**DESCASCANDO MANJOCAS - PARVOÍCES DE MESTRE E CUCA** - Manoel Ferreira
“There ain´t
eggs in my bed...”
Bob Dylan –
The Leeve´s gonna break
Bons dias!
Descascar pepinos, que maçada! Há-de se ter um esmero ilimitado com a
faca, pois a casca é muito fina, tênue, caso contrário leva-se o pepino junto
com as cascas, tira-se o pepino de circulação. A casca é tão fina que por triz
não se vê o branco do pepino. O cuidado é tão grande que nem se sente a arte de
descascar, os movimentos com a lâmina da faca, os pequenos trejeitos que se faz
para ser só a casca a ser retirada. A arte da faca fica escondida atrás dos
esmeros com a finura da casca.
Anos e anos descascando pepinos, pequenos, grandes, médios. Estava mesmo
ficando irritado, enraivecido, aborrecido com esta prática, a arte da faca se
perdeu ao longo deste trabalho – a minha arte é com a faca, desde o afiar no
afiador, faço-o de olhos fechados, até o cortar, isto é o que me apraz em
demasia, deixa-me extasiado de tanta felicidade - tornou-se lugar-comum,
tornou-se vulgar, tornou-se insípido e insosso descascar pepinos, não sentia
mais qualquer prazer, deleite, não mais me senti alegre com a faca passando na
superfície lisa do pepino, tirando-lhe aquela película verde. Aliás, nem era
necessário descascar, era servi-lhe com casca e tudo, apenas picado, com sal e
azeite. Sem a casca era mais delicioso. Cansei-me de descascar pepinos. Era aposentar
a faca, era colocá-la dentro da gaveta, condenada à inutilidade por sempre, a
sua utilidade e especialidade era para descascar os pepinos. Como a coisa se
tornou um tédio, não mais descascaria pepino, e se fosse comê-lo, não iria
picá-lo, comê-lo-ia do mesmo modo como se chupa um caqui, nas dentadas vorazes.
O que fazer, então? A continuidade na utilização da faca se tornou tão
quotidiana, um minuto sequer sem ela na mão é um martírio sem limites,
tornou-se parte de minha mão, sem a faca não sentia a mão, sem a mão não me
sentia homem, as mãos é que fazem as coisas, até mesmo as idéias, sem as mãos
as idéias não existem, é preciso que elas as realizem no papel, no mundo. Não
tinha a menor idéia. Não estava mesmo disposto a continuar fazendo uma coisa simplesmente
por fazê-la, isto não tem qualquer graça, isto não tem qualquer tempero. Estava
mesmo pensando em pedir demissão de minha função de descascar pepinos no
restaurante, ir-me embora, tentar outra coisa que não fosse com a faca.
Por vezes, tentei convencer o proprietário do restaurante a dar-me
outras coisas para descascar, podiam ser laranjas para suco, podiam ser
batatas, podiam ser maxixes... Não aceitou, a minha especialidade era descascar
pepinos, não se encontrava um fiapo de casca verde nele, os clientes apreciavam
ver o branco, comer aquela massa branca com azeite e sal, sentir o gostinho
delicioso. Não fosse eu a descascar os pepinos, os clientes reclamariam,
deixariam de freqüentar o restaurante, em pouco tempo teria de fechar as
portas. O nome do restaurante era “Restaurante dos Pepinos”, o próprio nome já
indicava a sua especialidade, e só eu sabia descascar pepinos com engenhosidade
e arte. Fosse questão de salário, aumentaria uns vinte réis, com o desconto na
folha de pagamento para o INSS, receberia dezessete e setecentos, mas não podia
deixar de descascar os pepinos.
