COMENTÁRIO-CRÍTICO DA AMIGA POETISA E ESCRITORA MARIA FERNANDES AO TEXTO //**INTERSTÍCIOS OCULTOS DO NADA**//
Concordo com o escritor sobre a análise do viver a vida sob a égide da
existência, do existir. Logo, se existo, não posso ser nada nem mesmo silêncio.
O autor conjuga três negações: nada, silêncio e infra-silêncio, resumindo -as
ao nada, porque nada são efectivamente, mas discordo quando afirma que"
Nada é a vida", embora aceite o inverso , a Vida é nada porque se consome
no tempo. Interessante e eloquente a conclusão: " Verbo e
silêncio...Verso-Uno do Ser. Assim sendo, a vida é o conjunto da palavra e do silêncio,
do verbo que se reduz a nada. A vida é uma explosão do nada em verbo que no
tempo se esvai no nada. Um abraço, meu amigo.
Maria Fernandes.
Boa tarde, minha Amiga querida. Como lhe havia dito no bate-papo, por
onde me enviou este comentário-crítico de meu texto //**INSTERSTÍCIOS OCULTOS
DO NADA".
Sim, devemos os homens viver sob a égide da exisência, do existir. O que
é isto - existir? De sendo-em-sendo, nas circunstâncias dos efêmeros e nada,
nas situações da dialética do ser e do não-ser, a projeção à liberdade, aos
sonhos, às esperanças, também às fantasias, quimeras, fantasias. Mas é porque
"existo" que sou nada, sou silêncio, no que tange à busca dos sonhos
que realizam, das esperanças que revelam outros horizontes e uni-versos,
confins e arribas, porque é na linguagem deles, no discurso deles, no silêncios
de seus inter-ditos e in-auditos, que se deseja, tem vontade, espera, almeja, o
encontro do Verbo, do Ser. Sou nada, sou silêncio, mas com o olhar à luz do
vir-a-ser, do porvir, do há-de-ser... Existindo, sendo nada e sendo silêncio,
em sendo nada e silêncio é que me projeto ao In-finito.
Não conjugo o silêncio, infra-silêncio, nada, no tempo do Nada, do
Nada-Tempo. Componho o silêncio, infra-silêncio, nada no ritmo e melodia com o
In-finito, com o in-vestigar os eidos do ser e dos ventos. Não trago na minha
linguagem e estilo o Nada da Vida como sendo a materialidade. O Nada que trago
em mim é o húmus para a trans-cendência ao In-finito do silêncio e do verbo.
Então, quando digo que "A vida é nada", quero dizer que o Nada
é leitmotif, é
mov-ente, é húmus, semente, eidos da vida - só o Nada re-vela o
In-finito, o Verbo-do Tudo, o Tudo-para o Verbo. O homem é o nada e o nada é a
caminhada do homem em direção ao In-finito.
Manoel Ferreira Neto. .
**INTERSTÍCIOS OCULTOS DO NADA**
Re-versos atrás de éritas pectivas retros de imagens res-plandecendo na
superfície lisa do espelho, inda que ínfimas e minúsculas, nos átimos do tempo,
pre-nunciando mistérios do além, aqueles tais de in-consc-ientes que velam
medos e tremeliques do há-de ser, des-velam fugas e outras condutas de má-fé,
permbular pelos baldios dos becos, sob a cintilância das estrelas, brilho da
lua - que romantismo sem precedentes! -, cantando "não estou com sono/não
há para onde ir...", a madrugada não custa a passar, o orvalho continua a
cobrir as flores do jardim, o alvorecer será apenas um fenômeno da natureza,
morrer ou viver não é a questão, a questão é deslizar no vazio, nada se há-de
re-colher, nada se há-de a-colher, nalgum canto aquém de confins o epitáfio
escrito com as gotículas de garoa do tempo nos devaneios de paulicéias do verbo
e do nada, que os in-fin-itivos de arriba olvidaram as fin-itudes em uníssono
recitando os pleonasmos vicios do eterno, os cacófatos do ab-soluto.
Vernáculo de solidão nad-ificado de értios resquícios das melancolias do
in-fin-itivo querendo as sorrelfas do genesis deixadas ao léu nas bordas das
im-perfeições perfeitas das perfect-itudes, das nostalgias do gerúndio,
desejando com excelência da sensibilidade e do espírito, nas margens invisíveis
dos horizontes de perfeitas im-perfeições das nad-itudes em cujas fáceis
visíveis do in-visível alumia o semblante do abismo abismático de abissais
sensações, a continuidade que se faz continuamente, a morte é a última
esperança, saudades do particípio naquela fissura mais que compulsiva do
apocalipse do Tudo, do Eterno, do Ab-soluto, projetadas, melhor ainda, jogadas
a esmo qual confetes na soleira das pectivas intro que re-nunciam, nunciam
desde o caos no instante do ser cosmos, a mostragem na moldura dos núncios do
vir-a-ser em nome, sobrenome, nome completo do "Eu", silêncio e
infra-silêncio nada mais são que sombras da linguagem, penumbras do estilo,
brumas do dis-curso.
No crepúsculo do nada, sempre as cintilâncias da luz que, re-versas e
in-versas de ad-versas vers-itudes, redimensionam as iríases do verbo e ritmam
melodicamente as éresis da con-ting-ência da etern-idade, das etern-itudes e,
por além dos tempos e ventos, aquela balalaika dos ventos soprando os tempos
para adiante, os tempos movendo os ventos para trás, alfim os tempos requerem
liberdade para jornadearem ao longos dos interstícios do nada oculto de poeiras
da estrada, do nada à luz do rio cristalino de per-curso, de-curso, sem fonte, sem
margem, entregue livre às forclusions e furtividades das sendas e veredas à
mercê dos passos a passos em direção à vida do viver, à existência do
existir...
Nada é luz do silêncio. Nada é luz do infra-silêncio. Nada é luz da
verdade, também das in-verdades. Nada é a vida, em cujas tessituras e tecituras
se projetm o Ser-do Verbo, o Verbo-do Ser.
Verbo e silêncio... Verso-Uno do Ser...
Manoel Ferreira Neto.
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