**LIBERDADE TRANSCENDENTAL NA VISÃO UTÓPICA DE UM SONHADOR** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/PROSA FILOSÓFICA: Manoel Ferreira Neto
Liberdade... Pedra de toque, pedra angular de verbos que in-fin-itivam o
tempo nas suas semânticas in-trans-itivas de as esperanças serem, de as
verdades consumarem-se, de os ex-tases das utopias se pres-ent-ificarem, de a
felicidade, ainda que momentânea e efêmera, felizmente, ser não é mostrar-se e
mostrar-se não é ser, seja linguística do além quaisquer dimensões do
in-audito, da solidão, de o estar-se só no mundo, por entre as coisas, objetos
e homens, andando por vezes sem documentos com que se id-ent-ificar - andarilho
ou peregrino?, vagabundo ou nômade? -, por vezes sem a toalhinha com que
enxugar o suor que escorre na testa e no rosto, seja a-nunciação de que, no
ocaso de crepúsculos, os raios de sol numinam as orquídeas das montanhas, os
lírios campesinos ao longo do espaço...
Liberdade de ser... Liberdade de silêncio... Liberdade de solidão. Sonho
in-trans-itivo do verbo amar. Renunciar a liberdade, entregar-se ao amor, ao
amar, pórtico partido para o vazio absoluto, abismático, abissal, a vida esvaece-se.
Ser só no mundo, trilhar as poeiras, jumpear mata-burros, mas a liberdade nos
interstícios da alma, nem a morte é capaz de usurpar ou tripudiar, nem a
consumação do ser-nada tem o poder e a magia dos noves fora zero, simplicidade
das zer-itudes da liberdade. Renunciá-la sob a luz, palavras e verbo do amor?
Inda que sombra eterna sobre a lápide de mármore, não importando seja branca,
cinza ou preta, o espectro da liberdade fulgurará pleno, esplender-se-á
Verdade, sem epitáfios epigráficos da identidade mundana, sem epígrafes
epitafiais das con-ting-ências ec-sistenciais, liberdade além das pre-fundas do
inferno, além das superfícies do celeste paraíso da etern-idade, livre no
uni-verso do In-finito, circundado, como diz alguém, "circundado dos lácios
linguísticos e semânticos", dos ipsis litteris dos significantes e
significados, das iríasis do eterno, e na etern-idade a Estrela Polar sempre
cintilando cores de luminâncias outras que des-velam as long-itudes e
distâncias, a-temporalidade, intemporalidade, sem tempo. O ser sub-jacente às
primev-idades do genesis e do apocalipse, dialética do nonsense, contradicção
da razão.
Mas a liberdade é dimensão do sensível, do espírito, em cujas
verbal-idades do nada-efêmero, caos, abismo, deserto, os linces e íris
versejam, vers-absolutizam éresis e éritos, éresis precedem éritos, éritos
precedem iríasis do In-finito.
Sigo a alameda da liberdade, sigo a poiética livre dos caminhos do
campo, sozinho, solitário, símbolo do primeiro homem no mundo e na terra, mas
de sendo-em-sendo levando as sementes da palmeira ao ápice da montanha dos
ex-tases de minh´alma.
Com a liberdade no verbo de meu ser, com o ser no verbo de minha
liberdade, com o verbo no ser da liberdade. Amor é efêmero no espelho da
eternidade, a liberdade é o Amor à Vida.
Dizem que Deus para mim nada é, dizem até que Deus nos precipícios de
meu não-ser é idílio, prenuncio de utopias, mas, em verdade, em verdade, Deus é
apenas a minha con-ting-ência do nada, da nonada, é a minha verdadeira
trans-cendência. Amor à liberdade, destituído de dogmas e preceitos, de
princípios e solilóquios, o espírito imperfeito, o manque-d´être da alma.
Sou o vazio. O vazio, quem sabe, por delicadeza e ternura, das palavras,
abre-me os tempos, verbos das travessias...
Ser-tão... Trans-cendência. Trans-elevância... A liberdade nos ápices de
todas as penas. O amor antes de todos os litteris dos ipsis do ser.
Liberdade... Quê palavra, hein?! Senti-la, vivê-la, vivenciá-la,
entregar-se ao nada, comungar-se ao vazio, aderir-se às náuseas...
Liberdade...
(**RIO DE JANEIRO**, 24 DE DEZEMBRO DE 2016)
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