**CARTA AO SUBLIME** - Manoel Ferreira
Aleluia... Aleluia... Aleluia...
Os primeiros raios de sol do alvorecer brilham atrás da nonada de
espectros fosforescentes, no horizonte distante a neblina esvaece-se, ponteio o
lince do olhar e vou fundo no abismo do universo buscar o som da cítara que
ritma os acordes de sentimentos inda a-nunciados nos interstícios da alma que,
quiça à revelia do nada serpenteiam o vazio da inspiração, serão a luz a bordar
de miríades do sublime as notas do volo desejo do perpétuo, a eternidade além
da consumação dos tempos.
Amanhã será outro dia...
Amanhã será outro dia...
Amanhã será outro dia...
Sons de raízes dedilhados nas cordas frágeis dos sentimentos manifestos
e latentes, raízes de árvores frondosas, folhas tocadas de brilhos numinosos,
no peito sensações de leveza nos sonhos de amanhã, nas esperanças futurais, e
vou tocando as ovelhas de palavras, ovelhas-palavras, de letras,
ovelhas-letras, com o cajado das utopias de ritmos e melodias, linguísticas e
semânticas, das dialécticas de in-auditos e silêncios, boêmio de volta ao lar,
cabisbaixo, trilhando os caminhos com passos comedidos, lentos, na vagareza do
tempo, pensamentos ao longe, sentindo na intimidade do íntimo os recônditos das
andanças de sonhos dentro de outros sonhos, dentro de outros sonhos. sabendo
nada saber de sabedorias, sempre o sentimento do longínquo criar-se,
conceber-se a presença da verdade do ec-sistir à luz de compor a história,
cítara e harpa em uníssono de notas e ressonâncias de ritmos re-compondo de
fantasias e ilusões a cor-agem e ousadia de pro-jectar a liberdade para pulsar
desejos e vontades do Verbo, nonadências de sensações e inspirações, pontes
partidas de intuições, mister a leveza do olhar os horizontes e universos, íris
e linces em con-sonância com o re-velar-se, en-velar-se, des-velar-se da
natureza, da perfecção da chuva, do vento, da maresia do mar, em cujos
interstícios do Ser e do Tempo residem os orvalhos e neblinas do pleno.
Pontear de estrofes da verdade, no atrás do convexo do espelho, a imagem
do efêmero sed-uzindo a carência da etern-itude com o veneno paradisíaco da
árvore dos prazeres as miríades do tempo de esperanças do volo eidos da vida
plena de éresis da leveza do ser. Pontear de versos da contingência de
sartreanas náuseas, camuseanas do deserto inaudito, gideanas concupiscências do
imortal, belo da estética do sensível, os sonhos oníricos da vigília, genesis
dos três pilares ou das três estalactites da gruta do verbo que pingam de água
cristalina o inaudito da inspiração.
Tese,
Antítese,
Síntese...
Pontear de baldios do absoluto, no frontispício da página de dimensões
do vir-a-ser, outras pers, retros de pectivas do silêncio que concebe o som
místico do in-audito que pre-nuncia, a-nuncia constelações que a-lumiam as
soleiras de cavernas e grutas, inspirando a sentir o que lhes habita o interior.
De ponta cabeça o efêmero sacia sua sede paráclita do destino que, de
travessias em travessias, inscreve nas tábuas de veredas do perene as á-gonias
da liberdade, sursis da alma-com as sinas badalando no domus de sinos das
igrejas heréticas, proscritas, templos demoníacos, marginais, que, de nonadas
em nonadas, do verbo de morrer a vida da morte, epitafia os mistérios místicos,
míticos, legendários, lendários das sendas do inolvidável lúdico e sensual
sibilo da efemeridade que suprassume a poética do espaço através e por
inter-médio da estesia das brás-cubianas memórias das páginas fenecidas de
linhas e margens, o aquém da trans-cendência nutrindo e alimentando o além-nada
das nadificações do ser, estratificações do não-ser, sub-stratos do verbo, in-stratos
dos verbos à luz pálida do crepúsculo de ocasos, o nada é miríade da vida, a
miríade do nada são os espectros-luz que são as palavras à sensibilidade do
não-ser atrás dos ossos que, destrinçados, mostrarão a carne do tempo, tempo do
filet mignon que só reconhece o gosto quem no paladar sonha sentir o prazer da
vida.
Amanhã será outro dia...
Amanhã será outro dia...
Amanhã será outro dia...
Quem me dera agora eu tivesse a viola para cantá-lo com esplendor...
sublime, sublime, sublime!!!
Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 14 de novembro de 2016)
Comentários
Postar um comentário