Ademais, nos últimos tempos estava a sentir-me irritado com os olhares
de esguelha de algumas pessoas, não porque tinham preconceitos, discriminavam
quem descascava pepinos, era uma profissão muito nobre, exige arte e
engenhosidade para descascar um pepino, mas sim porque isto de “descascar
pepinos” se tornou uma expressão na boca de todo mundo, significando tornar
público e notório todas as mazelas e pitis, acabar com a raça do sujeito
mostrando a todos os seus defeitos, identificando a sua raça e índole,
revelando as suas suciedades. Olhavam-me como se eu soubesse de todas as
mazelas humanas, e, enquanto eu descascava o pepino real para a mesa dos clientes,
passava em revista todas as mazelas dos homens, conhecia-as profundamente. Em
verdade, não penso em nada, quando descasco pepinos, deixo à faca a sua
trajetória de limpar o pepino de sua casca. Às vezes, até diziam: “Qual o mais
novo pepino que existe? Vai descascar para nós? Estamos famintos para ver a
brancura dele!” Nada havia a dizer, o silêncio era o mais conveniente. Jamais
os pepinos alheios me disseram respeito, foram de minha alçada. E se fosse para
descascar esta espécie de pepino, fá-lo-ia com os meus próprios pepinos,
descascá-los-ia com toda a pompa, mas o branco dos meus pepinos não iria
interessar a ninguém, é insípido e insosso, eu mesmo não preciso descascá-los,
nunca tiveram cascas, são brancos por natureza e espécie.
Essa expressão sempre me pareceu muito superficial, isto porque a casca
é superficial, é apenas uma película. Entendia isso como “tirar fora as
aparências”, isto é, descascar os pepinos de alguém significa tirar-lhe as
aparências, deixar-lhe com suas coisas nuas e cruas. Nada mais além disso. É
óbvio que tirando as aparências, deixando as coisas nuas e cruas é uma coisa
tão simples. Mas, além destas aparências, o que existe, o que há, o que tem lá
nas pré-fundas da intimidade? Existem muitas coisas, e ninguém gosta de mostrá-las,
de torná-las públicas, querem mesmo é que fiquem lá, não dizem nem ao
travesseiro, tem-se o maior cuidado com o que é dito, pois que as palavras
podem deixar várias e inúmeras insinuações, e quem é perceptivo e tem olhar de
lince logo descobre as coisas mais comprometedoras. Haveria quem se importasse
de se ver sem aparência diante dos outros? Alguns sim, pois que é o seu
ganha-pão de todos os dias, sem elas não fazem nem para meio bago de arroz e
meio bago de feijão. Precisam das aparências para sobreviver, para se prolongar
no mundo, morrer por encontro imprevisto. Outros não ligam mesmo, não precisam
delas para nada, se existem trata-se apenas de um descuido da estirpe. Mas o
que existe além destas aparências, aí não há quem aceite, não há quem ad-mita,
o descrédito público torna-se realíssimo.
As cascas do pepino podem revelar a presença das hipocrisias, farsas,
falsidades, podem revelar os defeitos, arbitrariedades, gratuidades. As
hipocrisias, farsas, falsidades mesmas ficam na superfície das coisas nuas e
cruas, os defeitos, arbitrariedades, gratuidades são as sementinhas do pepino.
O caráter, personalidade não são mostrados, apenas insinuados, a maioria das
pessoas não têm olhos de lince para entrar neles e fazer o banquete platônico
com os juízos e discriminações.
O proprietário estava pensando em novos pratos, a clientela estava
aumentando, os gostos eram diferentes, queria servir a todos. Conversando com
todos em suas respectivas mesas, pedindo-lhes sugestões para outros pratos, a
unanimidade foi para a carne salgada, carne de sol com mandioca, que pegam bem
com qualquer bebida, seja a cerveja, seja o uísque, seja o Campari, seja a
aguardente. Mas não podia deixar nunca de haver o pepino. O pepino tinha de
estar no menu de todos os pratos. Seria: mandioca e pepino. Tinha de encontrar
um nome para este prato, um nome que chamasse bastante a atenção, só de ler no
menu a boca do cliente já salivasse. O proprietário arrumou umas caixinhas,
colocando-as sobre cada mesa, nelas os clientes deveriam colocar suas sugestões
para o nome do novo prato, mandioca com pepino. Por uma semana foram recolhidas
as caixinhas e todas as sugestões lidas com muito carinho e atenção. A
unanimidade do nome recaiu em “Manjoca Pepinada”, que fora muitíssimo aceite
pelo proprietário. A clientela triplicou, ninguém pedia outro prato para
beliscar com a bebida senão mandioca com pepino, e para o jantar ou almoço
carne de sol ou carne salgada com mandioca e pepino, cujo nome ficou sendo:
“carne salgada à manjoca pepinada” ou “carne de sol à manjoca pepinada”. Aquilo
de dizer que as pessoas são muito criativas é mesmo verdadeiro, quem diria que
fossem criar um nome tão sugestivo, constituído unicamente da palavra
“mandioca” como é pronunciada não apenas pelo vulgo, muitíssimo usada pelas
celebridades e personalidades, especialmente pelos mestres da Língua
Portuguesa, quando não estão na sala de aula.
