#FONTE LUMINOSA DO TEMPLO DE FESMONE XXI PARTE# ==== #DÁDIVA DE ENRABAR AS MISÉRIAS DA ALMA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Vacas e ovelhas pastoreiam no eclipse de imagens
inóspitas, sombrias, comem os grãos de trigo das paredes do vazio. Que são as
vacas e as ovelhas para os homens? Aquelas seguem os bois por todos os cantos e
recantos, as ovelhas seguem o pastor? Isto de seguir é vergonhoso? Que tristes
são os homens, considerados sem rumos e documentos. Senis vestidos de roupas
largas, cores escalafobéticas rezam, debulham as contas do terço da morte
próxima, sentados na porta do cinema, virgínias decepções do orgulho. O carteiro
entrega o nada envelopado em mão do professor de Física Quântica, o açougueiro
esvazia os bolsos entupigaitados de ócios do ofício.
====
Amo de paixão o verbo que se conjuga com as
ardências da rebeldia por denunciar o que de latente há nalma, o que lá fora
armazenado de sentimentos pujantes de ressentimentos, de sua raiz gritam as
insolências, rasgando as verdades, as irreverências, tecendo as maledicências
da natureza humana.
====
Oh, não julgai sento-me no rabo de minhas
defecções, defectivando os prefixos das condutas alheias, sufixos das neuroses,
pronunciando-lhes com veemência, sejam auscultados e ouvidos sem dúvidas, e
jamais olvidados, simplesmente para envelar as desgraças da personalidade,
caráter, um ato de justificativa.
====
Afianço que não tenho rabo, não me fora dada a
dádiva de enrabar as misérias da alma, as sombras sim residem-me, acompanham-me
a cada passo, não seria sentando-me nelas que justificaria as razões de
existirem. As sombras pertencem a cada um, quem pode vê-las ou senti-las? Quem
deseja conhecê-las profundamente cabe apenas deitar-se no divã e matraquear
suas indecências, o terapeuta verbalizará até a verborreia mais íntima, aquela
que concebe o desejo de enfiar a cabeça na terra, não a tirando mesmo que o
diabo faça milagres, ou sair correndo sem olhar para trás.
====
Vejo em todos os lugares, no teatro, e em tudo que
está escrito nos textos, poemas, os gostos por todos os arrebatamentos e gestos
descorteses da paixão, os descendentes terão uma selvageria genuína e não apenas
uma selvageria com formas agressivas. Homem cursa sua própria escola de
tormentos e privações físicas, sendo cruel até consigo próprio, e na prática
voluntária da dor vê um meio necessário à sua sobrevivência.
#riodejaneiro#, 23 de outubro de 2019#
Comentários
Postar um comentário