NO FUNDO DO RIO TEM PEDRINHAS, TEM PEDRINHAS DO RIO NO FUNDO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Ana Júlia Machado: Aforismo
Pos-Scriptum:
É ido no ritmo do tempo, tempo que fizera a Amiga
Ana Júlia Machado uma crítica ao poema ALVORECER DO OÁSIS DO SOL, 13 de
novembro de 2014, que delineio e burilo compondo crítica e poema, no fundo do
rio tem pedrinhas, tem pedrinhas do rio no fundo.
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O vazio, o efêmero, as nonadas frescas e viçosas,
as non-éresis espalhadas por todas as ruas, avenidas, becos e alamedas,
cárceres, por todas as alcovas, aqui, lá, em qualquer lugar, você deveria ouvir
esta balada, ritmo e melodia, “O efêmero é a origem do novo eterno, a origem do
novo eterno é o efêmero, outros efêmeros dentro do eterno, outros eternos
dentro do efêmero, na roda-viva dos sonhos e esperanças, truques, tramóias,
tripúdios, construímos a nossa obra...” O que deixaremos de nós no mundo...
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A vida é a vida….
A vida existe como uma chance. Usufruamos
A vida é uma pulcritude. Que a extasiemos.
A vida é uma quimera. Que emprenhemos com que se
converta veracidade.
A vida é um repto pertinaz. Que detenhamos energia
para a arrostar.
A vida é uma incumbência. Que conquistemos acatar
A vida é valiosa. Que jamais a negligenciemos,
mesmo que as robustezes fracassem.
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Manhã... além, no espelho de luzes, refletida a
imagem de novos campos, passear os sentimentos, emoções na grama
respingada do orvalho da noite, piquenique debaixo
das galhas frondosas de uma árvore, brincar aos pensamentos livres, emoções
serenas, brincar ao silêncio de palavras, brincar-lhes as metáforas, signos,
símbolos, linguagem e estilo, a-presentação e re-presentação, brincar-lhes os
advérbios, ad-vérbios, que precedem os verbos, inda entre vírgulas para a
devida ênfase, sem querer ir à escola aprender a ler e a escrever, as tramóias,
estratégias, mentiras da arte de viver a arte, enquanto compondo de cores o
arco-íris da imaginação, o amor que somos - encontramo-lo um dia,
vivenciamo-lo, vivemo-lo se aceitamos, admitimos, estamos dispostos a
entregá-lo verdadeiramente...
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A vida é divícia. Que a preservemos.
A vida é uma esfinge. Não sustenhamos de pesquisar,
mesmo que a réplica jamais se vá descobrir.
A vida é promissão. Que a expectativa não se
desbarate
A vida é melancolia. Que se supere estes instantes.
A vida é uma trova. Melodiemos.
A vida é uma peleja. Que se domine os estorvos.
A vida é um risco. Que se induza orientá-lo sem
mais riscos
A vida é céu-aberto. Que o façamos por granjear.
A vida é vida. Há que a proteger.
Com aguilhões ou rosas, é passageira.
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Sêmen de outras luzes refletidas no espelho de
além, princípio de busca, de querência de outras coisas na vida, ideais,
glórias, a obra na sua continuidade, húmus de outras cores no arco-íris, outras
íris nas cores, miríades spaniels da esperança da balada do efêmero e do
eterno. Além, nas íris, no longínquo da estrada que leva a todos os horizontes
e universos, pitibiribas, as chamas da lareira aquecendo no inverno,
sentimentos de ternura, carinho, afeição, “Dreams are on the phone to
happiness/Happiness is on the phone to other horizons” Pretéritos nas
perspectivas hão-de vir, carentes de luzes, sombras e mistérios, brumas e
enigmas.
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Gênese do poema vem/Vem/Lira quelônia/Divina - o
que fazer quando estamos a des-cacetar as carioquéias de fontes? - vira/Sompoema,
a quinta essência da palavra, compaixão não cabe descrevê-las, perscrevê-la,
inscrevê-la, As breves aves vão me con-duzindo, asas batendo ao céu, o éter
censuram,
no ar vêm vindo, e pousam logo, ó bem-aventuranças,
E indagas-me co’a face eterna em risos: que mal de
novo eu tinha, eu ansiado aos teus avisos?... Vira lírica-poema... Sublime
suspirália e fogo de chamas vivas, sublime respirália e água mansa que desliza
suave no rio.
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Segundo Rogério Thaddeu, estimámos as rosas pela
sua beldade e fragrância e não pelos seus acúleos. Muitos pretendem capturar as
rosas deslumbrados pelo seu odor e pela sua pigmentação e desconsideram os
acúleos. Ao gotejar, analisam somente o sofrimento e menosprezam o que antes
prezaram. Assim acontece com a vida. Enquanto tudo corre bem, veneramos, quando
surgem os aguilhões, encetamos a desalentar. É-se humano, e como tal a dor
agonia… tique-taque rítmico.
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Ninguém toma banho nas mesmas águas de um rio, no
que há de sua profundidade, pedrinhas redondas, contempladas, no fundo do rio
tem pedrinhas, tem pedrinhas do rio no fundo,
Diferente de: “No meio do caminho tem uma pedra/Tem
uma pedra no meio do caminho”, a pedrinha não é minha, mas coloco-a onde eu
intencionar fazê-lo, por haver me banhado nas suas águas, as pedrinhas não
serão as mesmas, há outros rios, sem margens, sem pressa, há outras pedrinhas
no fundo, confins de outras luzes incidindo no asfalto de alamedas, becos,
avenidas, ruas...
(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE OUTUBRO DE 2017)
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