Passei então a descascar as “manjocas”, os pepinos deixaram de sê-lo,
eram servidos com casca e tudo, apenas cortados em pequenos tabletes. Descascar
“manjocas” é muito mais interessante, enfia-se a faca na casca com gosto e
propriedade, qualquer esmero é considerado uma solene tolice, a casca é grossa,
é necessário até colocar força para a lâmina entrar nela. Apenas um detalhe: antes
de tirar a casca propriamente dita, sempre passei a lâmina bem suavemente para
tirar aquela casquinha seca. O mais interessante na arte de “descascar manjoca”
é que saem pedaços de casca, não saem aqueles filetes como as dos pepinos.
Sente-se a arte quando se coloca os pedaços da casca em ordem. Faz uns quatro
meses que venho “descascando manjocas” para o prato “manjoca pepinada”, e
sempre coloco as cascas da manjoca em ordem só para sentir a arte da faca ao
retirá-la. É impressionante.
A paixão por “descascar manjoca” entrou-me na alma euforicamente. Sinto
prazeres, volúpias, êxtases inomináveis, ininteligíveis, incompreensíveis.
Sinto-me no sétimo céu quando tomo de uma manjoca e começo a descascá-la.
Felizmente que os clientes dispensaram os pepinos descascados, preferiam com
casca e cortados em pequenos tabletes, e eu fui exonerado do cargo de descascar
pepinos, assumindo outro de muito maior importância, um cargo de porte, que é
“descascar manjoca”. Só para despertar a sensibilidade: qual é mais pomposo de
dizer: “descascar pepinos” ou “descascar manjocas”? Óbvio, “descascar manjoca”
é muito mais pomposo, dá aquele ar de nobreza. E não é porque a palavra está na
sua forma de uso público e notório. Fosse com a palavra oficialmente
dicionarizada também chamaria a atenção, “descascar mandioca”. Descascar
batatas em navios, que, até hoje, quando alguém o diz, não há quem não ria, não
tem qualquer graça perto de “descascar manjoca” em restaurante de burgueses.
Há um pormenor ainda bem sutil que eu percebi quando iniciei a arte de
descascar manjoca. O pepino não nasce debaixo da terra. A mandioca sim nasce
debaixo da terra, tem até aquele gostinho de terra bem agradável nela, sutil,
obviamente.
Aí, sim, enquanto eu descasco as manjocas na cozinha do restaurante,
fico pensando com acuidade e ecs-clusividade na expressão “descascar pepino”.
Em princípio, dizer isto era muito interessante, era motivo de galhofa das
pessoas, era motivo de receio, alfim quais eram as cascas que seriam retiradas,
seria que iriam retirar todas, ficariam branquinhas aos olhos públicos e
notórios? Por um lado, haviam risos e galhofas, a expressão era mesmo
interessante, mui interessante, tinha até um arzinho de nona maravilha do
mundo. Tudo que é muito usado acaba perdendo a graça. Apesar de que a graça do
pepino descascado já tenha caído do galho há muito, as pessoas continuam usando
a expressão. Não riem mais, não sentem mais receio algum. “Descasquem os meus
pepinos, mas lembrem-se de que eu existo”, tanto que a coisa se tornou corriqueira,
lugar-comum. Pouco se importam com as aparências reveladas. Isto não “inflói”
nem “contribói” com nada. Ninguém mais importa se os seus pepinos são públicos
e notórios, se são motivos de censura, discriminação, preconceito da sociedade
inteira, se o seu nome caiu no descrédito total e absoluto.
