FONTE LUMINOSA DO TEMPLO DE FESMONE II PARTE# GRAÇA PINTURA: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
II
====
Sete sombras na calçada da rua solitária e deserta
delineiam a imagem líquida e etérea do ocaso refletido no entardecer numinoso
do Dia de Finados.
====
Sete razões re-versas de origens e genesis
in-versam a estética do horizonte no seu encontro com as águas do mar, com a
brisa da floresta.
====
Sete vultos pairam, veementes, e por mais que se
clame é noite, com seus inúmeros silêncios.
====
Sete achaques e fragilidades, ausência de
experiência mais rica voltam à nossa época educados na tolerância à dor, mas no
que diz respeito à miséria da alma, hodiernamente, percebo, intuo quando uma
pessoa a conhece por experiência própria, quando ela precisa, considera mister
fingir, quem sabe modo e estilo de educação mais refinada, talvez não acredite
nas grandes mágoas de sua alma, e ao mencioná-las sente grandes padecimentos
físicos, abrindo uma fresta de luz, suas dores de dente e do estômago.
====
Sete línguas engroladas, palavras sem fogo, fugindo
à verdade, tornam-se a matéria nobre ou vil do instante flácido após o desgaste
do corpo entrançado em outro, hora pequena que colhe sozinha na rua ou no catre
o melhor sentido que destinará a miséria.
====
Sete línguas recitam em palavras a verdade dos
vazios e nadas, entre-laçados nos abismos do logos e do cosmos, concebendo no
tempo de sonhos e verbos o subjuntivo do amor-templo-do-paráclito.
====
Sete preguiças de re-criar os compassos do coração
em sin-tonia, sin-cronia, harmonia com os jogos da mente, ins-crevem,
pers-crevem, pres-crevem nos outdoors dos mausoléus a crass-itude dos estilos
de vida.
====
Sete filamentos de ternura e riso dispersos no
tempo recompõem o heroísmo que se banha em ironia, perfuma-se em cinismo, uma
pausa oca e além de todos os vazios, véu baixando, um ríctus, como na atmosfera
poemática exposta à galhofa.
====
Sete pétalas resumem auroras e pontilhismos, todas
exóticas, todas históricas, todas catárticas, todas patéticas, cruel existir em
tempo assim filaucioso, duvido que em outro mundo alguém se curve, filtre os
conhecimentos e saberes ecológicos, pense uma orquídea na pura ausência, no
amplo vazio.
====
Sete agulhas perdidas no palheiro aos linces do
olhar que perscrutam as frestas entre as palhas secas, que vislumbre o último
brilho da luz que o raio de sol deixou às largas.
====
Sete corações à larga das buscas impreteríveis dos
sentimentos e emoções que a alma desconhece degustam serenos o sabor dos tempos
e ventos.
#riodejaneiro#, 19 de outubro de 2019#
Comentários
Postar um comentário