**INTERSTÍCIOS OCULTOS DO NADA** - Manoel Ferreira
Re-versos atrás de éritas pectivas retros de imagens res-plandecendo na
superfície lisa do espelho, inda que ínfimas e minúsculas, nos átimos do tempo,
pre-nunciando mistérios do além, aqueles tais de in-consc-ientes que velam
medos e tremeliques do há-de ser, des-velam fugas e outras condutas de má-fé,
perambular pelos baldios dos becos, sob a cintilância das estrelas, brilho da
lua - que romantismo sem precedentes! -, cantando "não estou com sono/não
há para onde ir...", a madrugada não custa a passar, o orvalho continua a
cobrir as flores do jardim, o alvorecer será apenas um fenômeno da natureza,
morrer ou viver não é a questão, a questão é deslizar no vazio, nada se há-de
re-colher, nada se há-de a-colher, nalgum canto aquém de confins o epitáfio
escrito com as gotículas de garoa do tempo nos devaneios de paulicéias do verbo
e do nada, que os in-fin-itivos de arriba olvidaram as fin-itudes em uníssono
recitando os pleonasmos viciosos do eterno, os cacófatos do ab-soluto.
Vernáculo de solidão nad-ificado de éritos resquícios das melancolias do
in-fin-itivo querendo as sorrelfas do genesis deixadas ao léu nas bordas das
im-perfeições perfeitas das perfect-itudes, das nostalgias do gerúndio,
desejando com excelência da sensibilidade e do espírito, nas margens invisíveis
dos horizontes de perfeitas im-perfeições das nad-itudes em cujas faces
visíveis do in-visível alumia o semblante do abismo abismático de abissais
sensações, a continuidade que se faz continuamente, a morte é a última
esperança, saudades do particípio naquela fissura mais que compulsiva do
apocalipse do Tudo, do Eterno, do Ab-soluto, projetadas, melhor ainda, jogadas
a esmo qual confetes na soleira das pectivas intro que re-nunciam, nunciam
desde o caos no instante do ser cosmos, a mostragem na moldura dos núncios do
vir-a-ser em nome, sobrenome, nome completo do "Eu", silêncio e
infra-silêncio nada mais são que sombras da linguagem, penumbras do estilo,
brumas do dis-curso.
No crepúsculo do nada, sempre as cintilâncias da luz que, re-versas e in-versas
de ad-versas vers-itudes, redimensionam as iríases do verbo e ritmam
melodicamente as éresis da con-ting-ência da etern-idade, das etern-itudes e,
por além dos tempos e ventos, aquela balalaika dos ventos soprando os tempos
para adiante, os tempos movendo os ventos para trás, alfim os tempos requerem
liberdade para jornadearem ao longos dos interstícios do nada oculto de poeiras
da estrada, do nada à luz do rio cristalino de per-curso, de-curso, sem fonte,
sem margem, entregue livre às forclusions e furtividades das sendas e veredas à
mercê dos passos a passos em direção à vida do viver, à existência do
existir...
Nada é luz do silêncio. Nada é luz do infra-silêncio. Nada é luz da
verdade, também das in-verdades. Nada é a vida, em cujas tessituras e tecituras
se projetam o Ser-do Verbo, o Verbo-do Ser.
Verbo e silêncio... Verso-Uno do Ser...
Manoel Ferreira Neto.
(*RIO DE JANEIRO*, 11 de novembro de 2016)
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