NUVENS DE SOMBRAS ALEVANTANDO O VENTO DE SILÊNCIOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Praticamente nentes digo do imaterial, imaterial a
melodia de minhas inalações, predições dos ênfases da alma, com que constituo
os poemas da ligeireza nascente do ser, com que atalho a senda sem cessação do
despovoado, calcorreada confeccionada na alvorada, escoltando o rumo da lua,
não como o alento dos vates arrebatados, dos vadios, mas covarde das
transitoriedades da existência, procurando as transitoriedades perpétuas,
sangue impresso da erudição,
caminhante dos alentos, vou escoltando a minha via
de marchas na sílica, os andamentos a marcam, e nentes vai metamorfosear meu
Universo, nentes vai metamorfosear meu Universo, nentes vai metamorfosear meu
Universo. Não declamo poemas, quem os escutaria, não recito estâncias, quem as
experimentaria, largo o meu intelecto descerrado ao universo ermo, vou
encalçando, errante vou espezinhando os andamentos aos resplendores de todas as
deduções lógicas do fugaz, concebi-me ambulante do despovoado, cidadão do mundo
seguirei após banhar-me na luz verde e lilás, jornadeando ermo por todas as
origens, assentado num asno..
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Nuvens de pó-eiras, beiras e eiras, solstícios de
sombra, melancolias - braços abertos, encontro, des-encontro - pretéritos do
nada - a pena sobre a mesa, não lavrava palavras, o pêndulo do relógio na
parede suspenso parado, sem minutos, sem segundos - esvaziado de verbos,
esvaziado de teses, antíteses, sínteses, esvaziado de infinitos, verdades,
louvores ao há-de vir, aplausos ao silêncio, o resto é silêncio, lembranças,
recordações.
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Escuridões de poalhas, margens e eirados, direções
de nimbos de penumbra, mágoas - tentáculos descerrados, deparo, descoincidência
-, transatos do nentes - a caneta sobre a escrivaninha, não laborava vocábulos,
o vaivém do relógio na tapume sustado quedo, sem instantes, sem segundos -,
vazado de elocuções, vazado de dissertações, contradições, sinopses,
vazado de infindos, realidades, encômios ao porvir,
ovações ao emudecimento, o restante é sossego, memórias, reminiscências. Tudo
passa, tudo cessa, tudo cessa... Discussão da transitoriedade, dos breves.
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Praticamente nentes pronuncio do imaterial,
imaterial o despovoado de sílicas aos coriscos do resplendor, brilho das
vedetas, cintilação da fase, cura não como contiguidades do isolamento,
aposiopeses sobrenaturais do sossego, metrificadas alegorias do fátuo e perene,
experimentadas noções da expectativa e devaneio, cura imaterial espectro da
transitoriedade, inóspito de pazes e isolamento, inóspito de melancolia e
taciturnidade, inóspito de melancolia e expectativas, inóspito de devaneios de
investigações, à entrada da perpetuidade, faíscas de resplendor arquitetadas na
menina do olho das vistas.
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Praticamente nentes pronuncio do imaterial,
imaterial a gruta de colunas de concreções calcárias de raras pedras preciosas,
à escuridão, na negrura, o sonido das gotas de linfa, na paul, de todas as
formações rochosas, cuido não como o delubro da erudição, não como o sacrário
das harmoniosas, não como a igreja da meditação, templo de isolamento e
taciturnidade, igreja de nostalgias e saudades, igreja de fantasias e
expectativas, à entrada do infindo, misteriosos resplendores fulgindo-me no
dorso, cuido quando o céu canta à alma consumida a mudança das margens em
rumor, das ondas silenciosas na orla.
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Tudo passa, tudo passa, tudo passa...
Dialética da efemeridade, dos efêmeros. Liberdade
do ser, leveza do desejo, Nuvens de sombras alevantando o vento de silêncios.
Refletem raios de luz no centro do picadeiro, palhaço de gestos das mãos,
semblante de piedade e caritas, de sua pintura no rosto, preta, lilás, o poema
do passageiro deixa lágrimas furtivas, descer-lhe o rosto, solidão, tristeza,
Fiorena no brilho do olhar, Fiorena na musicalidade da voz, saudade de
acariciar-lhe o rostinho. A busca do amor, verbo do amar-soneto. Ocaso do
brilho das luzes incidindo no picadeiro, ocaso da solidão, ocaso da tristeza,
sentimentos fluem livres na memória do inesquecível amor, emoções jorram suaves
na suavidade lúdica da saudade.
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Passante do sossego,
Persigo momentaneamente a direção interdita da
buena-dicha,
No despovoado de mim, o deleite do apiedado da
luminosidade,
No despovoado de mim, o enlevo do ênfase do
infindo,
Marchas, lineamentos vou apartando na sílica,
"Erudição é afrontar a exclusiva realidade
circunspecta
No escudete da existência".
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O palhaço chora.
#riodejaneiro#, 31 de outubro de 2019#
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