CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA, Ana Júlia Machado, ANALISA E INTERPRETA A PROSA #O NADA E A COLCHA DE RETALHOS - FONTE LUMINOSA DO TEMPLO DE FESMONE XVI PARTE#
Neste texto do escritor Manoel Ferreira Neto, #O NADA
E A COLCHA DE RETALHOS# direi que mais uma vez alvitra-me verbalizar que existe
uma crítica à religião e ao poder. Usou como metáfora a figura de Jezabel.
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Quem foi Jezabel e qual foi a oposição dela e de
seu cônjuge a Deus?
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E, aqui Jezabel inicia a crochetar a sua colcha de
retalhos foi cônjuge de Acabe, que regeu sobre as dez tribos do norte de Israel
de 874 a 853 a.C. Acabe evidenciou-se pelo êxito militar e estadista, mas era
débil em questões devotas, pois: compôs Acabe, descendente de Onri, o que era
mau diante o Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. Acabe acabou
por casar-se com Jezabel, filha de Etbaal, um supremo eclesiástico e imperante
pagão.
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Conforme a narração bíblica relativa a Acabe:
Adotou por cônjuge a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidónios; e foi, e
serviu a Baal, e o venerou A perversa senhora de Acabe, Jezabel, descendia da
cidade Fenícia de Tiro, de onde seu pai tinha sido supremo sacerdote e
imperante. Jezabel venerava ao deus Baal”. 1 Tomando em conta que Baal
meramente designa “senhor” 2 Jezabel e Acabe introduziram uma simulação de Deus
e de sua doutrina em Israel. Portanto, Acabe, “afoitado por Jezabel”, inseriu o
culto a Baal em Israel.
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Para contentar a esposa, Acabe construiu um templo
e uma ara para Baal. E fomentou, assim, o paganismo, “até que quase todo Israel
encontrava-se abalando após Baal. “O Baal aludido aqui era encarado o deus que
enviava chuva e causava as colheitas engrandecerem. Os fãs de Baal se envolviam
em uma espécie de fornicação divina na mesquita para exaltá-lo como o manancial
da vida. Às vezes o povo até presenteava seus filhos a Baal como penitências
carbonizados. O matrimónio de Acabe com Jezabel satisfez uma agenda estadística
e egoísta, mas não a deliberação de Deus. Biblicamente, aquela união foi uma
adulteração espiritual e uma insídia a Deus. A interferência deles, como peste,
aprofundou o sincretismo religioso e a apostasia da nação. Ao mesmo tempo que a
plebe adoptava servir a Jeová, igualmente servia a Baal. Eles claudicavam entre
dois pensamentos.
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Na mensagem de Cristo à Igreja de Tiatira, Jezabel
é nomeada. Possuía, contudo, contra ele o suportar aquela mulher, Jezabel, que
a si mesma se confessa vaticinadora, não meramente ensinava, mas ainda aliciava
os seus criados a executarem a libertinagem e a nutrirem-se das coisas imoladas
aos ídolos. Facultou-lhe tempo para que ela penitencia-se; ela, contudo, não
pretende penitenciar-se da sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem
como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das
obras que ela incita
Os três ensinamentos de vida de Acabe, Jezabel e
Elias nos cederam.
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Sobre Acabe, “ele era débil em competência
ética". Sua junção por matrimónio com uma mulher infiel de cunho
determinado e carácter determinado originou em calamidade tanto para ele como
para a nação. O interesse de um homem para servir a Deus e seu povo encontra-se
profundamente comparado com o cunho da criatura que ele elegeu para ser sua
esposa e companheira.
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A respeito de Jezabel, podemos entender o
infortúnio que esta mulher pariu à existência de Acabe e à plebe de Israel. Não
é complicado concluir, logo, que a interferência de uma mulher para o bem ou
para o prejuízo é comprovadamente perentório.
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Por outro lado, tendo em conta que Jezabel é usada
biblicamente como um símbolo do “poder que motivou a grande renegação medieval,
incumbiria acautelar uma crença diferenciada que causa matrimónio entre
cristandade e etnicismo, entre a realidade e a embustice, e impulsiona a
infidelidade mental. Sobre o vaticinador Elias, devemos recordar que nos dias
de Jezabel existia em Israel centenas de adulterados vaticinadores e apenas um
profeta verdadeiro.
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Deveríamos facultar mais importância aos vaticinadores
reais e seus ensinos. Para isto, temos de recorrer à Bíblia para aprender a
diferençar entre o vaticinador real e o adulterado, ainda mais nesta era
corrupta em que os de essência falso se ampliaram.
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Outra inestimável lição é que “o projeto de Deus
não é endereçar emissários que bajulem e adulem os transgressores
E, passado séculos tudo na mesma…casa-se por
interesse ou poder…o crochetar da manta ficará sempre incompleta, ou seja,
repleta de hipocrisias, poder e escravizar o outro em nome de um “deus
qualquer”…e prontos a começar outra…a história repete-se e sempre assim será…
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O texto do escritor Manoel Ferreira Neto vem
narrando ao longo do seu texto, de toda esta sonsice que estamos envoltos, ele
refere que até receia da tarde passar sem o que compor, o despropósito do
crocheteio estacionar no intelecto, as estrelas no paraíso surgirem, a lua
resplendecer, e ele sem nada ter feito durante o dia.
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Concluo com a proposição do autor no texto … E
verbalizar que esta ideia nasceu por Jezabel ter sugerido a Salomão não poder
compreender como ele pode apanhar tantos peixes, ela poderia permanecer a
perpetuidade sentada à beira do rio, agarrando o anzol e nada apanhar. E ele
pronunciar que nem por prodígio ou oferenda seria apto de enredar coberta de
pedaço...Com certeza que ele não apanharia peixes…não era a especialidade dela
e como impura os peixes não chegavam a ela, e ele como mais honesto não saberia
crochetar uma manta….