Se elas deixassem os pepinos de lado, aposentassem a faca de descascar
pepino, utilizassem de outra faca, de uma faca própria para descascar manjoca?
A de descascar pepino passava apenas na superfície do pepino, retirando a
película fina que era a casca, a casca era bem fininha. Era preciso de muita
arte e engenhosidade. Não se “descasca manjoca” passando a faca na superfície,
é preciso enfiar a lâmina bem fundo. Já pensou descascar as manjocas alheias?
Enfiar a faca bem fundo para tirar a casca! Tiradas as cascas das mazelas,
pitis humanos, conhecer-se-ia bem o que estava na superfície escondido pelo
verde escuro, que já era motivo de censura, de galhofa, de mofa, de risinhos de
esguelha e olhares de soslaio, e fazia tremer muitas pessoas, enfim algo de sua
intimidade estava público e notório, o nome estava sujo na praça.
Descascar as manjocas alheias não ficaria apenas na superfície, entraria
pelas pré-fundas a dentro, arrancaria tudo o que estivesse trancado a sete
chaves, exporia a alma nua e crua. As hipocrisias, falsidades, farsas,
arbitrariedades e gratuidades, os comportamentos e atitudes espúrios, ou seja o
caráter sendo todo mostrado, identificado, revelado, manifestado, aí sim era
coisa bem preocupante. Não haveria quem ficasse andando pelas ruas e avenidas
da cidade livre e espontaneamente, naquele arzinho de despreocupação total e
absoluta, as vergonhas, os sentimentos de culpa e remorso, as responsabilidades
com todas as falcatruas e tramóias estariam visíveis nos comportamentos de
todos. Seria ou enfiar a cabeça de por baixo da terra e jamais tirá-la de lá ou
fugir para bem longe do mundo, nalgum lugar que não fosse o mundo, para se
livrarem dos olhares de esguelha e dos risinhos de soslaio de todos por as
manjocas suas estarem públicas e notórias. Não haveria quem dissesse:
“descasquem as minhas manjocas, mas lembrem que eu existo”; ao contrário,
“esqueçam que eu existo, mas, por tudo quanto há de mais sagrado e divino, não
descasquem as minhas manjocas”.
A expressão antiga é “descascar os pepinos”, querendo dizer que as
pessoas não têm apenas um pepino em suas vidas, têm muitos. Se “descascar
manjoca” se tornasse uma expressão, a coisa ficaria realmente muito complicada,
haveriam muitas manjocas a serem descascadas, e quanto mais se lhes
descascassem, mais o caráter e a personalidade se tornariam públicos e
notórios. Ninguém mais sairia de casa, viveriam todos trancafiados em casa, só
de pensar que as pessoas conheciam suas manjocas com perfeição e distinção, aí
não era só a vergonha e a timidez que estariam neste naipe, os medos, os
sentimentos de culpa e responsabilidade, elas eram as únicas responsáveis por
suas manjocas. Esperariam a morte dentro de casa, jamais poriam as fuças nem na
janela, pois alguém passaria e logo pensaria nas manjocas delas, e isso seria
não apenas objeto de preconceito, discriminação, mas de risos, galhofas, mofas,
e tudo o mais no sentido, pois as verdades dos outros sempre foram refrescos,
esfria o calor das próprias verdades, que ainda as manjocas delas não foram
ainda descascadas, mas possíveis de sê-lo, mas enquanto não sejam pode-se rir à
revelia.
