/##OPÚSCULO DO SONETO DE VIVER##// - Manoel Ferreira
E se me ouvir con-versando no vento, precisa compreender temos de
aprender-lhe as sabedorias adquiridas no tempo, na sua jornada do espaço. São
sábias experiências para o entendimento dos horizontes longínquos onde habita o
que trans-cende sonhos e fantasias, a compreensão e compreensibilidade das
arribas ad-jacentes aos confins onde reside o que legitima volos e utopias do
belo estético.
Se me presenciar contestando dizerem as linhas das páginas de livros
aceitam tudo, mister saber não levam elas palavras, mas os mais abissais
desejos, mais abismáticas querências do belo e verdade, mais percucientes
desejâncias da plen-itude do verbo, eivar-se dele para se inspirar, quando o
efêmero se torna nada, o vir-a-ser se torna imperfeito do subjuntivo, e
prosseguir a viagem da vida que são sempre buscas no aqui-e-agora, amanhã, se
em verdade existe, serão meras sorrelfas de um instante-limite, de um ab-surdo
a-temporal.
E se me vir re-fletindo sobre o vento levar as coisas do presente e
pret-érito para bem distante do que pode ser visto, sentido, idealizado,
intuído, até um favor faz, pois as coisas no seu alforje não serviriam para
nada na vida, seriam estorvos para a continuidade dos idílios da perfeição e
absoluto, é que conforme o que penso e sinto, não é o vento que distancia tudo
isto de mim, sim eu próprio quem não tem cor-agem de con-sentir com as fugas
das vacuidades da con-tingência.
E se me vir rindo, sorrindo de orelha a orelha, quando ouço se ventar a
chuva é levada para outro lugar, sine qua non perceber e entender o projeto da
chuva era cair noutro solo, o vento estendeu suas mãos para isto realizar com
perfeição, ele é o verbo que esplende o tempo em suas dimensões, assim o desejo
da tranquilidade, serenidade que a chuva lenta, a leveza do espírito, a intimidade
do amor realizada com mais carinho, ternura, afeto, afeição, após o sono dos
anjos, é lançado a outro lugar, a outro sítio, a outros alhures, onde o real da
vida é o presente do imperfeito, a sorrelfa idílica da ec-sistência são os
in-fin-itivos do mais-que-perfeito. No outro lugar, para onde a chuva fora
levada, por haver ventado, o finíssimo dos pingos constantes por segundos e
minutos regou a vida de outras sensibilidades e espiritualidades da semântica
de estar-no-mundo, efêmero à busca da etern-idade do nada, perpetuidade do
vazio, peren-itude das ipseidades.
E se ad-mitir, permitir que a resposta ao questionamento, sempre
presente dentro dos alforjes e algibeiras, quando o verbo do ser e o ser do
verbo, em síntese, irão iluminar a alma para suprassumir o destino da mente
habitar em seus eidos, ser o vento estar levando para os longínquos uni-versos
distantes horizontes, e, lá, se alimentarão da fé do nada tecendo o vir-a-ser
do perpétuo re-vestido de silêncios e solidão, síntese que re-vela o sublime do
ser-no-mundo, sublime que eiva e seiva a luz da verdade à mercê da sede de
conhecimento, fome de saber, carência de idéias e pensamentos, manque-d´être do
espírito e sonho de divin-ização, falta de visão do além da vida à vida que
consuma os tempos, o tempo sempre letras e imperfeições para o Opúsculo do
Soneto de Viver.
Manoel Ferreira Neto
(11 de agosto de 2016)
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