Como sempre as minhas reticências...beijinhos a
ambos e um especial da netinha
Ana Júlia Machado
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FONTE LUMINOSA DO TEMPLO DE FESMONE XVI PARTE
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#O NADA E A COLCHA DE RETALHOS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA
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Epígrafe:
"Sete agulhas perdidas no palheiro aos linces
do olhar que perscrutam as frestas entre as palhas secas, que vislumbre o
último brilho da luz que o raio de sol deixou às largas."(Manoel Ferreira
Neto)
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Crochetear o nada! Com que linha – grossa ou fina?
Com que cores? Colchetear “retalhos”, com que résteas de criatividade e
invenção? Com que quimeras e ilusões?
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Jezabel, meu amor, está entregue à feitura de sua
colcha de retalhos. Que lembranças, recordações povoam-lhe a mente? Que
sentimentos, emoções perpassam-lhe o íntimo neste instante? Salomão, meu amigo,
está sentado à beira do rio, esperando o peixe fisgar a isca, peixe frito no
almoço – quê delícia!
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E eu pensando em crochetear o nada? Fazer o que? Há
pouco andava pelo quintal contemplando os pés disso e daquilo. Olhava para
cima, a mangabeira repleta de mangas verdes, ainda pequenas. Qual a primeira
que chuparia? – aquela satisfação e alegria tão grandes! Houve sementes que os
conceberam, deram-lhes frutos. Que sementes para crochetear o nada? Sementes da
inspiração, da intuição, da percepção? A inspiração ser o nada a criar, o nada
inspirar a inventar qualquer coisa que preencha os vazios que residem nos
interstícios do ser. E que frutos ad-virão dele? Seria até inusitado chupar o
nada, sentir-lhe o sabor, degustar-lhe com aquele prazer jamais existido neste
tempo presente e nos de outrora. Mente vazia é tenda do nada. O nada que
crocheteio agora será o vazio de amanhã, para esta minha fértil imaginação; o
vazio que crocheteei ontem é simplesmente o nada de agora, para esta minha
dolorida decepção. E perambulo pelas horas que os ponteiros do relógio
patenteiam, e devaneio pelo dia inteiro sem o quê para crochetear o nada,
interessando o vazio que existe neles, espaços para re-colher as coisas que por
ele passam.
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Terminada a colcha, Jezabel sentir-se-á feliz,
contente, a criação custou-lhe tempo inestimável, houve momentos em que pensara
em desistir, não seria capaz de realizar os seus desejos, vontades, mas
insistiu, persistiu, poderá cobrir a sua cama, os olhos e a sensibilidade dirão
que a cama atingiu outro aspecto, terá noites repletas de sonhos lindos,
coberta pela colcha. Não sentirá o frio da madrugada. E eu, coitado de mim, se
conseguir crochetear o nada, como vou mostrá-lo, alguém dizer que é um objeto
esplendoroso, há arte e criatividade no nada, merece perpetuar-se, nos tempos
vindouros será luz de alguma ribalta esquecida. O nada crocheteado por mim não
me legará os sonhos indescritíveis de tanta beleza, nem cobrirá o frio.
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Quem pode garantir o segredo deste crochê do nada
não seja simplesmente colocar-me dentro dele, comungar-me nele, nada e eu
conciliados. Terminado, qual a imagem se esplenderá a todos os horizontes e
universos? O eu nada, o nada eu? Quem o vislumbrar fará aquele movimento do
dedo indicador do lado da fronte girando para dizer que isto é a doidivania
pura e simples. Mas quem o louco? Eu que crocheteei o nada ou a pessoa que
vislumbra? Ouço-lhe dizer com a sorriso desenxabido nos lábios: “Por que não experimentou
simplesmente nada fazer, esquecer a idéia de crochetear o nada, levar o tempo
na flauta, arrumar o leito na tenda do nada e esvaziar a mente e dormir o sono
destituído de qualquer sonho? Teria sido mais proveitoso. Só mesmo eu para este
despautério sem limites” Retrucar – como?
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Jezabel e Salomão estão comendo o peixe que este
pescou. Jezabel pensa na continuidade de sua colcha de retalhos, que retalho
próximo será o adequado para a harmonia das cores, o saco está cheio deles.
Enfiará a mão nele e tirará algum. O peixe foi pescado, a colcha de retalho
está quase pronta, e eu sem qualquer condição de crochetear o nada. Estou
simplesmente comendo a impossibilidade que a falta do que fazer criou.
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Por mim sinto um pouco de medo, medo da tarde
passar sem o que fazer, o despautério do crocheteio permanecer na mente, as
estrelas no céu aparecerem, a lua brilhar, e eu sem nada ter feito durante o
dia. Jezabel terminar sua colcha, pensar em outra para criar, talvez para
cobrir a mesa da sala de estar. Salomão semear sementes no canteiro do jardim,
semente de papoula, de rosa, de lírio, de maçã, de limão, pitanga no quintal.
Todos os dias assim que levantar regar com água da cisterna, observar a vida
deles prosseguindo, breve haverá flores, breve haverá frutas.Depois ir ao rio
pescar, afastar todas as idéias, pensamentos, esvaziar a mente.
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E dizer que esta idéia nasceu por Jezabel haver
dito a Salomão não poder entender como ele pode pescar tantos peixes, ela
poderia ficar a eternidade sentada à beira do rio, segurando o anzol e nada
pescar. E ele dizer que nem por milagre ou dádiva seria capaz de tecer colcha
de retalho.
#riodejaneiro#, 21 de outubro de 2019#
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