarro,
tragando e expelindo fumaça, o vento suave, a maresia do mar, de nada sei dizer
alguma coisa, e a graça, o riso, acordar e já a cochilar rindo, aquelas cositas
dos pitis e mazelas das contingências, as artes e a vida fazem a felicidade,
harmonizam-se, sin-cronizam-se, harmonizados, e à larga por que vou gastar
palavras e lábias para me convencer vez por todas de que o vazio é eterno, o
nada, eterno e efêmero?, não tem e jamais terá qualquer sentido contradizer a
verdade incólume e insofismável, então é balançar-me no vai-e-vem da rede.
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Percebestes agora o que estou desejando vos dizer, apesar
de "des-assuntado" de uns tempos para cá, estou mais des-cacetado nas
carioquéias, sendo-vos inda mais sincero, desde que tomou a minha
"cabecinha" no peito, afagando-me os cabelos? Sinto-me criança
sonhando as luzes, sons e palavras.
#riodejaneiro#, 29 de outubro de 2019#
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