Na lida quotidiana em descascar as manjocas para o prato de “manjocas
pepinadas”, comecei a imaginar se os escritores deixassem de lado o “descascar
os pepinos” alheios em suas letras, o que lhes deixa extasiados, eufóricos,
estão criticando e ironizando as condutas e posturas humanas com as suas
aparências, e partissem para “descascar as manjocas” em suas letras, a coisa se
complicaria bastante para ele. Com a primeira manjoca descascada, já estaria
a-nunciado o seu enforcamento em praça pública, pois estaria metendo o bedelho
aonde não deveria. Mas pensando bem, as pessoas podem ficar tranqüilas, não há
escritor que descasque as manjocas em suas letras, isto exige e muito, exige
uma coisa que é preciso ter mesmo, dom e talento, para fazê-lo com arte e
engenhosidade. Descascar pepinos nas letras é apenas uma sombrinha de ironia e
sarcasmo, é apenas esboçar um olhar de esguelha para as sementes dele que estão
bem escondidas, um risinho de soslaio, aliás muito fácil de fazê-lo, não dá
trabalho algum. Para eles embrenharem-se na descascação de manjocas, seria
mister largar mão de sombrinhas de ironia e sarcasmo, e partir direto para a
sátira, e isto é-lhes muito difícil de fazer, pois é preciso correr-lhes nas
veias o sangue de Apuleio, Machado de Assis, Erasmo de Roterdam, Voltaire, e
outros, conhecimento de filosofia, além disso agilidade e flexibilidade com as
palavras, saber jogar com os sentidos delas, até adulterando os oficiais. Não
têm esse dom. Aliás, em termos de letras estamos mesmo carentes de sátira na
literatura moderna. Portanto, ninguém há de se preocupar, soltar pulgas e
carrapatos de tanto medo de ver as suas manjocas sendo descascadas, de o
caráter e a personalidade aparecerem pepinados no meio de tantas manjocas. Os
homens de letras modernos não têm pedigrees para esta façanha. Felizmente que
não têm. Se tivessem, seria um Deus nos acuda em nossa modernidade, só se
veriam pelas ruas e avenidas, esquinas e pracinhas públicas, manjocas pepinadas
ou pepinos manjocados, dependendo da agilidade e flexibilidade da linguagem e
estilo destes homens. Esta época de manjocas pepinadas e pepinos manjocados
ficou para trás, não se há possibilidade de resgatá-los, recuperá-los, pode-se
apenas imaginá-los, lendo com percuciência e sabedoria, rindo a deus-dará, e
sonhando que apareça um homem de letras que tenha estes dons e talentos da
sátira deslavada.
Há-de se ressaltar e sublinhar que não estou sugerindo a ninguém
descascar as manjocas nas suas letras, é mesmo muito arriscado, é muito
perigoso, – já pensou alguém decidir descascar as manjocas dos políticos? Nem
posso imaginar as conseqüências! - pode-se acabar na cadeia, condenado por todo
o sempre à abstinência de manjoca, o que é sim um castigo bem merecido. O que
aconselho mesmo é deixar as manjocas alheias sem descascar, todos têm direito
inalienáveis de terem as suas manjocas dentro de si mesmos, o problema deles é
quando estiverem no Juízo Final, como convencer e persuadir São Pedro que suas
manjocas são da natureza humana, jamais haverá possibilidade de descascá-las
para um prato qualquer que não seja “manjocas pepinadas”. Continuem descascando
os pepinos, a missão de criticar já está sendo mui bién realizada, é suficiente
para que as pessoas pensem e meditem sobre as manjocas existentes lá dentro, e
cuidam de descascá-las por conta própria.
Até que se tivesse agilidade com as letras como tenho com a faca,
ousaria descascar alguma mandioca, mas com todo o esmero e acuidade, fazendo só
os leitores rirem, gargalharem, acharem graça de meu humor picante e ferino,
mas não deixaria qualquer nesguita de caráter e personalidade das pessoas, que
as pudessem identificar. Não tenho este talento com as letras. Vou continuar
descascando as manjocas para os clientes comerem até virarem os olhos e não
poderem nem mesmo levantar-se da mesa. Esta é a minha função de mestre e cuca.
Já me sinto mui realizado, estou satisfazendo os clientes em seus gostos
culinários. Antes ser livre descascando manjocas do que ver o sol nascer
quadrado e a boca salivando de tanta vontade de uma manjoquinha.
Manoel Ferreira Neto.
(28 de janeiro de 2016)
Comentários
Postar um comentário