SONHO DA "SENAÇÃO" E DA REALIDADE PRESTES A CONCRETIZAR-SE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Ana Júlia Machado: AFORISMO
Findou...
Terminou uma etapa, uma época, um estádio da minha
existência... não concluiu hoje, já findou há uns tempos, mas a causa, ou
privação dela foi protelando esta resolução...
Terminou...
Terminou, pois havia que findar
Findou, pois desejo que assim seja,
Estimo o seja, amém
Terminou, mas desejo que permaneça esta área, tal
como permanece, com o que fica...
É uma lembrança, um ido deixado para trás, uma
herança para quem pre-tender, com-preender con-templar e estimular alcançar...
Com-preender con-templar e agrilhoar atingir-lhes.
Debulharei novo sentido, novo itinerário, nova
expedição...
Ambiciono tudo de novo.
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Não aceito morte, nem razões de vida,
justificativas do simples mortal. Quero dar vida à folha vazia e branca,
deixar-lhe sozinha diante do mundo, das coisas, vê-la sonhar com o amor, a
felicidade. Vê-la sofrer com os des-encontros, angústias do não-ser que lhe
habita, dores que lhe corroem o íntimo; vê-la ferida e ressentida com as
palavras de não, com as atitudes agressivas, com os sentimentos fingidos e
falsos que a pena lhe demonstrara, enquanto vertia a tinta que registrava as
palavras e os sentimentos inconscientes que me habitavam, quiçá sentimentos de
naquelas linhas repousar-me, sonar, ressonar, acordar embevecido de outras
coisinhas fantasiosas; vê-la chorando, des-cobrindo “sonhos dentro de outros
sonhos, dentro de outros sonhos, dentro de outros sonhos” através, por
inter-médio dos fracassos e frustrações, des-ilusões e des-enganos. Manchar com
tinta a folha vazia e branca com cores da alma, com imagens distanciadas dos
horizontes infinitos, com ângulos distantes do uni-verso re-presentado de além
quimeras nos aquéns bordados de fantasia, pontos cruzados de utopias, mesmo que
seja de uma perdida. Esqueciam-me as perspectivas longínquas, que a
sensibilidade intui, mas só re-presentando-as é-me dado esboçar-lhe no silêncio
de mim, mesmo que amem ocultar-se e revelar-se, perspectivas de luz, sombras,
sons, perspectivas de noites sem estrelas, sem lua, chuvosas.
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Adormeci à busca de peregrinos querubins com asas
frágeis e brancas, surpresa, susto, decepção, esbarrei em asas duras de ferro,
geladas e em chamas vomitando sofrimentos. Sopitei à indagação de forasteiros
mensageiros, estrangeiros e-mailers, com ansas débeis e cãs. Surpresa. Inquietação.
Desilusão. Abalroei em ansas rígidas de aço, regeladas e em lavaredas jorrando
padecimentos. Sopitar elevado? Jamais... Repousar? Idealizar? É indiferente.
Pássaro lesionado, de ansas partidas, extraviado, isolado... nas alvoradas em
seu pesar.. o éden volvido em Érebo.
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Os homens, antes de entenderem o sentido de estarem
juntos, lado a lado... Estamos deveras distantes de descobrir que, para o
pensamento científico, não o das ciências ocultas, mister as forças artísticas
e da sabedoria prática da vida... Não devem parecer miseráveis antiguidades.
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Vou rasgar fronteiras, entrar nas amplidões do eu
que desejava, sonhava ser o outro de si, mas terminou um “eu” sem verbo e sem
carne, verter-lhe lágrimas de chuva?, verto-as solenemente noutras condições
ad-versas, o clima é sui generis de melancolia, nostalgia, e des-fazer a
solidão da procura do eu no não-ser, do outro no ser-solidão das florestas
silvestres das esperanças.
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Vou traçar uma vereda clara nos caminhos do campo,
e sem desvios, sem corta-estrada, sem nonadas, entregar-me como a flor à
abelha, a árvore ao machado, vice-versa, ad-verso às intempéries da vida, às
tempestades do desejo e da realidade. Vou deixar minha alma re-fletir nos
versos a fé de outros sentimentos que me levem à vida, elevem-me ao espírito
das esperanças sublimes dos versos e ausências, e nestas folhas brancas e
vazias escrever idéias e pensamentos falando dos versos de brisas, neblinas,
garoas e neves.
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Vou esboçar um busto de bronze pequenino, entregar
o esboço a um escultor a escupir-lhe, colocá-lo numa corrente de ouro,
trazendo-lhe ao peito, e sem rituais, orações, silêncio incógnito, congênito...
Só por aquela fissura de uma corrente suspensa no pescoço, uma efígie, quem, o
que vai fazer luz os desejos mais íntimos, as luxúrias mais uterinas.
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Desejo não a sensação temor. Ambiciono-me ceder
mais, me exercitar mais, idolatrar mais. Jornadear até afadigar…. Afirma-se
que, previamente de um flúmen tombar na imensidade, ele tirita de receio.
Observa para o ido para o extenso trilho, que cursou, e contempla à sua face
uma imensidade tão ampla que ingressar nele nentes mais é do que descampar para
eternamente. Mas o flúmen não consegue regressar. Ninguém consegue regressar.
Regressar é inexequível na vida. Você consegue somente ir em frente. O flúmen
carece se aventurar e ingressar na vastidão. E só quando ele ingressa na
vastidão é que o receio ausenta-se, pois somente nesse caso o flúmen perceberá
que não se aborda de descampar na vastidão, mas volver-se imensidade. Por um
lado, é sumiço, e, por outro, renovamento.
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E o sonho da "senação" e da realidade
prestes a concretizar-se...
#riodejaneiro#, 30 de outubro de 2019#
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