À GUISA DE RES-POSTA AO COMENTÁRIO DE MARIA FERNANDES SOBRE O TEXTO /**VENCIDOS/VENCEDORES: EU E A RAZÃO - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/TEXTO: Manoel Ferreira Neto."
Este texto é resposta para alguém, uma Teresinha que considera nada,
poeira de beira em beira, sem qualquer valor ou valia, a não ser presunção ou
mania. Apenas considera a denotação da palavra e nunca mergulha na conotação da
mesma, na sua profundidade. Pobre Teresinha que busca o belo sem lhe enxergar o
sentido, a abrangência do signo. No entanto a Teresinha atreveu-se a deambular
ou seja divagar sobre um tema ou andar de um lado para o outro. Aqui, a
Teresinha provou que já se preocupa por chegar a conclusões, a imergir na
palavra ou conceito para dele emergir algo ou conclusão. Simpatizo com a
Teresinha que, parecendo enjeitadinha traz na alma anseio de ver por entre a
poeira, algum brilho de sol que a ilumine, encante e estreite. Um abraço,
escritor Manoel Ferreira Neto.
Maria Fernandes
Em primeira instância, como diz com categoria e percuciência Voltaire,
"Se queres discutir, defina os termos", defino os termos para o
devido esclarecimento, assim não restam ou restarão dúvidas sobre as coisas:
dito, torna-se solene. Não sou homem de enviar recados ou bilhetinhos sobre o
que penso e sinto, não calço os sapatos do outro para tecer as minhas
considerações, sou intempestivo.
Semana passada, um "talzinho" de Carlos Passos comentou num
post nosso, de Graça Fontis e meu, referindo-se à pintura dela: "Isto é um
anjo de costas ou um cavalo". Respondi-lhe na "lata": "Isto
é uma pintura. O jegue está no pasto." Que contra-res-posta teria para me
enviar senão engolir o sapo-seco sem qualquer tempero.
Não tenho tempo de ficar averiguando os comentários que são feitos nos
grupos, meu tempo é por demasia exíguo para criar, publicar, responder aos
amigos que comentam, além de cuidar de meu BO-TEKO DE POESIAS. Graça Fontis na
sua acuidade de abrir e comentar as "notificações", disse-me ter havido
alguém que chacoteou, mangofeou, ridicularizou sobre o "Nada", nas
entre-linhas se referindo a mim. Não atinei com este texto ou poema - houvesse,
passaria por cima, viraria as costas.
Na minha terra-natal, a companheira inseparável do Zé Mané é a
Terezinha. Tanto um quanto o outro nada sabem de nada, muito menos que existem,
e só dizem asnadas. A "Terezinha" no texto é qualquer um que ousa
abrir a boca para dizer asnices, pensando que está "abafando", o que
diz é a realidade insofismável. É Terezinha sem qualquer valor ou valia. Ainda
mais, este casal sui generis tem o hábito de querer chamar a atenção, servirem
das coisas como muleta para se virem em cena.
O poema DEAMBULANDO é de autoria da Amiga Maria Fernandes, incluso no
seu novo livro OUTONO, cujo prefácio fora feito por mim. Se não identifiquei a
autoria dela, é que a intenção habitava identificá-lo UNIVERSAL, de tão
profundo que é, a autoria sendo da Humanidade. Fora um desgraçado erro que
cometi, deveria ter re-velado a autoria. Sei que Maria Fernandes, diante destas
palavras, compreende com ciência a intenção.
Conforme leio o "comentário", parece-me que a Amiga Maria
Fernandes interpreta a Terezinha como sendo ela própria, um recadinho, um
bilhetinho a si enviado. Jamais faria isto: chamá-la Terezinha, alguém que não
sabe distinguir "denotação" com "conotação". Fosse assim,
não teria feito o Prefácio da obra, de qualquer obra dela. Prezo exageradamente
o meu nome como crítico literário: só prefacio, comento, apresento o que merece
sê-lo, tem seus valores e virtudes.
Abraços, QUERIDA AMIGA!
