**SEMANA //Blog **BO-TEKO DE POESIAS** - 18-24 DE NOVEMBRO DE 2016** - Manoel Ferreira
COMÉDIA DE SINFONIAS DA SOLIDÃO*
I
Perfeita imperfeição defectivando verbos de sonhos, regências de desejos
nos interstícios da esperança. Ser de ocasos perfeccionando defectivas
im-perfeições do verbo de fectivos verbos, imperfeições dos ocasos - vale,
montanhas, florestas, mares, abismos, panorama longínquo de um presente,
paisagem in-finita do há-de ser, aclives, declives, curvas acentuadas,
consecutivas, e o ônibus vai cortando o vale em direção ao sertão, de volta
para casa - verbo de sendas tecendo itinerários, miríades de verdades anunciam
caminhos do campo, areias desérticas e-nunciam marcas e passos,
trajeto/confins, confins do caos, arribas do cosmos,
Arribas do caos, confins do cosmos, intensos são os prazeres e alegrias,
a percuciência de ideais são consciências re-integradas, res-gatadas,
re-cuperadas de fantasias outrora vividas nos pretéritos adjacentes às
confusões e perdições in-finitas de querências alinhavadas de sentimentos do
não-ser, des-virtuando a alma, tergiversando os instintos aos ossos da
plen-itude; verbo de veredas compondo o “blues” do caminho com as notas,
ritmos, melodias, musicalidade. Nos outroras, manque-d´être de saudades,
sentimentos de ausência, falta, falha, carências, manque-a-être de desejos,
vontades, volos do coração, con-jugados às incertezas e medos perenes,
Mãos à obra, pés na estrada sem limite, sem fronteira, sem bordas,
destino: começo, re-começo, numa origem de nova cultura, de um povo, condições
abaixo das razoáveis, mas seguindo as alamedas por onde decidi trilhar minhas
estradas, semeando esperanças, sonhos, fé. Andarilho quase...
O ônibus vai cortando o vale em direção ao sertão, de volta para casa
Lembrança longínqua: na infância, pelas ruas de Itabira, cantando: "Se
algum dia à minha terra eu voltar/ Quero encontrar as mesmas coisas que deixei..."
Hoje, ainda pela manhã, perguntava-me: "Será que vim para morrer neste
buraco de mundo chamado Diamantina". O ônibus corta o vale, em direção ao
sertão, de volta para casa!...
II
Leito de águas cristalinas, iluminado à superfície de raios numinosos,
engolfando sentimentos em absoluta re-flexão do que há-de vir, do que há-de
ser, mergulhando sensações de dúvidas nos abismos de dores e sofrimentos, taça
de lágrimas às vergonhas, aos sentimentos de ofensas, as angústias da
humilhação, sentindo a vida em-si mesma, na sua luz se revela solene, sabedoria
do verbo sendo a carne do absoluto, carne sem ossos, carne sem veias, sem
sangue percorrendo nelas, realização contingente, de Antemão Às Revezes: Útero
Às Palavras, sim, o corpo do real comunga-se à realidade profunda da alma.
miríades de a-nunciações de liberdade, perscrutando recônditos do inconsciente,
alegria efêmera, desenhando afora desertos inóspitos de condições
ec-sistenciais, de dogmas algemados às decisões, decisões acorrentadas às
misérias do não-ser, re-fazendo olhares ao longínquo de imagens trospectivas
das pectivas da res...
Sou imperfeito, defectivo as esperanças do perfeito, perfecciono o
defectivo das esperanças, das esperanças perfecciono defectivos - brincar às
palavras, à dubiedade dos sentidos e significações, o jogo , a tramoia, o
tripúdio, não é um recurso da beleza, versos de excelência, construção da
linguística dos verbos no tempo da estesia - imperfeitos os desejos
participando de instantes de luz nas trevas, luz nas trevas perspectivando
instantes de desejos - “perfeitos, imperfeitos, o que isto importa, se a
brevidade dos sentimentos, emoções, sensações sãp o advir, porvir, há-de vir
solicitando as brisas suaves e sublimes, bem-estar corpóreo...”
Sou a imperfeição esplendendo de sombras perfeitas os horizontes além.
Sou o defectivo resplendendo de brumas imperfeitas os confins de amanhã. A
imperfeição é a plena perfeição do não-ser, o não-ser é a perfeita plenitude do
imperfeito, o ser é a absoluta imperfeição do perfeito. Origem do futuro
con-templado à luz do perfeito passado, genesis do presente vislumbrado à mercê
caótica do futuro, fonte do pretérito alumbrado à mercê abismática dos
alvoreceres, crepúsculos, entardeceres, anoiteceres... Sou a luz fosforescente
do imperfeito luminando o tempo de nadas, vazios, nonadas, náuseas, de
efêmeros, passageiros, vapt-vupts, éresis, con-éresis, an-erésis, o caos
imperfeito das imperfeições que me habitam participa do tempo verbalizado nas
angústias do eterno efêmero, Interando do ser enunciado as náuseas das
travessias, interagindo do nada epigrafado as contradições. Sou o imperfeito
eterno efemerizando o tempo do caos, perfeito imperfeito, imperfeito perfeito,
mais-que-perfeita imperfeição numinando os caminhos de ironias, sarcasmos,
cinismos, compondo a sátira das vaidades, orgulhos, odes dos êxtases da raça e
estirpe, idílios das nostalgias, melancolias, saudades, tributos, ainda que às
furtivas da comoção e lágrimas, ao poder, às glórias, às conquistas.
O ônibus corta o vale, em direção ao sertão, de volta para casa!...
III
À sombra do imperfeito, dançando a ópera da solidão à luz das cenas
performadas de sons e imagens, performance de quimeras da redenção,
ressurreição, ilusões do perene, banquinho solitário, de por baixo da árvore,
Estrada coberta de neblina, paz, serenidade, suavidade da douta
sabedoria do divino e supremo, cenário de sorrelfas da eternidade, paraíso de
felicidade e alegrias, movimentos de fantasias do absoluto, a vida na sua
plenitude de perfeições perfeitas, sem as margens do não-ser à brisa suave e
serena da imperfeição, sentindo a dor gélida do tempo que não participa do
perpétuo, do perene.
Perfeita imperfeição do imperfeito perfeito ser imperfeito, do não-ser
perfeito
Não-ser imperfeito do ser imperfeição...
O ônibus corta o vale, em direção ao sertão, de volta para casa!
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 22 de novembro de 2016)
Comentários
Postar um comentário