DE ENTRE O SILÊNCIO E O VAZIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA Graça Fontis, Sonia Gonçalves, Ana Júlia Machado: PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
A presença "é" o seu passado no modo de
seu ser, o que significa, a grosso modo, que ela sempre "acontece" a
partir de seu futuro. E cada um de seus modos de ser e, por conseguinte, também
em sua compreensão do ser, a pre-sença sempre já nasceu e cresceu dentro de uma
interpretação de si mesma, herdade da tradição. De certo modo e em certa
medida, a pre-sença se compreende a si mesma, de imediato a partir da tradição.
Essa compreensão lhe abre e regula as possibilidades de seu ser. Seu próprio
passado, e isso diz sempre o passado de sua "geração", não segue mas
precede a pre-sença, antecipando-lhe os passos.
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De entre o silêncio e o vazio, a presença da
poiésis poética do po-ema de semânticas e linguísticas do ser, "Sonhos
alastrados de paraísos/E sensações eclodidas de turnês/Sugerindo d´Ursa os
frissons/Das hipotéticas madrugadas...", como nas paulicéias poemara
Erisies sobre a rocha e o lugar exato de seus ideais, o coração palpitando,
batendo forte; e de além-mar, Eresias poema nos Algarves de seus sonhos e
utopias do Eterno "Desejo existir o instante de hoje.... Desejo
reconstituir minhas energias/Para desabrochar na minha incumbência e existir
jubilosa diariamente..." Como ser que numina a alma de expectativas de
suprassumir as angústias, superar as dores e sofrimentos, olvidar os éritos do
efêmero e nada, alçar vôo profundo e livre aos primevos indícios do caos,
genesis do nada, apocalipse do absurdo, onde, alimentando-se dos vestígios dos
desejos e volos que foram se perdendo ao longo da continuidade do mundo que se
fazia continuamente no ad-vir, vir-a-ser das buscas do perfeito e das
perfeições, eiva-se de poder para seguir a jornada da fé nas absolut-itudes da
verdade, verdade que não se cristaliza, que não se concretiza, que não se
absolutiza, mas abre leques para outras verdades dentro de outras verdades,
veredas e caminhos de liberdade, e a vida prolonga-se sem as metafísicas do
In-finito, o In-finito sendo luzes e ribaltas iluminando e numinando a poesia
poiética da poiésis do espírito em sensível conúbio com o divino das
etern-idades que floram na floração silvestre do ser, aspargindo o perfume puro
do Ser, Verbo do Tempo...
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A fenomenologia do silêncio é a via de acesso e o
modo de verificação para se determinar o que deve constituir o tema da palavra
e o dizer poético do ser. O mostrar-se da palavra e o dizer poético não é um
mostrar-se qualquer e, muito menos uma manifestação. O ser dos entes nunca pode
ser uma coisa "atrás" da qual esteja outra coisa "que não se
manifesta". O ser do silêncio não é uma re-velação do inaudito, mas uma
a-nunciação do inter-dito. E Iríasis sussurrou-me no ouvido, enquanto no
crepúsculo do bosque, encostados no tronco de uma palmeira, olhávamos o mar à
distância: "Sob o frisson de um olhar/A flor feita prenda/Nas mãos
informes/Ao volatizarem carícias atmosféricas/No átimo do inesperado..."
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No silêncio, a pre-sença do silêncio, presença de
silêncio que concebe no inter-dito do inaudito a fala do ser, pre-sença de
silêncio que gera na dialética dos abismos do incognoscível o dizer dos
mistérios que des-velam e des-vendam os enigmas do estar-no-mundo, busca
perrene, perpétua, eterna das perfeit-tiudes in-fin-itivas da verdade que é o
horizonte eidético da poiésis do há-de-ser e o uni-verso fenomenológico da poiética
por vir o silêncio da verdade, re-presentada nas sinfonias e óperas dos sonhos
e esperanças do Finito, Inner e Nous das divin-itudes do Nada na travessia para
o Além.
#riodejaneiro#, 26 de outubro de 2019#
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