**VENCIDOS/VENCEDORES: EU E A RAZÃO**
TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis
TEXTO: Manoel Ferreira Neto
Por vezes busco com-preender, entender o porquê de a razão não aceitar,
con-sentir as euforias, entusiasmos, exultações com revelar alegria e
felicidade por definir e conceituar algo como expressão da beleza, do belo. A
razão é exigente, prepotente, intransigente. Para ela, pinguela é pinguela,
pinga na goela é pinga na goela, tomar uma coisa por outra e apologizá-la é atitude
de tolo, é tolice de bobo. E quando ela canta a plenos pulmões no terreno
baldio da alma, dizendo o definido e o conceituado não é o belo, não é a
beleza, sinto-me lesado, negligenciado, e rumino altissonante, até fora do
mundo sou ouvido: "Quem és tu, Terezinha? Tu não significas nada, apenas
um grão de areia na praia arenosa. Só a sensibilidade pode dizer se algo é
belo, se algo é a beleza, se algo é a beleza do belo. Seja humilde, aceite a
sua pouquíssima significação." Solta ela aquela gargalhada estridente,
dizendo: "Como é tolo!". Nada res-pondo: não sou homem que dê milho
para bodes.
Quanta vez pensei em dialogarmos a respeito do conceito, definição do
belo, da beleza, sendo ela a razão, sendo eu a sensibilidade, diálogo que se
tornaria póstumo pelas posturas e condutas da busca da verdade, mas sempre
desisti de fazê-lo, devido ao fato inconteste de suas intransigências,
megalomanias, jamais admitiria certas perspectivas e pontos de vista, e poria
em cena todas as verborréias racionais, intelectuais, lero-lero sem eiras e nem
beiras. Assim não pode haver diálogo.
Nesta manhã, assim que acordei, deparei-me com uma palavra, de imediato
dizendo: "Esta palavra é linda, deveria ser considerada uma das maravilhas
do mundo". Título de um poema. A palavra é DEAMBULAR, o título do poema é
DEAMBULANDO. Significa; VAGUEAR, PASSEAR. E a razão já gritou imperiosa:
"Não é a palavra que é linda, você definiu como linda. Foi o poema que lhe
tocou profundo!" Dei-lhe aquele sorriso amareliçado. O que a razão pensa
ou deixa de pensar pouco se me dá. Aliás, muito antes de conhecer este poema,
amei de paixão esta palavra, Definia com esplendor e excelência, digamos assim,
as características de minha existência, sempre vagueando, passeando à busca da
verdade. E desde então tornei esta palavra "Lema" de minha
existência.
A palavra tornou-se a expressão máxima do belo e da beleza para mim,
quando, no poema, o tema é o passeio, o vaguear no tudo e no nada, aspirando,
desejando, sonhando a plenitude. Há coisa mais linda, mais maravilhosa que
ambicionar chegar ao pleno, nisto de passear no tudo e no nada, sabendo, de
antemão às revezes, que se mergulha no nada? Aí está a expressão da
sensibilidade: mergulha-se no nada, mas o passeio, o vaguear, o deambular
continua irreversívelmente. A razão depôs a sua prepotência, ser ela a última
palavra da verdade, e entra em cena a sensibilidade, Rumo ao pleno é a
sensibilidade que revela, manifesta, mostra as sendas e os caminhos. Jamais a
estagnação pres-ent-ificar-se-á. Sempre deambulando estará a sensibilidade.
A palavra foi-me linda, expressão do belo e da beleza, desde o nosso
encontro, tornando-a lema, o poema veio pres-ent-ificar, esclarecer o que é
isto - deambular no tudo e no nada à busca do pleno.
A razão re-colheu-se no seu cantinho, creio estar re-fletindo, não nas
suas intransigências, orgulhos, vaidades, pernosticidade, mas no fato
inconteste de ter de tirar o chapéu diante de mim, sou osso duro de roer,
vencer-me é preciso muita lábia, não só faço da palavra o que quero e desejo,
faço de meus sonhos a minha entrega ao deambular no mundo à busca da Verdade.
Neste texto, está bem nítido, a Terezinha é a razão, sempre pensando que
ela é a última palavra de todas as coisas, ela é a "Deusa" da
humanidade, as Artes, a Filosofia, a Ciência já provaram que ela é apenas uma
simples orientação.
(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE DEZEMBRO DE 2016)
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