**SILÊNCIOS SILENCIANDO...** - Manoel Ferreira
Pers-critos epitáfios per-formam o tempo, verbo de pretéritos conjugando
perfeições e imperfeições, im-perfeitos sonhos de futurais vires-a-ser de
esperanças, fantasias e ilusões, perfeitas sorrelfas de con-ting-entes
angústias e tristezas que per-vagam perdidas nos confins, no In-finito
re-fazem-se silêncios perambulando efêmeros e nada, re-nascem solidões
originando, concebendo sentimentos e emoções vazios.
Prolixos e herméticos, solidão e silêncio, nada de in-fin-itivos
solsticiando o limiar do horizonte, nada de regências verbais velando a soleira
do uni-verso em instante de sedução do vazio ad-nominado ao abismo para os
abissais genesis do vento sibilem, desde a travessia da profundidade à
superfície do mundo, nas paisagens da viagem aos interstícios velados do
In-finito.
Silêncios silenciando silenciados vazios; solidões de éritas desilusões,
decepções, solidões con-tingenciadas de quimeras e fantasias, conciliadas aos
sonhos perdidos, mesmo que não se chora pelo perdido, lágrimas não os fazem
re-nascer. Silenciados silêncios, silenciando o nada, nada de In-fin-itivos,
pontes partidas, mata-burros, paisagens íngremes, áridas. Silenciando silêncios
silenciados do efêmero, gerúndios do tempo, particípios do verbo, in-fin-itivos
do ser, sendo a travessia dos pretéritos ao presente particípios do ser, sendo
a passagem do presente ao há-de vir do eterno eterizado de absolutos; eterizado
de divin-idades, eterizado de além e confins. Infinitivo dos ventos do além
per-vagando os verbos e sonhos, circun-vagando as ipseidades e solipsismos,
per-fazendo as essências e utopias, os eidos e puras alucinações da verdade e
do belo, re-fazendo as esperanças e desejos de versos re-versos in-versos de
estrofes ad-versas, trans-versas, os volos do inaudito, os paráclitos do ininteligível,
os paradoxos do logus, ratio sublime do não-ser sendo o ser,
Do ser sendo o não-ser, inauditos silêncios da alma. Silenciando
silenciados silêncios, miríades de memórias reveladas no espelho de horizontes
longínquos, arribas distantes, perspectivas de sentimentos aqui, lá, em
qualquer lugar, algures, alhures, em qualquer recanto do desconhecido,
incognoscível, in-audito. Imagens pretéritas perpetuando instantes de
melancolias, momentos de lusitanas saudades do haveria-de ser, haveria-de perpetuar,
haveria-de a água cristalina matar a sede do eterno. Retratos d´outrora
perenizando momentos de prazer, prazeres pretéritos trans-elevando desejos
inconscientes de tempos passados nas asas livres e soltas do condor, do há-de
vir, do vir-a-ser, do porvir, esperanças, sonhos, sínteses do passado e
presente, sin-estesias do futuro e do além. Na longa estrada do tempo, o ser
revelará as dimensões do eterno, as circunstâncias do efêmero, as situações do
verbo nascendo da falência do nada, o silêncio pres-ent-ificando o In-finito.
No tempo contínuo das veredas, o não-ser
Apresentar-se-á descontínuo às luzes diáfanas, aos raios numinosos da
manhã, a chuvinha fina e fria caindo lenta no prenúncio do alvorecer, às
sombras do crepúsculo que trans-cendem o anoitecer, sem estrelas, sem lua,
solidão do silêncio, silêncio da solidão, do silêncio, a solidão; da solidão, o
silêncio, do silêncio e da solidão o porvir futural da verdade..
Silenciados silêncios silenciando verbos de lembranças, memórias,
recordações, à revelia do inconsciente apocalíptico de genesis aquém do caos. O
caos é a origem do cosmos, o cosmos, a origem do caos, aqui, lá, em qualquer
lugar. No efêmero tempo das origens, o vazio precedia as perspectivas de
nonadas do eterno, princípio do nada, sêmen do não-ser; no eterno tempo do
genesis, o nada precedia os ângulos de travessias partidas de universos, fim do
absoluto, término das essências, derradeiros eternos da fé no além.
Silêncios silenciados, silenciando no deserto de reflexões as angústias
e tristezas, nostalgias e perfeitas indiferenças, iluminando, à beira-mar de
meditações, desejos e utopias do nada-vazio, útero da concepção, criação do
aquém-além, do além-aquém do ser não-ser, do não-ser ser, vontades e ideais do
vazio-nada, corpo da vida, volo de buscas, querências do além-eterno,
eterno-além, corpo de baile, baile do corpo, dialética da iluminação,
iluminação da dialética.
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 13 de novembro de 2016)
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